Mercados

Apoiado em blue chips, Ibovespa resiste à pressão de China e quedas em Wall Street

27 set 2021, 17:14 - atualizado em 27 set 2021, 18:12
Ibovespa
O giro financeiro de negócios somou 30,66 bilhões de reais (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O principal índice de ações brasileiras fechou em leve alta segunda-feira, apoiado em ações de maior liquidez em meio à alta das commodities e baixa moderada em Wall Street.

O Ibovespa (IBOV) ainda chegou a esboçar um rali de última hora, que logo perdeu força antes de fechar em alta de 0,27%, a 113.583,01 pontos, refletindo ganhos sobretudo de ações de maior peso na carteira, como de bancos, Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3). O giro financeiro de negócios somou 30,66 bilhões de reais.

Declarações do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro, de que o governo federal não vai interferir na política de preços da companhia, aliviou temores de uma solução heteroxa estivesse a caminho para tentar conter a inflação no país.

O desempenho positivo de ações mais líquidas foi o bastante para conter a influência negativa do exterior, com os principais índices de Wall Street no vermelho, assim como a queda das moedas de emergentes, inclusive o real, frente ao dólar.

Mas segundo profissionais do mercado, o apetite do mercado por ativos de maior risco segue baixo, ainda que o Ibovespa siga perto dos menores níveis do ano.

No caso do Brasil, o temor de crises hídrica e energética, além de inflação persistentemente alta e incertezas fiscais agravam fatores que já vêm pesando nos mercados globais, como as dúvidas sobre crescimento na China e risco de aperto na política monetária norte-americana.

Essa combinação torna os níveis atuais do Ibovespa, que embora acumule perda de cerca de 5% em 2021, pouco atrativos, afirmou o estrategista-chefe do Itaú BBA, Marcelo Sá.

No curto prazo as atenções estão sobre indicadores da China, às voltas com riscos de crise imobiliária e de energia, ao mesmo em que se esperam a votação do orçamento do governo dos EUA e novos discursos de autoridades econômicas nesta semana, que podem dar pistas sobre o início de um ciclo de aperto monetário.

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Destaques

Petrobras (PETR4)  subiu 0,89%, montada na alta das cotações do barril do petróleo para as máximas em três anos. Além disso, seu presidente, Joaquim Luna, desfez temores de ingerência do governo na política de preços da companhia.

Petrorio (PRIO3) avançou 5,09%.

Santander Brasil (SANB11) teve elevação de 3,8%, em sessão positiva do setor bancário, após o Banco Central revelar que o estoque de crédito no Brasil subiu em agosto sobre julho e que a taxa média de juros subiu, mas a inadimplência ficou estável.

Bradesco (BBDC4) cresceu 3% e Itaú Unibanco (ITUB4) foi elevado em 2,6%.

Brf (BRFS3) teve ganho de 7%, estendendo ganhos da sexta-feira, após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ter aprovado sem restrições a compra de ações da empresa pela rival Marfrig (MRFG3), que também cresceu 7,15%.

Usiminas (USIM5) recuou 2,1%. A siderúrgica anunciou nesta manhã que vai paralisar as operações de seu alto forno 2 da usina de Ipatinga (MG) por até 150 dias devido a um incidente em 24 de setembro.

Vale (VALE3) foi apreciada em 1,43%, refletindo a continuada recuperação dos preços do minério de ferro.

Meliuz (CASH3) foi a líder de perdas, caindo 5,2%, ilustrando a pressão contínua sobre ações de empresas ligadas a consumo, diante da expectativa de um ciclo mais longo de alta do juro para conter a inflação no país.

Via (VIIA3) perdeu 4,7%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) caiu 4%.

A perspectiva de que os juros mais altos também esfrie o efervescente mercado imobiliário também atingiu Cyrela (CYRE3) e Mrv (MRVE3) ambas encolhendo 1,3%.

Ações de empresas de tecnologia também declinaram em linha com o movimento observado na Nasdaq.

Locaweb (LSAW3) cedeu 3% e Totvs (TOTS3) teve retração de 3%.

Fora do Ibovespa, Infracommerce (IFCM3) disparou 8,7%, após a companhia de comércio eletrônico anunciar a compra da Synapcom por cerca de 773 milhões de reais em dinheiro, quatro meses após um oferta inicial de ações (IPO).