Mercados

Ibovespa sobe quase 3% com exterior e zera perda na semana com apoio de blue chips

08 maio 2020, 17:16 - atualizado em 08 maio 2020, 18:19
Mercados - Ibovespa
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,75%, a 80.263,35 pontos – fechando acima dos 80 mil pontos pela primeira vez na semana (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O Ibovespa (IBOV) fechou em forte alta nesta sexta-feira, embalado pelo ambiente favorável a risco no exterior após dados norte-americanos e sinais de alívio nos atritos comerciais entre China e Estados Unidos. O movimento praticamente zerou as perdas da semana, quando pesaram questões políticas e fiscais no país.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,75%, a 80.263,35 pontos – fechando acima dos 80 mil pontos pela primeira vez na semana, que terminou com declínio acumulado de apenas 0,3%. O volume financeiro somou 22,86 bilhões de reais nesta sexta-feira.

Na visão do analista de investimentos José Falcão, da Easynvest, as bolsas refletiram a sensação de que o pior no mercado de trabalho nos Estados Unidos pode ter passado, apesar dos números ainda serem assustadores.

A economia norte-americana perdeu 20,5 milhões de postos de trabalho em abril, a queda mais acentuada no emprego desde a Grande Depressão, mas abaixo dos 22 milhões esperados no mercado.

Falcão também destacou declarações que abafaram receios de novos conflitos comerciais entre as duas maiores economias do mundo em um momento muito delicado no cenário Global.

Os principais representantes comerciais de EUA e China discutiram a Fase 1 do acordo comercial entre os países nesta sexta-feira. Pequim concorda em melhorar a atmosfera para sua implementação, enquanto Washington disse que os dois lados esperam que as obrigações sejam cumpridas.

“As aberturas graduais de regiões em vários países do mundo, é outro fator que cria boas expectativas e ganha impulso com a recuperação do preço do petróleo no mercado internacional e das empresas do setor”, acrescentou o analista da Easynvest.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,69%.

A bolsa paulista também refletiu a repercussão a novos balanços corporativos do primeiro trimestre, entre eles Natura (NTCO3) e Yduqs (YDUQ3), entre outras notícias de empresas, como anúncio da Via Varejo (VVAR3) de que avalia a possibilidade de uma oferta de ações.

Vale subiu 6,08%, favorecida ainda pela alta dos preços do minério de ferro na China (Imagem: Reuters/Denis Balibouse)

A equipe do BTG Pactual destacou que a parte política continua sendo uma das maiores preocupações, uma vez que impacta na programação de reformas, nos ajustes fiscais necessários e por último o programa de e privatizações, conforme nota enviada a clientes pela área de gestão do banco.

“Quanto à bolsa, … estamos em um processo de acumulação do Ibovespa entre 76.000 a 80.000 pontos. Continuamos realizando revisões em nossa grade de projeções, à medidas que são publicados os balanços trimestrais, porém os ajustes estão mais intensos e continuamos cortando as nossas estimativas de lucro para 2020 e 2021 em média 35% este ano.”

Destaques

Vale (VALE3) subiu 6,08%, favorecida ainda pela alta dos preços do minério de ferro na China. O diretor financeiro, Luciano Siani, também afirmou nesta sexta-feira que a companhia observa que a China já vive uma trajetória de recuperação econômica “muito vigorosa”. Ainda, em nota a clientes, o BTG Pactual reiterou recomendação de ‘compra’, destacando que os ADRs da mineradora estão descontados considerando perspectivas para o preço do minério de ferro e para a taxa de câmbio.

Bradesco (BBDC4) subiu 4,49% e Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 4,1%, em sessão de recuperação de bancos, que vêm sofrendo com as perspectivas econômicas sombrias em razão da pandemia de coronavírus. Banco do Brasil (BBAS3) valorizou-se 3,2% e Santander (SANB11) fechou com elevação de 4,58%.

Petrobras (PETR3PETR4) avançaram 5,96% e 6,83%, respectivamente, com alta dos preços do petróleo no exterior. Analistas do Bradesco BBI também elevaram a recomendação dos papéis para ‘outperform’, bem como o preço-alvo para 29 reais, de 18,50 reais anteriormente.

Yduqs (YDUQ3) subiu 0,97%. O grupo de educação reportou na quinta-feira queda de 30,3% no lucro líquido do primeiro trimestre, a 167,9 milhões de reais, afetado entre outros fatores por aumento despesas principalmente por medidas relacionados ao Covid-19. Nesta sexta-feira, executivos da empresa afirmaram esperar sinergias maiores que as previstas com a aquisição de Adtalem.

Via Varejo (VVAR3) caiu 9,14%, após afirmar nesta sexta-feira que está avaliando a possibilidade de lançamento de uma oferta subsequente primária de ações, mas que não há nesta data decisão quanto ao lançamento, bem como de seus eventuais termos. O setor como um todo recuava, com B2W (BTOW3) que divulgou balanço na véspera, em baixa de 2,99%.

Qualicorp (QUAL3) recuou 2,76%, após reportar queda no lucro do primeiro trimestre, em resultado pressionado por despesas extraordinárias, incluindo um pagamento de 42 milhões de reais ligada à rescisão de um executivo.

Natura (NTCO3) cedeu 2,06%, tendo no radar balanço do primeiro trimestre, com prejuízo líquido de 820,8 milhões de reais, mas também anúncio de que o conselho de administração aprovou aumento de capital de até 2 bilhões de reais a 32 reais por ação. A fabricante de cosméticos disse nesta sexta-feira ver alguma recuperação na Ásia e Europa com reabertura gradual, enquanto os negócios na América Latina ainda sofrem.

(Atualizado às 18h17)