Bula do Mercado

Ibovespa e dólar devem estender rali pós-eleições, apoiados pelo exterior

04 out 2022, 7:54 - atualizado em 04 out 2022, 7:54
Ibovespa
Ibovespa e dólar  devem dar continuidade hoje ao rali visto ontem, quando o mercado doméstico festejou o resultado das eleições (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa deve dar continuidade nesta terça-feira (4) ao rali visto ontem, quando teve a maior alta desde abril de 2020. O mercado financeiro comemorou o resultado das eleições no domingo (2), festejando não apenas o placar apertado entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro, mas também a composição do Congresso.

Além da bolsa brasileira, o dólar também teve um dia de euforia. A moeda norte-americana registrou a maior queda diária desde junho de 2018 e fechou abaixo da faixa de R$ 5,20. Agora, os investidores fazem as contas, tentando entender para onde Ibovespa e real podem ir, em caso de vitória do petista ou de reeleição.

Seja como for, a vitória de diversos candidatos de direita e centro-direita na Câmara e o no Senado reduz o risco de um eventual governo Lula ser excessivamente a esquerda, dado a enorme oposição que pode encontrar. Por outro lado, essa composição mais liberal no Congresso favorece a governabilidade de Bolsonaro por mais quatro anos.

Mais que isso, a ‘onda conservadora’ entre deputados e senadores facilitaria o andamento da agenda de reformas, como a administrativa e a tributária. Da mesma forma, a pauta de privatizações também tende a ganhar espaço, principalmente com a vitória de aliados do presidente nos governos estaduais. 

Resta saber como ficam os apoios dos candidatos à Presidência derrotados no primeiro turno. Os passos iniciais do PDT e de Simone Tebet (MDB) indicam uma caminhada em direção ao centro, visando uma aliança com o PT. Porém, ambos demandam que parte de suas agendas econômica seja adicionada ao plano de governo do Lula.

Já Bolsonaro, busca apoio de Romeu Zema, reeleito governador em Minas, uma das maiores bases eleitorais do país. O Partido Novo, cuja agenda é liberal, também deve estar entre os aliados do PL.

Exterior também faz preço

Apesar da festa pós-primeiro turno, os ativos locais também foram impulsionados pela melhora do cenário externo. “Não sejamos cegos. Uma parte importante da alta local de ontem foi ajudada pelo movimento internacional”, resumiu o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa, em comentário matinal.

Ou seja, por mais que as eleições no Brasil sigam no radar dos mercados locais até o fim do mês, é o ambiente internacional que importa. Lá fora, o destaque fica com a queda nos rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries), o que sustenta uma alta firme dos índices futuros das bolsas de Nova York nesta manhã. 

Os investidores alimentam esperanças de que o Federal Reserve e os demais bancos centrais globais possam ficar menos agressivos nos planos de aumentar as taxas de juros. Por ora, tudo isso não passa de expectativa. 

Esse forte início de quarto trimestre em Wall Street parece mais uma tentativa de recuperação, após as bolsas nos Estados Unidos amargarem o pior setembro desde a crise de 2008, do que qualquer indicativo de mudança na postura do Fed e demais BCs. Portanto, não há ainda qualquer mudança de cenário capaz de sustentar essa dinâmica recente por muito tempo.  

A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h45:

EUA: o futuro do Dow Jones subia 1,54%; o do S&P 500 avançava 1,84%; enquanto o Nasdaq tinha alta de 2,28%;

Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 ganhava 2,55%; a bolsa de Frankfurt avançava 3,15%; a de Paris tinha alta de 3,52% e a de Londres subia 2,03%

Câmbio: o DXY tinha queda de 0,64%, a 111.03 pontos; o euro subia 0,71%, a US$ 0,9898; a libra subia 0,23%, a US$ 1,1348; o dólar avança 0,12% ante o iene, a 144,74 ienes.

Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,583%, de 3,636% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,018%, de 4,109% na sessão anterior

Commodities: o futuro do ouro subia 1,05%, a US$ 1.719,80 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI avançava 0,77%, a US$ 84,28 o barril; o do petróleo Brent ganhava 0,93%, a US$ 89,69 o barril.

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