Ibovespa em dezembro: As ações que se salvaram (e as que afundaram ainda mais)
O Ibovespa termina o mês com queda de 4,28%, a 120.283,40 pontos, colocando um ponto final em 2024, ano que o índice encerra com mais uma derrota, com desvalorização de 10,38%.
Apesar da queda, em mês marcado pela piora das projeções, com perspectiva da Selic acima de 14% e dólar na casa dos R$ 6, algumas ações conseguiram driblar o mau humor.
Veja abaixo:
Empresa | Ticker | Valorização |
---|---|---|
Brava | BRAV3 | 17% |
B3 | B3SA3 | 11% |
BB Seguridade | BBSE3 | 7.90% |
Marfrig | MRFG3 | 5.85% |
IRB | IRBR3 | 3.56% |
Brava
A ação encerrou a sessão e o mês entre a maior alta. O desempenho positivo das ações deve-se a notícias corporativas, além do leve avanço do petróleo Brent no mercado internacional.
Mais cedo, a companhia anunciou a retomada da produção no campo de Papa-Terra, após autorização concedida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na última sexta-feira (27).
As operações no campo estavam paralisadas desde 4 de setembro, a pedido da ANP, para esclarecimentos sobre a quantidade de pessoas a bordo e sobre atividades de manutenção.
Segundo a empresa, foram obtidos “avanços significativos” na campanha de manutenção e recuperação de integridade das unidades de produção no ativo, “permitindo o planejamento do melhor aproveitamento do reservatório com a futura ampliação da sua produção” no período de atividades pausadas.
A Brava Energia ainda informou que recebeu uma nova autorização para iniciar a produção no FPSO Atlanta, em sistema definitivo. “A companhia começou a mobilização para início da produção nos próximos dias”, disse a petroleira, em fato relevante.
Na avaliação da XP Investimentos, as duas notícias são “positivas”. “A retomada do Papa Terra era amplamente esperada no início desta semana, mas havia mais incerteza quanto ao momento do início da produção do FPSO Atlanta”, escrevem os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório.
Na visão deles, os anúncios reduzem os riscos de novos atrasos na produção adiante.
A venda de ativos da empresa também segue no radar. Na semana passada, a junior oil confirmou que está negociando mandato com dois bancos para assessorar na avaliação de potenciais operações, conforme recomendação do conselho de administração.
B3
Mesmo com a perspectiva de mais juros, a B3 (B3SA3) conseguiu se safar e subiu 11%. No mês, a companhia realizou o dia do investidor, que foi elogiado por analistas.
Analistas do Itaú BBA, por exemplo, continuam otimistas com o papel. Segundo Pedro Leduc, com um preço sobre lucro (P/L) de 10 vezes, a companhia negocia com um desconto de 50% em relação a outras bolsas.
“Eventualmente, o “valor” voltará a entrar em jogo, e a B3 estará gritando qualidade e valor com um modelo de negócios simples”, discorre.
Além disso, sua falta de alavancagem, desconto de avaliação recorde e lucros resilientes tornam o carry mais confortável.
O preço-alvo é de R$ 14, potencial de alta de 70% em relação à data da publicação do relatório, em 18 de dezembro.
Em relatório, o Safra também afirmou que a renda fixa é a maior avenida de crescimento para a B3.
“Para nós, ficou claro que a B3 tem maior capacidade de navegar em um cenário de juros altos em comparação ao passado, dada a maior contribuição das receitas dos segmentos de renda fixa, OTC e tecnologia”.
Apesar disso, o banco cortou o preço-alvo de R$ 14 para R$ 12, mas reiterou a recomendação de compra.
“Além da avaliação descontada, vemos a capacidade de distribuição de acionistas da B3 como um fator cada vez mais atraente durante um ciclo de aumento de taxas, à medida que os investidores mudam seu foco em nomes de dividendos como uma alternativa mais segura para capturar o retorno dos acionistas”
Maiores quedas: CVC e Azul lideram
Empresa | Ticker | Desvalorização |
---|---|---|
CVC | CVCB3 | 42% |
Azul | AZUL4 | 28% |
Magazine Luiza | MGLU3 | 28% |
Braskem | BRKM5 | 22% |
CSN | CSNA3 | 20% |
CVC (CVCB3) e Azul (AZUL4), que já não possuem um grande ano, afundaram ainda mais. No caso da primeira, além de estar ligada à curva de juros, também sofre com a alta do dólar. Por estar em um processo de reestruturação das dívidas, a alta dos juros deixa tudo pior. Em um único dia, a companhia chegou a cair 17%. No ano, o papel caminha para tombar quase 60%.
Em linhas gerais, um dólar mais forte e a alta na curva de juros, também tendem a resultar em uma taxa de juros elevada por mais tempo — o que impacta o consumo das famílias. Sendo assim, há a redução da procura e da compra de pacotes de viagens e a reserva de hospedagens, principalmente no exterior.
No caso da Azul, a companhia até divulgou notícias positivas, como ofertas de troca de dívidas como parte do seu processo de recapitalização. Porém, isso não foi suficiente para reverter o mau humor generalizado, que pega em cheio empresas em processo de reestruturação.