Ibovespa fecha abaixo dos 128 mil pontos pela 1ª vez no mês com tributação sobre dividendos
O Ibovespa (IBOV) acumulou a terceira perda semanal nesta sexta-feira, determinada pela reação negativa de investidores neste último pregão à proposta do governo federal de tributação sobre dividendos, com alíquota de 20%.
A equipe econômica também propôs alterações à taxação de investimentos em renda fixa, fundos e bolsa, com a fixação de uma alíquota única de tributação, sem diferenciação para aplicações de prazo menor, como ocorre atualmente.
“No caso da renda variável, a tributação de dividendos e fim dos juros sobre capital próprio obriga à reprecificação do mercado de ações em sua totalidade”, avaliou o sócio e estrategista-chefe da Laic Asset Management, Vitor Péricles.
Ele também avaliou que a proposta em seu conjunto gera dúvidas a respeito do efeito positivo em termos de administração da carga tributária, e cria a percepção de aumento de carga tributária no curto e médio prazo.
Além disso, acrescentou, cria a tributação em instrumentos do mercado que facilitam investimento e financiamento, mas mantém isenção onde era preferível acabar, como nos Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs).
O índice de FIIs da B3 recuou 2,02%.
O estrategista ainda avaliou que a proposta tem o efeito de estimular a redução do prazo dos investimentos com uma alíquota única na renda fixa e pode estimular o direcionamento a investimentos no exterior, com tributação de fundos fechados.
“Apesar de esperada, a bolsa ‘caiu no fato’, afirmou o analista da Clear Rafael Ribeiro.
Ele acrescentou que a tributação de dividendos e o fim da dedutibilidade do JCP acabam impactando o mercado de renda variável brasileiro, pois haverá a diminuição de fato do valor recebido em proventos pelos acionistas.
Até a véspera, o Ibovespa acumulava elevação de 0,86% na semana, após queda nas duas anteriores, em processo que tem sido classificado por agentes financeiros como acomodação, depois de renovar máximas no começo do mês.
Para o gestor da Invexa Capital Douglas Inéia, essa acomodação é um movimento normal após alta de aproximadamente 10 mil pontos no Ibovespa vista no final de maio e início de junho, quando bateu a máxima intradia de 131.190,30 pontos.
“Adicionalmente, o comportamento intraday dos ativos também sugere mercado de acumulação, onde observamos constante rotação setorial”, acrescentou.
Apesar de mais uma semana no vermelho, o Ibovespa ainda caminha para um desempenho positivo em junho e uma alta relevante no trimestre, de mais de 9% até o momento.
“Nossa leitura é que o mercado ficou animado com as revisões para melhor das previsões de PIB e de dados fiscais”, afrimou, chamando atenção para o fluxo estrangeiro para o segmento Bovespa, de cerca de 33 bilhões de reais no trimestre.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa recuou 1,74%, a 127.255,61 pontos, acumulando perda de 0,9% na semana. Em junho, ainda sobe 0,82%. No ano, registra elevação de 6,92%.
O índice Small Caps caiu 1,70%, a 3.156,86 pontos, perdendo 0,87% na semana, embora ainda registre alta de 1,69% no mês e de 11,85% no ano.
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 33,2 bilhões de reais.
Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:
Via Varejo (VVAR3) avança 21,11%, em meio a números melhores sobre a economia e dados motrando recuperação na confiança do consumidor.
No setor, B2W (BTOW3) sobe 13,97%, tendo ainda de pano de fundo expectativas ligadas à fusão com a Lojas Americanas.
Cvc Brasil (CVCB3) valoriza-se 15,55%, apoiada em expectativas otimistas sobre a vacinação contra a Covid-19 e retomada de viagens.
Além disso, companhia concluiu recentemente aumento do capital social de até 480 milhões de reais.
Braskem (BRKM5) sobe 10,69%, com investidores ainda atentos a desdobramentos sobre venda da fatia dos controladores da petroquímica.
Também no radar, o Senado aprovou MP que abre o processo de revogação do Regime Especial da Indústria Química, que dá incentivos tributários ao setor, que será gradual.
Cielo (CIEL3) recua 12,83%, devolvendo parte da alta de maio, quando subiu mais de 20%, em parte com o movimento de realização de lucros, mas também tendo de pano de fundo a competição mais acirrada em meios de pagamentos do país.
RD (RADL3) perde 12,17%, também sofrendo ajuste negativo e interrompendo a série de três meses de alta até maio, quando acumulou valorização de quase 24%.
GOL (GOLL4) registra queda de 10,48%, em movimento de correção negativa, após tocar máximas desde dezembro do ano passado no começo do mês. A aérea também levantou 423 milhões de reais em meados do mês para aumentar seu capital.
Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:
– Índice financeiro: +0,18%
– Índice de consumo: +0,79%
– Índice de Energia Elétrica: -2,12%
– Índice de materiais básicos: -1,51%
– Índice do setor industrial: -0,55%
– Índice imobiliário: -1,08%
– Índice de utilidade pública: -2,03%