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Ibovespa avança na semana com trégua fiscal, mas agravamento da pandemia preocupa

05 mar 2021, 18:06 - atualizado em 05 mar 2021, 19:05
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O volume financeiro da sessão somava 42,1 bilhões de reais (Imagem: B3/Youtube)

O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de mais de 2% nesta sexta-feira, confirmando a primeira semana positiva em um mês, após o texto da PEC Emergencial aprovado pelo Senado descartar os piores cenários do ponto de vista fiscal.

Apesar de não oferecer soluções de curto de prazo para compensar gastos com a pandemia, a PEC corrobora alguma previsibilidade às contas públicas ao fixar um teto para as despesas com o auxílio emergencial.

Investidores destacaram principalmente o fato de a PEC manter o Bolsa Família dentro do teto de gastos, bem como gatilhos fiscais.

Para o economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, a PEC tem seus defeitos, mas é positiva porque não rompe o tetos de gastos nem desvincula despesas pesadas, de forma a dar um ‘passe livre’ de gastos do governo em alguns setores.

Isso, na visão de presidente da BGC Liquidez, Erminio Lucci, respaldou uma correção após a queda recente na bolsa paulista. No primeiro bimestre, O Ibovespa acumulou queda de 7,55%.

Lucci ponderou, entretando, que os últimos desdobramentos no plano fiscal não significam necessariamente um cenário positivo no horizonte, uma vez que a economia segue debilitada pelos efeitos do agravamento da pandemia de Covid-19.

“O mercado vai começar a rever para baixo (as previsões para) o PIB em 2021 e 2022 diante da dificuldade e da baixa velocidade de vacinação, que está comprometendo Estados, forçando (medidas de) lockdown em alguns”, afirmou.

O Estado de São Paulo, o mais rico do país, retoma a partir de sábado quarentena mais restritiva, em que apenas atividades consideradas essenciais podem operar, um momento de recordes de casos e mortes causadas pela doença.

Enquanto isso, a temporada de resultados continuou no radar. Na quarta-feira, o BofA Global Research destacou que mais de 50% das empresas do Ibovespa já haviam divulgado balanço e que quase 60% desses superaram as estimativas.

Os estrategistas do BofA ressaltaram que os guidances têm sido o mais relevante nesta safra, e que ate o momento as companhias tem adotado um tom positivo. Novos lockdowns e juros mais altos, porém, devem impactar lucros à frente, alertaram.

O último pregão da semana ainda recebeu um fôlego extra de Wall Street, com a melhora de ações de tecnologia e após dados do ‘payroll’ endossarem apostas de recuperação econômica conduzida por estímulos fiscais e vacinação contra a Covid-19.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 2,23%, a 115.202,23 pontos, acumulando elevação de 4,7% na semana/mês. No ano, a queda agora é de 3,21%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps avançou 2,17%, a 2.735,00 pontos, com alta de 2,23% na semana/mês, reduzindo o declínio em 2021 para 3,1%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 46,4 bilhões de reais.

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Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

Petrorio (PRIO3) sobe 19,67%, embalada por desempenho trimestral que mostrou alta de 54% no resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado de outubro a dezembro, além de planos para começar perfuração no campo de Frade, na Bacia de Campos, no quarto trimestre.

A petrolífera ainda assinou contrato com a francesa Total para comprar fatia de 28,6% no bloco BM-C-30, que abriga o campo de Wahoo, na Bacia de Campos.

Rumo (RAIL3) ganha 12,21%, diante de perspectivas do braço de logística do grupo Cosan sugerindo alta nos volumes transportados, bem como melhora no resultado operacional no longo prazo, com as projeções para os investimentos de 2021 a 2025 ficando entre 16,5 bilhões e 18,5 bilhões de reais.

Cosan (CSAN3) ganha 12,69% no período.

CSN (CSNA3)  mostra acréscimo de 12,56%, conforme o cenário de preços e demanda para o setor siderúrgico continua favorável às fabricantes de aço.

Também no radar está uma eventual oferta inicial de ações (IPO) da unidade de cimento. No fim de fevereiro fontes disseram à Reuters que a CSN trabalhava com o JPMorgan e o Bradesco BBI nessa direção.

B2W (BTOW3)  recua 12,82%, estendendo o movimento de queda após renovar em fevereiro máxima intradia em quatro meses, a 96,70 reais.

Nem a chance de uma fusão com a sua controladora, Lojas Americanas, tampouco o salto em suas principais linhas de resultados no quarto trimestre foram suficientes para evitar a perda do fôlego do papel.

No período, Magazine Luiza (MGLU3) sobe 3,93%, enquanto Via Varejo (VVAR3), que também reportou balanço, avança 1,35%.

Azul (AZUL4) tem declínio de 6,06%, em meio ao agravamento da pandemia aos potenciais riscos ao setor, um dos mais afetados em 2020.

A companhia aérea teve prejuízo de 317,4 milhões de reais no quarto trimestre, melhor performance desde o início da pandemia, enquanto espera queda na demanda de passageiros em março e abril.

Gol (GOOL4) , que divulgou dados mostrando queda da demanda em fevereiro, perde 5,46%.

WEG (WEGE3)  recua 6%, ainda sob efeito de realização de lucros, que também enfraqueceu a ação em fevereiro, após valorização no primeiro mês do ano e de ter fechado 2020 com o melhor desempenho do Ibovespa.

No fim de abril, acionistas da fabricante de motores elétricos, tintas industriais e produtos de automação e controle industrial devem decidir sobre desdobramento de ações, na proporção de 1 para 2.

GPA (PCAR3)  registra salto de 108,46%, reflexo de ajustes devido à cisão da unidade de atacarejo Assaí, que passou a ser listada na B3 nessa semana.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: +5,01%

– Índice de consumo: +3,69%

– Índice de energia elétrica: +1,48%

– Índice de materiais básicos: +6,65%

– Índice do setor industrial: +4,73%

– Índice imobiliário: +4,04%

– Índice de utilidade pública: +0,93%