Mercados

Ibovespa tem nova perda semanal, após Fed antecipar projeção de alta nos juros

18 jun 2021, 17:14 - atualizado em 18 jun 2021, 17:59
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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,17%, a 128.274,17 pontos (Imagem: Reprodução)

O Ibovespa (IBOV) acumulou sua segunda semana consecutiva de perda nesta sexta-feira, ainda em meio a movimentos de ajustes após renovar máximas mais cedo no mês, com sinalizações recentes de política monetária pelo Federal Reserve.

Na última quarta-feira, o comunicado da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do banco central dos Estados Unidos mostrou que a maioria dos membros do colegiado passou a projetar dois possíveis aumentos dos juros em 2023. Antes, as estimativas eram de alta apenas em 2024.

Ao mesmo tempo, o chair do Fed, Jerome Powell, afirmou que os formuladores de política do banco começaram “a falar sobre” reduzir os atuais 120 bilhões de dólares em compras mensais de ativos.

“Isso causou um pouco mais de insegurança no mercado”, afirmou o diretor de Investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, chamando atenção para o efeito de baixa nas taxas curtas dos rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA, bem como nos preços de commodities.

Campos ressaltou, contudo, que a correção experimentada na é natural e pequena, destacando que o Ibovespa ainda está positivo no mês e no ano.

Para o economista-chefe de América Latina da Oxford Economics, Marcos Casarin, essa mudança em direção a um Fed menos ‘dovish’ pode ser o incentivo para muitos BCs latino-americanos também mudarem de tom.

No caso do Brasil, horas após o comunicado do Fomc, o Banco Central elevou a Selic em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano e sinalizou sequência ao aperto com uma nova alta de pelo menos a mesma magnitude em sua próxima reunião, no começo de agosto.

Mas o analista da Aware Investments, Aldo Filho, ressaltou que para os próximos dois anos espera-se tanto uma política monetária quanto fiscal expansionista nos EUA. “E o Brasil deve se beneficiar do fluxo monetário vindo dos EUA”, acrescentou.

Na pauta doméstica, também repercutiu a aprovação no Senado da medida provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras. O texto, que sofreu alterações, deve ser apreciado pela Câmara dos Deputados na próxima semana.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,27%, a 128.405,35 pontos, mas acumulou perda de 0,8% na semana. No mês, ainda sobe 1,73%. No ano, avança 7,89%.

O índice Small Caps teve alta de 0,41% na sessão, a 3.184,43 pontos, e de 0,8% na semana, enquanto sobe 2,57% no mês e 12,83% em 2021.

O volume negociado nesta sessão somou 44,3 bilhões de reais.

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Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

B2W (BTOW3) avança 17,99%, ampliando a recuperação após queda de mais de 11% em maio, em meio a números melhores sobre a economia e expectativas ligadas à fusão com a Lojas Americanas, aprovada por acionistas no último dia 10.

No setor, Via Varejo (VVAR3) sobe 16,87%.

Embraer (EMBR3)sobe 15,74%, mesmo após alguma correção nos últimos três pregões, apoiada principalmente no anúncio da semana passada de que sua empresa de transporte aéreo urbano Eve iniciou discussões para eventual combinação de negócios com empresa de propósito específico nos EUA.

Em 2021, os papéis acumulam elevação de 125,99%.

BRF (BRFS3) valoriza-se 12,38%, após a Marfrig suprender e se tornar o maior acionista individual da empresa, com especulações sobre eventual disputa pelo controle da dona das marcas Sadia e Perdigão.

Nesta sexta-feira, BRF anunciou acordo para comprar o grupo Hercosul, para avançar em ração para pets.

Gerdau (GGBR4) perde 11,66%, numa correção no setor de mineração e siderurgia, na esteira de queda nos preços do minério de ferro e do aço na China, além de receios sobre a sustentabilidade dos preços do aço no Brasil. Usiminas (USIM5) cai 8,86%, CSN (CSNA3) recua 7,84% e Vale (VALE3) perde 4,96%.

RD (RDOR3) cai 9,58%, também sofrendo ajuste negativo e interrompendo a série de três meses de alta até maio, quando acumulou valorização de quase 24%.

Cielo (CIEL3) mostra declínio de 6,65%, devolvendo parte da alta de maio, quando subiu mais de 20%, em parte com o movimento de realização de lucros, mas também tendo de pano de fundo a competição mais acirrada em meios de pagamentos do país.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: +4,02%

– Índice de consumo: +2,13%

– Índice de Energia Elétrica: +0,46%

– Índice de materiais básicos: -5,63%

– Índice do setor industrial: +0,85%

– Índice imobiliário: +2,50%

– Índice de utilidade pública: +0,54%