Ibovespa salta mais de 1% com Haddad e ignora tensão de NY antes de eleições nos EUA; dólar cai a R$ 5,78
O Ibovespa (IBOV) avançou mais de dois mil pontos em um única sessão com aumento das expectativas de que o pacote de medidas fiscais seja anunciado ainda nesta semana.
Nesta segunda-feira (4), o principal índice da bolsa brasileira subiu 1,87%, aos 130.512,13 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,7831 (-1,47%).
No cenário doméstico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano de medidas sobre os gastos públicos deve ser anunciado nos próximos dias.
“Como as coisas estão muito avançadas do ponto de vista técnico, acredito que nós estejamos prontos para anunciar”, disse em entrevista a jornalistas. Ainda segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o final de semana trabalhando no plano fiscal.
Durante a tarde, o ministro voltou ao Palácio do Planalto com o secretário-executivo Dario Durigan e o secretário de Política Econômica Guilherme Melo para uma reunião com Lula. Os ministros de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; da Casa Civil, Rui Costa; do Trabalho, Luiz Marinho; da Saúde, Nísia Trindade; da Gestão, Esther Dwecke e da Educação, Camilo Santana, também estiveram presentes.
Os investidores também acompanharam o noticiário corporativo, em meio à reação aos balanços do terceiro trimestre.
Em segundo plano, o mercado repercutiu o Boletim Focus do Banco Central. Os agentes financeiros elevaram, mais uma vez, a projeção de inflação (IPCA) neste ano de 4,55% para 4,59% e para o próximo ano passou de 4,00% para 4,03% —em ambos os casos acima do centro da meta de inflação, de 3%.
Os economistas consultados pelo BC também aumentaram as estimativas para a taxa básica de juros. A projeção agora é de que a Selic termine 2025 a 11,50%, de 11,25% na semana anterior.
Para este ano, os especialistas continuam vendo dois aumentos de 0,50 ponto percentual nas últimas duas reuniões do ano.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre os ativos negociados no Ibovespa, Magazine Luiza (MGLU3) e Cogna (COGN3) disputaram a liderança do principal índice da bolsa brasileira com salto de mais de 11% dos papéis.
As ações da varejista operaram entre os papéis mais negociados da B3 desde o início da sessão.
Os setores de varejo e de educação são alguns dos segmentos mais sensíveis aos fatores macroeconômicos — como juros e inflação e, em segunda instância, o cenário fiscal. Com as declarações de Haddad, os juros futuros cederam em toda a curva durante a sessão, com queda de mais de 20 pontos-base em relação ao ajuste anterior.
Já na ponta negativa do principal índice da bolsa brasileira, Azul (AZUL4) estendeu as perdas da sessão anterior, ainda em reação ao rebaixamento do rating da companhia aérea pelas agências classificadoras de risco S&P Global e Fitch.
As ações da Braskem (BRKM5) também operaram entre as maiores baixas do índice com a troca de diretor presidente (CEO). O acionista controlador grupo Novonor, que detém 50,1% do capital votante da companhia, indicou Roberto Paraiso Ramos para ocupar o posto de comando da petroquímica — no lugar de Roberto Bischoff.
Entre os pesos-pesados do Ibovespa, Vale (VALE3) acompanhou o desempenho positivo do minério de ferro, enquanto os investidores aguardam o balanço do terceiro trimestre. A commodity encerrou as negociações em Dalian, na China, com alta de 0,91%, a US$ 109,36 a tonelada hoje.
Petrobras (PETR4;PETR3) também subiu com apoio do petróleo. O contrato do Brent para janeiro de 2025 avançou quase 3%.
Exterior
Nos Estados Unidos, os investidores fizeram ajustes de olho nas eleições à Casa Branca e na decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), a ser divulgada na quinta-feira (7).
O mercado reduziu as apostas de vitória do ex-presidente Donald Trump.
Algumas das chamadas “negociações Trump” perdem força após que uma pesquisa recente mostrou Kamala Harris liderando em Iowa — Estado conquistado pelo republicano em 2016 e 2020. A pesquisa Des Moines Register/Mediacom Iowa foi divulgada no último sábado (2).
As eleições acontecem nesta terça-feira (5) e com a disputa acirrada entre os candidatos, a expectativa é que a apuração dos votos demore dias.
No cenário de política econômica, o consenso é de corte de 25 pontos-base, o que levaria os juros norte-americano a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500:-0,28%, aos 5.712,69 pontos;
- Dow Jones: -0,61%, aos 41.794,60 pontos;
- Nasdaq: -0,33%, aos 18.179,98 pontos.
*Com informações de Reuters