Ibovespa: Efeito Mercadante, mudança na Lei das Estatais e os fatores que levam o índice a derreter
Contrariando os mercados globais, que abriram em alta, o Ibovespa tem novo dia de queda generalizada dos ativos. Por volta da 12h07, o índice despencava 2,59%, a 104.730 pontos. Trata-se do menor patamar desde agosto. Em Wall Street:
- Nasdaq subia 0,30%;
- S&P 500 tinha alta de 0,26%;
Um dos fatores, segundo analistas ouvidos pelo Money Times, é a sondagem de Aluízio Mercadante, ex-ministro do governo de Dilma Rousseff, para assumir o cargo de presidente do BNDES ou da Petrobras (PETR4). O papel da petroleira derrete 5,38%, a R$ 23,38. A ação também acompanha a queda do preço do petróleo.
A volta de Mercadante causa preocupação, uma vez que seu nome está associado à derrocada política e econômica do governo Dilma.
“A Petrobras está caindo muito com medo de que o Mercadante seja o novo presidente”, discorre o analista Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos.
Para Alfredo Menezes, gestor e sócio da Armor Capital, o mercado está “reprecificando” a política econômica esperada para o novo governo. “O mercado sempre é tolerante com um novo governo. Até uma hora que cobra tudo”, disse.
Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, lembra que a mudança da taxa TLP para crédito subsidiado do BNDES também é negativa.
Recentemente, Mercadante fez críticas à TLP, taxa de juros do BNDES introduzida pelo governo Temer que tirou os subsídios concedidos pelo Tesouro aos empréstimos feitos pela instituição.
“Quando mais subsidiado essa carteira, maior será a conta a ser pago via juros Selic mais alto. Isso provoca alta na curva de juros”, discorre.
Outra informação que pega o mercado de surpresa é a possível mudança na Lei das Estatais. De acordo com a Eurásia, Lula deve derrubar a legislação das empresas estatais por meio de medida provisória.
“Espera-se que o presidente eleito Lula edite uma medida provisória em seus primeiros dias no cargo para mudar a legislação das empresas estatais promulgada pelo governo Michel Temer”, escreve.
Ainda segundo a consultoria, a revogação dessa legislação facilitaria significativamente as nomeações políticas para os conselhos das estatais.
“Assim, Lula poderia indicar prontamente o senador Jean Paul Prates como CEO da Petrobras e nomeados políticos para bancos públicos”, completa.
“A Lei das Estatais foi um enorme avanço institucional para o Brasil. A sua revogação é vista como um retrocesso gigantesco no ambiente institucional do Brasil. Bolsa cai, juros sobre e dólar sobe em cima dessas notícias de hoje, descolando de um dia mais positivo do mercado global”, discorre Dan Kawa, da Tag Investimentos.
Os agentes financeiros também seguem atentos à tramitação da PEC da Transição e à composição da nova equipe de governo. A diplomação do presidente eleito ocorre nesta tarde.