Ibovespa fecha com maior alta desde janeiro endossado por exterior e sinalização fiscal
O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta terça-feira, puxado pelo desempenho positivo de mercados no exterior, particularmente de commodities como o minério de ferro, além de declarações buscando amenizar preocupações com o cenário fiscal no país.
Índice de referência da bolsa brasileiro, o Ibovespa subiu 2,33%, a 120.210,75 pontos, acelerando a alta após o ajuste e marcando o maior avanço diário desde o fim de janeiro.
O giro financeiro no pregão somou 29,75 bilhões de reais.
Na visão do diretor de investimentos da Kilima Asset, Eduardo Levy, o cenário global mais confiante, principalmente nos mercados desenvolvidos, deu suporte ao avanço do Ibovespa, além do clima mais calmo no mercado brasileiro.
“Foi um dia de relativa calma, principalmente depois dos dias mais voláteis pelos quais a gente passou e o estresse causado no dólar e na curva de juros”, observou.
“Não houve e não haverá o mínimo sinal de que teremos um rompimento da responsabilidade fiscal”, afirmou em evento online organizado pela XP Investimentos.
De acordo com o gestor da Galapagos Capital Ubirajara Silva, o mercado tem sofrido com o conflito entre os Poderes e a preocupação com a situação fiscal, e a fala de Lira reafirmando compromisso com o teto de gasto foi muito bem recebida.
“Isso fez com que o mercado de animasse”, avaliou, destacando também o alívio na curva futura de juros e a forte queda do dólar em relação ao real, o que também ajudou a bolsa, com efeito positivo em setores ligados ao mercado interno.
Silva chamou a atenção para o comportamento de estrangeiros na bolsa paulista, com o saldo no segmento Bovespa positivo em 7,548 bilhões de reais em agosto até o dia 20, apesar de o Ibovespa acumular até a véspera queda de 3,55% no mês.
“Mesmo com a realização no mercado neste mês de agosto, o investidor estrangeiro está comprando”, afirmou, destacando que é importante acompanhar esse fluxo, bem como as notícias referentes ao teto de gastos e ao cenário fiscal de país.
Destaques
Vale (VALE3) subiu 3,65%, apoiada na recuperação dos preços do minério de ferro na China, com o contrato da commodity mais negociado em Dalian saltando mais de 6%.
No setor, Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) também avançaram com força.
Petrobras (PETR4) fechou com elevação de 2,07%, ampliando os ganhos da véspera, em outro dia de alta dos preços do petróleo no mercado, com o Brent subindo 3,35%, ante perspectivas mais positivas para a demanda da commodity.
Cyrela (CYRE3) disparou 12,33%, em meio ao alívio nos juros futuros, tendo de pano de fundo ainda relatório do Bradesco BBI assumindo a cobertura da empresa com recomendação ‘outperform’ para as ações e preço-alvo de 28 reais um upside de mais de 50% em relação ao fechamento da segunda-feira.
Gol (GOLL4) saltou 10,97%, em sessão positiva para ações do setor de viagens, após notícia sobre aprovação pela FDA de uma vacina nos EUA, com Azul (AZUL4) subindo 7,3%.
No mesmo contexto, CVC Brasil (CVCB3) fechou com elevação de 6,38% e Embraer (EMBR3) valorizou-se 8,13%.
Lojas Americanas (LAME4) avançou 11,81%, com o clima mais comprador apoiando alguma recuperação, embora ainda acumule perda de cerca de 17% agosto, na esteira de ajustes relacionados a fusão de determinados ativos da companhia com a antiga B2W, agora chamada Americanas.
Americanas (AMER3) subiu 9,69%.
Cosan (CSAN3) valorizou-se 1,63%, após anunciar na véspera nova estratégia de investimentos, incluindo a entrada em mineração.
A companhia disse que a joint venture nessa área deve começar a produzir no Pará em 2025, com capacidade inicial de 10 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano.
JBS (JBSS3) caiu 3,26%, entre as poucas quedas do Ibovespa, em meio a movimentos de embolso de lucros, que puseram fim a uma sequência de quatro alta seguidas, no qual acumulou alta de mais de 9%.
No setor, Minerva (BEEF3) caiu 0,35%.