Medo global de inflação atropela rali e índice recua após pico em 4 semanas
O crescente receio de que a escalada das commodities contaminará índices de preços pelo mundo esfriou o apetite de investidores por ativos de risco, arrastando o principal índice da Bovespa para baixo.
Após ter esboçado novas máximas em um mês, de carona em ações de empresas de matérias-primas, o Ibovespa (IBOV) foi perdendo fôlego na sessão até fechar em baixa de 0,96%, aos 119.198,97 pontos.
O giro financeiro da sessão somou 37,4 bilhões de reais.
Para profissionais do mercado, o rali das bolsas nos últimos meses está sendo desafiado por um equilíbrio cada vez mais precário, uma vez que a alta persistente de preços de produtos como petróleo e metais forçosamente levará autoridades monetárias no Brasil e no exterior a subir juros antes do previsto.
Isso, num momento em que os indicadores dão sinais erráticos sobre o nível de recuperação econômica em relação à crise provocada pela pandemia, levou investidores a posições mais conservadoras.
Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,44%.
Com isso, mesmo ações de empresas de commodities, que turbinaram o índice na véspera e no começo dos negócios desta sessão, foram perdendo força.
“Há uma percepção crescente de que há muitas pontas soltas em relação ao cenário”, resumiu o analista técnico da Ativa Investimentos, Marcio Loréga.
Destaques
Petrobras (PETR4) caiu 1,08%, ilustrando a virada na sessão. Após ter chegado a subir 4,5%, na esteira do anúncio da empresa de alta de preços, o papel teve os negócios contaminados pela piora da percepção geral do mercado.
Vale (VALE3) subiu 1,09%, uma das poucas do Ibovespa que resistiram no azul até o fim da sessão.
Csn Mineração (CMIN3) estreou no pregão com avanço de 5,88%, apoiando sua dona CSN, com ganho de 1,12%.
Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 0,71%, sublinhando como a deterioração das expectativas para o cenário macroeconômico atingiu o setor bancário.
Notredame Intermedica (GNDI3) perdeu 3,34% e Hapvida (HAPV3) teve queda de 1,63%, com as empresas que negociam uma fusão caindo após o grupo hospitalar Mater Dei ter pedido registro para uma oferta inicial de ações (IPO).
Klabin (KLBN11) subiu 1,47% após a notícia de que o BNDES vendeu cerca de um quarto da sua posição na empresa, o que ajuda a ampliar a liquidez do papel.
Carrefour Brasil (CRFB3) subiu 2,33%, após a varejista ter divulgado resultado trimestral robusto e previsto desempenho também animador para 2021.