Ibovespa fecha em alta e acumula ganho na semana com guarida do Fed
O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta sexta-feira, assegurando desempenho positivo na semana, endossado por comentários do chair do Federal Reserve, que afastaram por ora os riscos de o banco central dos Estados Unidos começar a reduzir os estímulos à economia norte-americana mais cedo do que o previsto.
Ele sinalizou que o Fed permanecerá cauteloso em qualquer eventual decisão de elevar os juros à medida que tenta levar a economia de volta ao pleno emprego, dizendo que deseja evitar controlar uma inflação “transitória” e potencialmente desencorajar o crescimento do emprego no processo
Na visão do departamento de Economia do Bradesco, Powell reforçou a estratégia de início de normalização da política monetária dos EUA, com um tom moderado em relação à inflação (reconhecendo forças desinflacionárias) e ao mercado de trabalho, indicando que medidas não serão tomadas agora.
“Talvez mais importante do que a data do início do tapering será a velocidade com que o Fed reduz suas compras, que deverá ser gradual e dissociada ao ajuste dos juros”, acrescentou.
A performance do Ibovespa na semana também refletiu busca por barganhas, após o índice acumular até a última sexta-feira declínio de cerca de 3% em agosto, contaminado pela tensão político-institucional e percepção de aumento de riscos fiscais, bem como preocupações com a inflação e a crise hídrica no país.
Na visão do gestor de renda variável da Western Asset, Cesar Mikail, o mercado brasileiro ainda está bem descontado em relação ao resto do mundo, comportamento que ele atribui em boa parte aos ruídos políticos no país.
“Ainda há uma neblina que não pode ser ignorada no ambiente político e fiscal”, afirmou o líder da mesa de renda variável da Blue3, Antonio Pedrolin, avaliando, contudo, que há sinalizações mais recentes buscando amenizar algumas preocupações que têm afetado negativamente a bolsa paulista.
Após a semana anterior terminar com um tom bastante pesado, com incertezas políticas e dúvidas quanto à trajetória fiscal de médio e longo prazo do país, observou-se um batalhão de declarações minimizando esse risco fiscal, destacou o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice.
Isso, avaliou, somou-se a uma melhora no exterior, com diminuição das incertezas a partir das declarações do Powell, referendando uma melhora dos ativos brasileiros de modo geral.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 1,65%, a 120.677,60 pontos, acumulando alta de 2,22% na semana. Em agosto, ainda recua 0,92%, mas no ano sobe 1,4%.
O índice Small Caps subiu 1,72%, a 2.917,13 pontos, com alta de 2,9% na semana, mas queda de 1,53% no mês. Em 2021, sobe 3,36%.
O volume negociado no pregão nesta sessão somou 23,7 bilhões de reais.
Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:
Embraer (EMBR3) sobe 27,38%, fortalecida pelo primeiro lucro trimestral recorrente em mais de três anos divulgado em agosto e expectativa de seguir avançando em seus resultados e dobrar o faturamento no médio prazo. A fabricante de aviões também anunciou novos acordos envolvendo sua subsidiária Eve, de mobilidade aérea urbana.
CPFL ENERGIA (CPFE3) avança 14,49%, ainda embalada pelo salto de 143,6% no lucro do segundo trimestre, para 1,126 bilhão de reais, em meio à retomada no consumo de eletricidade, apesar do aumento recente das preocupações com a crise hídrica.
Suzano (SUZB3) valoriza-se 14,48%, encontrando respaldo em percepções de analistas de que o pior pode ter ficado para trás em termos de pressão no preço de celulose.
A rival Klabin (KLBN11) sobe 9,24%.
CSN (CSNA3) perde 17,66%, com o setor de mineração e siderurgia apresentando desempenho negativo em agosto, em meio a dúvidas sobre a sustentabilidade dos preços do minério de ferro e do aço, em meio a sinais de estabilização na recuperação econômica, principalmente na China.
Para alguns analistas, a queda representa uma oportunidade de compra.
Lojas Americanas (LAME4) cai 16,08%, ainda sofrendo com ajustes no valor do papel após a combinação de parte de ativos com a B2W, que resultou na Americanas.
Nos últimos pregões, pesaram a divulgação do balanço do segundo trimestre, bem como ruídos e anúncio de aquisição pela Americanas, previsão de sinergias com a fusão e programa de recompra de ações.
Ultrapar (UGPA3) perde 15,99%, trabalhando em mínimas desde maio de 2020, na esteira da recepção negativa ao resultado do segundo trimestre.
Nem o acordo para vender 100% de sua unidade de químicos especiais Oxiteno para o grupo tailandês Indorama por 1,3 bilhão de dólares foi suficiente para encorajar uma recuperação.
Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:
Índice financeiro: -1,81%
Índice de consumo: -1,42%
Índice de Energia Elétrica: +3,12%
Índice de materiais básicos: -2,16%
Índice do setor industrial: +1,49%
Índice imobiliário: -6,09%
Índice de utilidade pública: +3,17%