Ibovespa despenca e volta para os 157 mil pontos e dólar dispara a R$ 5,48, em questão de minutos: o que aconteceu?
Poucos minutos após o Ibovespa (IBOV) ter superado os 165 mil pontos pela primeira vez, o humor dos investidores ‘azedou’ e o principal índice da bolsa brasileira perdeu mais de 6 mil pontos.
Por volta de 17h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 4,53%, aos 157.006,61 pontos, na mínima intradia. Apenas quatro ações operavam em alta.
O dólar à vista também sofreu fortes movimentações. A divisa norte-americana, considerada um ativo de proteção em tempos de incerteza, saltou de R$ 5,29, na mínima intradia, para acima de R$ 5,40. No mesmo horário, a moeda bateu máxima intradia a R$ 5,4840 (+3,27%). No mercado futuro, o dólar para janeiro disparou a R$ 5,5105 (+3,17%).
O motivo por trás dessa movimentação é a corrida presidencial. O mercado repercute a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve indicar – e apoiar – seu filho Flávio Bolsonaro (PL) como candidato à Presidência nas eleições do próximo ano. As informações são do colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles.
Segundo o colunista, a escolha de Flávio foi comunicada a interlocutores próximos à família nesta semana. Esta foi a primeira vez que Bolsonaro, que está cumprindo pena em carceragem da Polícia Federal em Brasília, manifestou tal intenção.
Além disso, o ex-presidente avalia que o filho consolida unidade partidária e conta como um relevante palanque de governadores aliados, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, e Cláudio Castro (PL), no Rio de Janeiro.
O mercado, por sua vez, foi “pego de surpresa”. Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à Presidência.
Para o economista André Perfeito, do Garantia Capital, a decisão de “lançar” Flávio Bolsonaro como candidato “implode” possíveis alianças entre os partidos de centro e de direita para as eleições. “O mercado apostava em Tarcísio para construir essas alianças e pavimentar a vitória da direita em 2026, mas agora cabe avaliar se Flávio Bolsonaro consegue reunir esse amplo espectro político”, avaliou o economista.
“Nitidamente, o mercado já reage à perspectiva da ausência de Tarcísio (na corrida eleitoral)”, acrescentou.
Na mesma linha, Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, afirmou que o mercado esperava um “apoio forte” de Bolsonaro para o atual governador de São Paulo. “Tarcísio era mais agradável para o mercado pela austeridade fiscal e capacidade gerencial administrativa durante o governo em São Paulo”, destacou.
Na pesquisa eleitoral mais recente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava em todos os cenários de primeiro turno para as eleições presidenciais de 2026. O atual presidente, porém, teria empate técnico com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Michelle Bolsonaro (PL), em um eventual segundo turno, segundo a pesquisa AtlasIntel, divulgada na última terça-feira (2).
Flávio Bolsonaro não havia sido avaliado como um dos possíveis candidatos nas pesquisas eleitorais.