Risco fiscal assombra e derruba Ibovespa para faixa de 110 mil pontos
Notícias do plano do governo para financiar seu programa de auxílio social confirmaram nesta terça-feira os temores de iminente rompimento do teto de gastos, avivando um pessimismo que derreteu as ações brasileiras.
Notícias do plano do governo para financiar seu programa de auxílio social confirmaram nesta terça-feira os temores de iminente rompimento do teto de gastos, avivando um pessimismo que derreteu as ações brasileiras.
Pressionado pelas perdas de 90 de 91 dos papéis da carteira teórica, o Ibovespa (IBOV) desabou 3,28%, a 110.672,76 pontos. O giro financeiro da sessão somou 36,7 bilhões de reais.
O gatilho para a derrocada do índice veio com informações de que o governo federal planeja ampliar o pacote de auxílio social e ao mesmo tempo abrir mão do plano de cobrar imposto de renda sobre dividendos. Ou seja: gastar mais e arrecadar menos.
“Isso piora drasticamente a expectativa quanto ao fiscal brasileiro e beira ao que nenhum investidor quer ver mais no Brasil: irresponsabilidade fiscal”, afirmou em nota o analista da Clear Corretora Rafael Ribeiro.
Foi a senha para uma piora generalizada das previsões para o Orçamento federal, o que deflagrou também uma escalada dos juros futuros e do dólar contra o real. Isso, mesmo num dia de ambiente externo positivo, com alta das bolsas de Nova York.
O Ibovespa ainda saiu das mínimas (chegou a baixar dos 110 mil pontos), após informações de que o governo adiou o anúncio do programa Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.
Destaques
Azul (AZUL) perdeu 10,36% e Gol (GOOL4) encolheu 7,4%, com a escalada conjunta do dólar e dos preços do petróleo piorando o cenário de custos para companhias aéreas já combalidas pelos efeitos da pandemia.
Mrv (MRVE3) teve queda de 7% após anunciar recuo na divisão principal de construção de prédios de apartamentos no Brasil no terceiro trimestre.
Em nota a clientes, o BTG Pactual (BPAC11) frisou os resultados fracos e o consumo de caixa, mas manteve recomendação de compra para as ações.
Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 4,9%, com os grandes bancos também acusando a perspectiva de piora fiscal, mesmo com a informação de que o governo pode desistir do Imposto de Renda sobre dividendos.
Bradesco (BBDC4) cedeu 3,1%, enquanto Itaú Unibanco (ITUB4) teve queda de 2,4%.
Petrobras (PETR4) foi desvalorizada em 4,9%. A companhia afirmou ter tido “demanda atípica” de pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro, muito acima dos meses anteriores e de sua capacidade de produção.
B3 (B3Sa3) perdeu 3,1%, após anunciar a compra de 100% da empresa de big data e inteligência artificial Neoway por 1,8 bilhão de reais, em dinheiro.
EDP Brasil (ENBR3) caiu 1,6% após anunciar a venda de 3 empreendimentos de transmissão de energia para a Actis por 1,32 bilhão de reais, além do plano de vender hidrelétricas até o fim do ano.
Americanas (AMER3) cedeu 0,1%, após anúncio da véspera de que pode antecipar seu plano de fusão com a Lojas Americanas, que recuou 1,6%.
Getnet (GETT11) disparou 17,9%, com o braço de pagamentos do Santander estendendo os fortes ganhos da véspera, quando fez sua estreia na bolsa paulista.
Cesp (CESP3), fora do índice, subiu 1,36%. Na segunda-feira à noite, Votorantim e CPP Investments anunciaram planos para consolidar seus ativos de energia no Brasil, com a criação de uma empresa que será controladora da Cesp.
Em nota a clientes, o Credit Suisse avaliou que a transação deve permitir que a empresa tenha melhor estrutura de alavancagem e se beneficie da atual alta demanda com fontes renováveis. “Porém, os termos propostos parecem não favorecer os acionistas minoritários.”