Ibovespa fecha em alta e retorna aos 120 mil pontos com blue chips
O Ibovespa (IBOV) recuperou o patamar dos 120 mil pontos nesta quarta-feira, que havia sido perdido há cerca de dois meses, em movimento apoiado no forte desempenho de ações blue chips, particularmente Vale (VALE3), a despeito de incertezas no cenário político.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 0,84%, a 120.294,68 pontos, buscando consolidar o sinal positivo em 2021, com acréscimo ao redor de 1% até o momento. Na máxima da sessão, chegou a 120.871,45 pontos.
O volume financeiro nesta quarta-feira somou 61,17 bilhões de reais, inflado pelos vencimentos de opções sobre o Ibovespa e do contrato futuro mais curto do índice.
Na visão da líder de alocação na BlueTrade, Marina Braga, o Ibovespa subir mesmo em um ambiente com fatores desfavoráveis significa que mercado está forte, o que pode estar relacionado a uma perspectiva de ciclo positivo de longo prazo.
Ou, acrescentou, reflete o prognóstico de que a bolsa é uma forma de proteção, dado que são investimentos em ativos reais, com os resultados e a geração de caixa das empresas talvez não tão relacionados ao cenário político.
Em Brasília, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram confirmar a liminar dada pelo ministro da corte Luís Roberto Barroso de obrigar o Senado a instalar a CPI da Covid para investigar as ações do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia de coronavírus.
De acordo com o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice, o pregão também foi influenciado por um aspecto técnico relacionado ao vencimento do contrato de abril Ibovespa nesta sessão. “As posições de índice futuro acabaram influenciando o dia”, observou.
Wall Street fechou sem um sinal único, em meio a ajustes no S&P 500 após recordes recentes, mas com resultados de bancos reforçando o cenário de recuperação da economia norte-americana.
A sessão em Nova York incluiu a forte e volátil estreia da Coinbase na Nasdaq. A ação fechou a 328,28 dólares, mas chegou a ser negociada a 429,54 dólares, de uma cotação de referência de 250 dólares definida na véspera.
DESTAQUES
– Vale (VALE3) encerrou com acréscimo de 3,3%, com o setor de mineração e siderurgia ainda beneficiado pelas perspectivas de reabertura pós-Covid e estímulos fiscais monetários e econômicos fortes no exterior para reavivar as economias. Usiminas (USIM5) subiu 4,21%, seguida por CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4), também beneficiadas pelo ambiente favorável para reajuste de preços do aço no país.
– Marfirg (MRFG3) avançou 5,54% e Minerva (BEEF3) subiu 3,86%, em meio a bom desempenho das exportações do setor, apesar de terem suspendido recentemente as operações em algumas fábricas para lidar com a alta do boi e demanda fraca no Brasil. O ajuste na oferta de carne, que afetou os frigoríficos pequenos e médios de maneira mais intensa, é visto por analistas como oportunidade de consolidação no setor. JBS (JBSS3) valorizou-se 2,97%.
– CVC Brasil (CVCB3) fechou em alta de 5,36%, estendendo a valorização desde o começo de março, em meio a apostas de recuperação conforme o processo de vacinação acelerar no Brasil. Mais cedo, o ministro da Saúde afirmou que o Brasil receberá mais doses da vacina da Pfizer contra Covid-19 entre abril e junho do que o previsto inicialmente.
– Embraer (EMBR3) subiu 2,41%, ampliando os ganhos no ano para 82,37% e renovando máximas desde março de 2020. De pano de fundo, estão expectativas de anúncio de novas parcerias de desenvolvimento de produtos sinalizado pelo presidente da fabricante de aviões em março, bem como percepção de melhora dos indicadores antecedentes dos jatos executivos.
– Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) subiram 1,28% e 1,18%, respectivamente, mas Banco do Brasil (BBAS3) avançou apenas 0,17% após a renúncia de dois vice-presidentes. E Banco Pan (BPAN4), que não está no Ibovespa, caiu 1,64%, em meio a potencial imbróglio na venda das ações pertencentes à Caixa Econômica Federal ao BTG Pactual. BTG Pactual (BPAC11) avançou 0,91%.
– Petrobras (PETR4) valorizou-se 1,59%, na esteira do salto do petróleo no exterior, que ofuscou o corte na recomendação das ações para ‘neutra’ pelo Goldman Sachs. A companhia também divulgou que uma decisão liminar sobre a migração da gestão operacional do plano de saúde da companhia, que poderia impedir deliberação sobre dividendos em assembleia, foi reconsiderada.
– Eneva (ENEV3) recuou 2,8%, mais uma vez entre os piores desempenhos do Ibovespa. Na véspera, quando a ação recuou 7,09%, houve leilão de venda dos papéis da companhia de energia, representativos de 1,34% do capital, por integrante do conselho de administração da empresa. De acordo com uma fonte do mercado, esse integrante foi o BTG Pactual.
– Cogna (CONG3) caiu 4,62% e YDUQS (YDUQ3) recuou 0,95%. Analistas do Bradesco BBI cortaram o preço-alvo de Cogna para 5,2 reais e reiteraram recomendação neutra, enquanto Yduqs teve o preço-alvo reduzido a 45 reais, mas a recomendação outperform mantida, com a equipe incorporando uma visão mais negativa para o ciclo de captação do primeiro semestre de 2021.
– Positivo (POSI3), que não está no Ibovespa, disparou 16,39%, entre as maiores altas da bolsa nesta sessão, renovando cotação recorde e ampliando a valorização desde a divulgação de resultado trimestral em meados de março para mais de 110%. Na semana passada, a empresa esclareceu após demanda de órgãos reguladores que não tinha conhecimento de qualquer informação relevante que não tenha sido divulgada ao mercado e que justificasse as oscilações das ações.
– Tupy (TUPY3) saltou 6,57%, acentuando a performance positiva em abril, de quase 20% até o momento. Nesta quarta-feira o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a aquisição dos negócios globais de fundição de ferro da Teksid pela Tupy, embora com restrições.