Ibovespa fecha em alta de 2,3% e flerta com 103 mil pontos
O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 2% nesta sexta-feira, renovando máxima desde o começo de março, acima dos 102 mil pontos, embalado por uma combinação de fatores, incluindo a taxa Selic em patamar extremamente baixo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com elevação de 2,32%, a 102.888,25 pontos, maior patamar de fechamento desde 4 de março. Na máxima do dia, chegou a 103.016,60 pontos.
Na semana, registrou ganho de 2,86%, ampliando a alta no mês para 8,2%. No ano, ainda recua 11%.
O volume financeiro somou 29,5 bilhões de reais neste pregão, também refletindo últimos ajustes de posições antes do vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista na segunda-feira.
Na próxima semana, também começa a temporada de resultados no Brasil, com WEG (WEGE3) abrindo o calendário das empresas listadas no Ibovespa no dia 22.
Para o gestor Werner Roger, da Trígono Capital, a alta nesta sessão reflete um pouco de “mais do mesmo”, uma combinação de fatores que partem de juros baixos e perspectivas de ainda mais fluxo para a bolsa, sem notícias ruins mais recentemente.
“Investidores institucionais não estão encontrando ativos de renda fixa para cobrir as metas atuariais e estão subalocados em bolsa. Ainda estão tímidos, mas poderão ser a ‘segunda onda’ após a migração de recursos de pessoas físicas”, avaliou.
“Os estrangeiros viriam em um terceira onda. Há muito fluxo ainda por vir”, acrescentou.
Dados da B3 (B3SA3) mostram que a parcela de investidor pessoa física nas negociações – compra e venda – no segmento Bovespa neste mês já alcança 26,7%, contra 23,6% dos institucionais. Os estrangeiros respondem por 44,3%, conforme os dados até o dia 15.
Estrategistas do Itaú BBA citaram em relatório que veem os fundos de pensão no país aumentando a exposição a ativos mais arriscados em busca de retornos mais elevados para cumprirem suas metas atuariais.
A equipe liderada por Marcos Assumpção chamou a atenção para 60 bilhões de reais de NTN-B (papéis do Tesouro Nacional atrelados à inflação medida pelo IPCA) para vencer, com parte desses recursos podendo ser canalizado para a bolsa.
No mesmo relatório, eles rolaram para 2021 preço-alvo do Ibovespa a 118 mil pontos, citando além do efeito juros e de migração de recursos, potencial revisão positiva nas previsões de lucros de alguns setores com peso relevante no índice.
Em Wall Street, o último pregão da semana teve menos fôlego, com a safra de balanços repercutindo nos negócios, enquanto investidores continuaram avaliando perspectivas de mais estímulos fiscais contra temores de outras interrupções nos negócios em razão de um aumento recorde nos casos da Covid-19.
Destaques
– Eletrobras (ELET3) e Eletrobras (ELET6) avançaram 14,35% e 11,84%, respectivamente, em meio a expectativas sobre a privatização da estatal, apesar de sinais recentes de que se trata de uma matéria de difícil aprovação no Congresso.
– Cielo (CIEL3) subiu 9,13%, embora analistas do Safra esperem que o resultado da companhia no segundo trimestre reflita efeito significativo do menor volume de transações por causa das medidas de distanciamento social contra a pandemia do Covid-19.
– Mafrig (MRFG3) valorizou-se 8,71%, entre as maiores altas, em meio a expectativas positivas para o resultado do segundo trimestre. No setor, Minerva (BEEF3) avançou 4,18% e JBS (JBSS3) fechou com elevação 4,06%.
– Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) ganharam 0,49% e 0,89%, respectivamente, favorecidos pelo clima mais favorável, após perdas na véspera.
– Petrobras (PETR4) encerrou com variação positiva de 0,09%, enfraquecida pelo declínio dos preços do petróleo no mercado internacional. Petrobras (PETR3) terminou com acréscimo marginal de 0,08%.
– Vale (VALE3) avançou 1,53%. A companhia, que divulga na segunda-feira relatório de produção do segundo trimestre, também disse que está suspensa exigência de garantias de 7,9 bilhões de reais por Brumadinho.
– CVC Brasil (CVCB3) recuou 1,8%, entre as poucas quedas do Ibovespa na sessão, com Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) também mostrando fraqueza, dado o cenário ainda nebuloso sobre o retorno de viagens e turismo após a pandemia.