Ibovespa e Wall Street operam entre perdas e ganhos; dólar supera R$ 6: o que movimenta os mercados hoje (9)?

O Ibovespa (IBOV) tenta firmar alta com apoio da leve recuperação dos índices de Wall Street. A guerra tarifária e o risco de recessão nos Estados Unidos continuam no centro das atenções dos mercados.
Na máxima intradia, o principal índice da bolsa brasileira chegou a subir 0,63%. Por volta das 13h10 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava avanço de 0,11%, aos 124.065,40 pontos.
Na véspera (8), o Ibovespa chegou a superar 1%, aos 126 mil pontos, mas perdeu força na segunda parte da sessão e encerrou em forte queda.
Os investidores seguem com nível elevado de risco com a escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Depois de ser tarifada em mais de 100%, a segunda maior economia do mundo anunciou uma nova retaliação: a elevação da tarifa de importação sobre os produtos norte-americanos em 84%.
“A China deixou claro que não pretende ficar na defensiva. Além de anunciar uma nova rodada de tarifas, Pequim também adicionou 12 empresas dos Estados Unidos à sua lista de controle de exportações. Em termos práticos, isso equivale a um endurecimento formal da posição chinesa, sugerindo pouca margem para uma solução”, afirma Mateus Spiess, analista da Empiricus Research.
Mas, na avaliação do economista e consultor da Remessa Online, André Galhardo, a disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo pode abrir uma ‘janela’ de oportunidades para o Brasil no curto prazo.
“A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China pode, em tese, abrir novas oportunidades comerciais para o Brasil. A atual reorganização das cadeias globais de valor, combinada à postura diplomática relativamente neutra adotada pelo país, tende a atrair atenção estratégica de agentes internacionais. No entanto, os elevados níveis de incerteza associados ao cenário global devem atuar como freio à alocação de capital produtivo no curto prazo”, afirma Galhardo.
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Relembrando: na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , anunciou o plano tarifário com taxa universal de 10% sobre todas as importações no território norte-americano, que entrou em vigor no último sábado (5). Além disso, o governo estabeleceu taxas recíprocas, que são direcionadas aos países em que os EUA têm déficits comerciais, que começaram a valer hoje (9) — sendo a China com a maior alíquota, de 34% (até então).
A China, em resposta, anunciou uma tarifa de 34% sobre a importação dos produtos norte-americanos, que começa a valer na próxima quinta-feira (10) — um dia após a tarifa de 34% dos EUA contra a China entrar em vigor. Sem negociações entre os dois países, os EUA anunciaram ontem (8) a elevação da alíquota sobre os produtos chineses para 50%, somando 104%.
Wall Street no azul, Europa em queda
Nesta quarta-feira (9), os índices de Wall Street operam sem direção única, depois de quatro dias de perdas. Em destaque, o índice Nasdaq firma alta, com apoio das ações de tecnologia. Os papéis da Apple (AAPL), por exemplo, sobem mais de 2% — depois de atingirem o pior desempenho acumulado desde 2008.
Além disso, há um aumento incomum nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, os Treasuries. O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos, referência no mercado, subiu mais de 10 pontos-base, para 4,39% hoje (9) após chegar a 4,5% durante a noite. No início da semana, atingiu uma mínima abaixo de 4%.
Mais cedo, o presidente norte-americano voltou a comentar sobre o desempenho dos índices de Nova York. “Sejam legais! Este é um ótimo momento para comprar”, disse Trump na Truth Social.
O VIX (CBOE Volatility Index), indicador que mede a aversão ao risco de Wall Street, também conhecido como o “termômetro do medo” opera ao nível dos 50 pontos. Na última segunda-feira (7), o índice disparou e atingiu os 60 pontos, no maior patamar em mais de oito meses.
Já na Europa, o tom negativo seguiu tomando conta dos índices. O índice Stoxx 600 encerrou em queda de mais 3%. A Comissão Europeia aprovou tarifas retaliatórias de 25% sobre produtos dos Estados Unidos, atingindo mais de 20 bilhões de euros em mercadorias. As taxas serão aplicadas em três fases: 15 de abril, 16 de maio e 1º de dezembro, e podem ser suspensas se houver acordo “justo e equilibrado” com a Casa Branca.
Na Ásia, o índice Nikkei, do Japão, devolveu parte dos ganhos da véspera e caiu quase 4%. Já o Hang Seng, de Hong Kong, teve leve alta de 0,68%, com apoio do setor de tecnologia. O índice Kospi, da Coreia do Sul, entrou em ‘bear market’ — com queda de mais de 20% em relação às máximas atingidas em julho do ano passado.
Dólar em alta
Já o dólar à vista (USBRL) segue operando em alta, ainda em meio às preocupações com a atividade econômica global. Com o avanço, a moeda caminha para o quarto dia consecutivo de ganhos ante o real.
Por volta de 12h50 (horário de Brasília), a divisa norte-americana operava a R$ 6,0477 (+0,83%). Na máxima intradia, a moeda atingiu R$ 6,0967 (+0,51%).