Ibovespa devolve parte dos ganhos com Wall Street e retorna aos 121 mil pontos; dólar sobe a R$ 6,05
O Ibovespa (IBOV) interrompeu a sequência de altas e devolveu parte dos ganhos da véspera, quando o índice subiu quase 3%. O movimento de queda foi puxado pelo tom negativo de Wall Street.
Nesta quinta-feira (16), o principal índice da bolsa brasileira terminou a sessão com queda de 1,15%, aos 121.234,14 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 6,0533 (+0,47%).
No cenário doméstico, os investidores reagiram ao Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB)— que apresentou avanço acima do esperado.
O indicador subiu 0,1% em novembro, ante a expectativa de estabilidade dos analistas consultados pela Reuters. Em outubro, a alta foi de 0,09%. No acumulado de 12 meses, a prévia do PIB teve crescimento de 3,6%.
O mercado ainda acompanhou a sanção da Reforma Tributária pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse que a medida é o maior legado da economia a ser entregue pelo governo para a população, ainda que seus efeitos não sejam vistos de forma imediata.
Altas e quedas no Ibovespa
Entre os ativos negociados no Ibovespa, as ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) avançaram com a assinatura um Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) para uma potencial combinação de negócios.
Caso a fusão seja concluída, Azul e Gol manterão seus certificados operacionais independentes, no entanto, atuando sob uma única empresa resultante listada. Ou seja, na prática, será uma empresa — presente na Bolsa — com duas companhias aéreas, mantendo as bandeiras já conhecidas.
A Cosan (CSAN3) também roubou as atenções dos investidores após reduzir a posição na Vale (VALE3). Em uma operação na B3 pela manhã, a companhia vendeu 173 milhões de ações da mineradora por R$ 9 bilhões — e conseguiu reduzir 40% da dívida líquida.
Já entre as maiores perdas, as ações cíclicas foram pressionadas pela retomada de altas na curva de juros brasileira. A ponta negativa foi liderada por São Martinho (SMTO3), pressionada pela troca de posições intrasetorial com notícias sobre Cosan.
Entre os pesos-pesados, Vale (VALE3) ‘surfou na onda’ da Cosan e o desempenho do minério de ferro. O contrato mais negociado da commodity, com vencimento em maio, mais encerrou as negociações do dia com alta de 1,92%, a 797 yuans (US$ 108,71) a tonelada, na na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China. Essa foi a maior cotação desde 18 de dezembro de 2024.
Petrobras (PETR4;PETR3) fechou em queda acompanhando a baixa do petróleo, em meio ao alívio das tensões no Oriente Médio.
Exterior
Nos Estados Unidos, as bolsas de Wall Street reagiram às falas do futuro secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em audiência no Senado norte-americano.
Entre os destaques, ele disse que vai assegurar que o dólar continue como a reserva do mundo” e que a gestão Trump avaliará as tarifas de importados de três formas. “Tarifa será para remediar práticas de comércio, como taxas sobre aço da China”, afirmou Bessent.
O futuro secretário ainda acrescentou que as políticas de Trump ajudarão a reduzir a inflação e permitirão que os salários dos trabalhadores aumentem. O presidente eleito Donald Trump assume a presidência dos EUA na próxima segunda-feira (20).
As declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) também dividiram as atenções dos investidores. O diretor do Fed, Chris Waller,t disse que se a inflação continuar desacelerando nos EUA, é provável que o Fed reduza a taxa de juros mais cedo e mais rápido do que o esperado, em entrevista a CNBC nesta quinta-feira (16).
O Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed se reúne entre os dias 28 e 29 — com a divulgação da decisão e entrevista coletiva com o presidente do Fed, Jerome Powell.
Em segundo plano, os investidores repercutiram novos dados econômicos. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 14.000, para 217.000 em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 11 de janeiro, segundo dados do Departamento do Trabalho. Os economistas consultados pela Reuters previam 210.000 pedidos no período.
O aumento inesperado dos pedidos de auxílio-desemprego pressionaram os índices. Entre os ativos listados no índice Nasdaq, Apple liderou as perdas com baixa de mais de 4%, no pior dia desde 5 de agosto.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: -0,21%, aos 5.937,34 pontos;
- Dow Jones: -0,16%, aos 43.153,13 pontos;
- Nasdaq: -0,89%, aos 19.339,29 pontos.