Mercados

Ibovespa fecha em alta com reforço de Vale, mas fiscal e política preocupam

29 mar 2021, 17:08 - atualizado em 29 mar 2021, 18:00
Vale
O volume financeiro do dia somou 25,7 bilhões de reais (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta segunda-feira, outra vez apoiada no desempenho da Vale (VALE3), mas o volume ficou abaixo da média do mês, refletindo cautela com fragilidades fiscais e turbulências políticas no país, além do quadro grave da pandemia.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,56%, a 115.418,72 pontos, perto da máxima da sessão, de 115.552,84 pontos. No pior momento, em pregão com sobe e desce, bateu 114.095,70 pontos.

O volume financeiro do dia somou 25,7 bilhões de reais, ante média diária em março de 36,7 bilhões de reais.

Estrategistas têm citado que a bolsa brasileira carece de catalisadores domésticos, com a atividade econômica sem ganhar tração em decorrência da pandemia, enquanto fatores fiscais e políticos têm aditado volatilidade ao câmbio e à curva de juros.

Com investidores cada vez mais céticos quanto a uma melhora da situação fiscal, a lei orçamentária trouxe nova leva de problemas para o governo, evidenciando as dificuldades do Executivo e do Legislativo em meio à crise.

Em paralelo, a semana começou com notícias sobre a saída de dois ministros de Jair Bolsonaro – Ernesto Araújo, de Relações Exteriores, e Fernando Azevedo e Silva, de Defesa – o que, na visão da analista Paula Zogbi, da Rico Investimentos, aumenta o clima de incerteza política.

Wall Street pouco ajudou, em meio ao desconforto com Nomura e Credit Suisse alertando para potenciais perdas bilionárias após um hedge fund dos Estados Unidos – que fontes afirmam ser o Archegos Capital – não cumprir chamadas de margem. O S&P 500 cedeu 0,09%.

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Destaques

Vale (VALE3) teve alta de 2,56%, na esteira do avanço dos futuros do aço e do minério de ferro na China, beneficiados por margens de lucro atrativas na indústria e demanda crescente nos setores de construção e manufaturados.

Bradespar (BRAP4) subiu 4,45%.

Taesa (TAEE11) avançou 6,37%, tendo no radar que a estatal mineira Cemig trabalhará para concluir ainda em 2021 uma operação para vender sua participação na transmissora de energia elétrica, da qual é um das controladoras.

Cemig (CMIG4) subiu 2,98%.

Minerva (BEEF3) valorizou-se 6,51%, buscando reduzir o diferencial em relação a suas pares no Ibovespa, que acumulam ganhos mais robustos em março, como Marfrig (MRFG3), que contabiliza alta de mais de 26% no acumulado do mês, contra elevação de menos de 8% de Minerva.

Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 0,04 %, mas Bradesco (BBDC4) subiu 0,41%.

A sessão teve dados mostrando aumento do estoque de crédito no país em fevereiro mas, segundo o Goldman Sachs, a qualidade começa a se deteriorar.

Santander Brasil (SANB11) perdeu 2,93%.

Petrobras (PETR4) subiu 1,58%, uma vez que os preços do petróleo no exterior reverteram, com o Brent fechando em alta de 0,63%, a 64,98 dólares o barril.

A companhia informou que demitiu o gerente executivo de Recursos Humanos, Claudio Costa, sem justa causa.

Eztec (EZCT3) recuou 3,04% e Cyrella (CYRE3) caiu 2,58%, com o índice do setor imobiliário caindo 1,54%, pior desempenho setorial na bolsa, uma vez que a curva de juros voltou a mostrar aumento da inclinação positiva, dadas as fragilidades fiscais e políticas no país.

OI (OIBR3), que não está no Ibovespa, saltou 5%, após lucro de 1,8 bilhão de reais no quarto trimestre, ante prejuízo de 2,28 bilhões um ano antes, resultado beneficiado por crédito fiscal, enquanto a receita caiu.