Ibovespa fecha em alta de 9,7% respaldada por melhora no exterior
A terça-feira foi de recuperação técnica na bolsa paulista, com o Ibovespa (IBOV) fechando em alta de quase 10%, apoiado na melhora dos mercados externos, mas o cenário permanece volátil uma vez que continuam as dúvidas sobre o tamanho do dano causado às economias pelo Covid-19, mesmo após uma série de medidas tomadas no Brasil e no exterior.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 9,69%, a 69.729,30 pontos, chegando a 71.535,44 pontos na máxima do dia. No ano, porém, ainda acumula queda de 39,7%. Em relação à máxima histórica de fechamento em janeiro (119.527,63 pontos), o declínio ainda supera 40%. O volume financeiro do pregão somou 25,56 bilhões de reais.
Na visão de profissionais do mercado financeiro no Brasil, a trégua encontrou respaldo em números que sugerem uma certa estabilização dos casos do novo coronavírus na Itália, além de sinalização do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de alívio do ‘lockdown’ naquele país nas próximas semanas.
“No momento, a evolução da epidemia continua sendo o principal foco de atenção dos agentes”, destacou o gestor Alfredo Menezes, da Armor Capital.
Sinais de redução de estresse nos mercados interbancário e de crédito após a bateria de decisões de banco centrais também ajudavam, sugerindo que as medidas começaram a gerar impacto. Além disso, há expecativa de votação pelo Congresso dos EUA de pacote de estímulo econômico de 2 trilhões de dólares.
O gestor David Cohen, da Paineira Investimentos, ressaltou, contudo, que a volatilidade deve permanecer muito elevada nos mercados, com o Brasil acompanhando o cenário externo.
“Dentro dessa volatilidade global que estamos tendo, é mais difícil encontrar grandes diferenciações entre os ativos… O mundo deve andar junto por algum tempo”, acrescentou.
No exterior, o Dow Jones registrou o maior ganho percentual em um dia desde 1933. O índice subiu 11,37%, para 20.704,91 pontos. O S&P 500 avançou 9,38%, para 2.447,33 pontos e o Nasdaq Composite ganhou 8,12%, para 7.417,86 pontos. Os preços do petróleo terminaram no azul no mercado internacional, mas longe das máximas.
Destaques
– Banco do Brasil (BBAS3) disparou 17,13%, melhor resultado entre os grandes bancos de varejo no Ibovespa, após declínio forte na véspera, com Itaú Unibanco (ITUB4) subindo 9,65%, Bradesco (BBDC4) avançando 15,05% e Santander (SANB11) fechando em alta de 13,41%. BTG Pactual (BPAC11), por sua vez, saltou 24,82%.
– Petrobras (PETR4) e Petrobras (PETR3) subiram 15,22% e 15,92%, respectivamente, apesar da variação tímida dos preços do petróleo no mercado internacional. A Petrobras reduzirá em 15% o preço médio da gasolina em suas refinarias a partir de quarta-feira e manterá o valor do diesel, informou a companhia à Reuters após ser consultada.
– Magazine Luiza (MGLU3) avançou 21,42% e B2W (BTOW3) fechou em alta 20,86%, na esteira da recuperação generalizada, ajudada ainda pela perspectiva de migração de consumo para o comércio online com o fechamento de lojas físicas após medidas de restrição de circulação de pessoas. VIA VAREJO subiu 13,61%.
– Multiplan (MULT3) ganhou 17,30%, com o setor se shopping também se recuperando de perdas severas recentes geradas por anúncios de fechamentos de empreendimentos em razão do novo coronavírus. Brmalls (BRML3) fechou com elevação de 13,16% e Iguatemi (IGTA3) saltou 16,84%.
– Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) valorizaram-se 13,24% e 16,88%, respectivamente, após novas medidas em resposta aos efeitos da pandemia, incluindo redução drástica na oferta de voos pelas duas companhias.
– Vale (VALE3) subiu 10,38%, acompanhando a reação nos mercados como um todo. Os futuros do minério de ferro na China fecharam praticamente estáveis nesta terça-feira, com o mercado dividido entre preocupações com demanda e crescentes chances de uma redução na oferta da matéria-prima.
– RaiaDrogasil (RADL3) caiu 5,81%, entre os destaques negativos, após três sessões consecutivas de valorização, período em que acumulou alta de quase 14%.
(Atualizada às 18h32)