Mercados

Ibovespa desaba com risco político; Petrobras perde cerca de R$ 65 bi em valor de mercado

22 fev 2021, 12:37 - atualizado em 22 fev 2021, 12:38
Petrobras (PETR4)
Petrobras pressiona queda do Ibovespa após interferências de Bolsonaro no comando da estatal para tentar conter alta dos combustíveis (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O Ibovespa tinha forte queda nesta segunda-feira, com agentes financeiros enxergando aumento relevante de risco político no país, principalmente ingerência governamental na Petrobras, que já perdeu cerca de 65 bilhões de reais em valor de mercado apenas nesta sessão.

Às 11:45, o Ibovespa caía 4,96%, a 112.555,5 pontos. No pior momento, chegou a 111.650,26 pontos. O volume financeiro somava 23,7 bilhões de reais, com as negociações ainda influenciadas pelo vencimento de contratos de opções sobre ações.

Na sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro indicou o nome do general Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras após o encerramento do mandato do atual presidente da companhia, Roberto Castello Branco.

Um dia depois, Bolsonaro indicou nova substituição nesta semana aos moldes da decisão para a presidência da Petrobras, bem como afirmou que vai “meter o dedo na energia elétrica”.

“As declarações recentes do presidente acendem um enorme sinal amarelo – senão vermelho – ao cenário político local”, disse o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, esperando uma segunda-feira de enorme pressão negativa nos ativos locais, “na ausência de uma mudança de postura do governo federal”.

Endossando as missivas, o BTG Pactual destacou que a decisão relacionada à presidência da Petrobras aumenta de forma significativa incertezas que já se multiplicam tanto na parte política, na saúde e na agenda de reformas, conforme nota a clientes enviada pela área de gestão do banco.

“Não se trata apenas de uma troca no comando da Petrobras, que poderia ser considerada normal, porém aconteceu após duras críticas à política de preço que vinha sendo executada.”

O Bank of America cortou a recomendação para Brasil a ‘marketweight’ em portfólio de ações na América Latina, bem como reduziu exposição a companhias de controle estatal, citando “maior incerteza”.

DESTAQUES

– PETROBRAS ON (PETR3) e PETROBRAS PN (PETR4) desabavam 18,2% e 18,5%, respectivamente. Vários analistas cortaram a recomendação e reduziram os preços-alvo para os papéis. Até o momento, a Petrobras registra perda de cerca de 65 bilhões de reais em valor de mercado apenas nesta sessão.

BANCO DO BRASIL ON (BBAS3) perdia 10,3%, sofrendo com o aumento da percepção de risco de interferência política em entidades estatais após decisões ligadas à Petrobras. O Credit Suisse cortou a recomendação das ações para ‘neutra’ e reduziu o preço-alvo para 38 reais, de 46 reais antes. “Acreditamos que o impacto de tal desenvolvimento não é apenas negativo para a Petrobras, mas para outras empresas estatais, como o Banco do Brasil, que já estava sob escrutínio do mercado para potencial interferência política”, afirmaram os analistas do banco.

ELETROBRAS ON (ELET3) e ELETROBRAS PNB (ELET6) recuavam 4,7% e 4,2%, respectivamente, também contaminadas, embora tenham se afastado das mínimas. O índice do setor elétrico na B3 perdia 3,7%.

ULTRAPAR ON (UGPA3) mostrava declínio de 9,4%, também afetada pela verborragia de Brasília relacionada aos combustíveis. Mais cedo nesta segunda-feira, Bolsonaro afirmou a apoiadores que é possível reduzir em 10% o preço dos combustíveis intervindo na bitributação e em mudanças no ICMS. BR Distribuidora ON (BRDT3) perdia 8,8% e COSAN ON (CSAN3) caía 6,3%.

LOJAS AMERICANAS PN (LAME4) avançava 13,5% e B2W ON (BTOW3) subia 5,5%, entre as poucas altas do Ibovespa. As companhias anunciaram na sexta-feira que estão avaliando uma combinação de suas operações. As varejistas, porém, não deram detalhes sobre quando os estudos poderão ser concluídos e assembleias de acionistas serem convocadas. A B2W é atualmente controlada pela Lojas Americanas em 62,5%.

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