Mercados

Ibovespa fecha em alta com exterior; fiscal ainda preocupa

28 ago 2020, 17:14 - atualizado em 28 ago 2020, 18:31
Ibovespa
Índice de referência no mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,35%, a 101.977,09 pontos (Imagem: REUTERS/Rahel Patrasso)

A bolsa paulista acumulou uma alta discreta na semana, assegurada pelo avanço de 1,5% nesta sexta-feira, em meio ao ambiente favorável a risco no exterior após o Federal Reserve mudar sua abordagem para a política monetária e sinalizar juros próximo de zero nos Estados Unidos por um período prolongado.

Em Wall Street, o S&P 500 (SPX) renovou máximas seguidas nesta semana, em movimento endossado pela a nova estratégia do banco central dos Estados Unidos para alcançar preços estáveis e máximo emprego, na qual ele buscará alcançar inflação de 2% em média ao longo do tempo.

No cenário brasileiro, porém, o aumento do risco fiscal continuou pesando, com o desacordo entre a equipe econômica e o presidente Jair Bolsonaro sobre valores para o projeto Renda Brasil preocupando investidores e provocando novas especulações sobre suposta saída de Paulo Guedes da Economia.

A agência de rating Moody’s também chamou atenção ao tema nesta semana, ressaltando que incertezas ligadas ao teto de gastos podem impactar o sentimento do mercado e a confiança do investidor, minando a recuperação econômica.

Apesar disso, o calendário de ofertas de ações, IPOs e follow-ons, continuou aquecido, conforme continua crescendo o número de pessoas físicas migrando para o mercado acionário em busca de melhores retornos para seus investimentos em razão da Selic a 2% ao ano.

Pesquisa da Reuters divulgada na quarta-feira apontou, segundo a mediana das projeções compiladas, que o Ibovespa (IBOV) deve chegar a 110 mil pontos no final do ano, um pequeno revés em relação a 2019, mas recuperação de cerca de 60% em relação às mínimas do ano, em março.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 1,51%, a 102.142,93 pontos, com aumento de 0,6% na semana e queda de 0,75% no mês. No ano, o declínio ainda alcança 11,7%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps avançou 1,14%, a 2.471,63 pontos, com acréscimo de 0,3% na semana e de 0,2% no mês, mas baixa de 13% no acumulado de 2020.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 23 bilhões de reais.

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Construtora mineira BRZ pede registro para IPO

Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

Klabin (KLBN11) acumula alta de 26,7% em agosto, ainda embalada pelo lucro operacional medido pelo Ebitda ajustado de 1,3 bilhão de reais entre abril e junho, melhor desempenho trimestral da história da fabricante de papel e celulose, bem como pela valorização do dólar em relação ao real, de 3,78% neste mês.

No setor, Suzano (SUZB3) sobe 21,4%, também com números fortes no segundo trimestre.

Cia Hering (HGTX3)  valoriza-se 25,34%, em mês marcado pela divulgação de salto no lucro líquido do segundo trimestre frente o mesmo período do ano passado, ajudado por resultado financeiro, enquanto o desempenho operacional da rede de varejo de moda foi impactado pelas medidas de isolamento social contra a epidemia de Covid-19.

A companhia também anunciou programa de recompra de ações.

Cogna (COGN3)  perde 27,4% no mês, ainda sofrendo com ajustes após forte valorização em julho e estreia fraca da sua subsidiária Vasta na Nasdaq, além de prejuízo no segundo trimestre, quando foi fortemente afetada pela queda de receita e aumento da inadimplência com a pandemia do coronavírus.

No setor, Yduqs (YDUQ3) recua 18,6%, com a pandemia também pesando no resultado do segundo trimestre, que mostrou prejuízo com maiores provisões e concessão de maiores descontos a alunos.

Sabesp (SBSP3)  contabiliza declínio de 17,5%, acentuado após declarações do governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB) sobre capitalização da companhia paulista de água e saneamento, que trouxeram dúvidas sobre uma esperada privatização da empresa.

A Sabesp, por sua vez, disse que não há decisão tomada sobre o modelo de reorganização societária da companhia de saneamento básico paulista.

Destaques do Small Caps no Acumulado do Mês:

LINX (LINX3) sobe 34,7%, em meio a uma potencial disputa pela produtora de software para o varejo, com STONECo anunciando acordo vinculante com a empresa, mas que foi seguido por proposta da TOTVS.

O acordo com a StoneCo prevê multa de 605 milhões de reais se a Linx realizar uma operação concorrente envolvendo uma oferta melhor de terceiro.

JHSF (JHSF3) recua 17,7% em agosto, também corrigindo boa parte da valorização em registrada no mês anterior, mesmo com anúncio de programa de recompra.

Nesta semana, a companhia comunicou que está trabalhando na implementação de um plano eficaz de ação para aprimorar seus controles internos e políticas corporativas para sanar as eventuais deficiências nas aprovações de transações com partes relacionadas.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 (B3SA3) no acumulado do mês:

Índice financeiro: -4,65%

Índice de consumo: +0,39%

Índice de Energia Elétrica: -4,32%

Índice de materiais básicos: +12,27%

Índice do setor industrial: +4,22%

Índice imobiliário: -5,15%

Índice de utilidade pública: -5,43%