Ibovespa: Como fica a Bolsa após a queda de 5% em agosto, segundo analistas
O Ibovespa (IBOV) passou por um mês turbulento em agosto, tendo registrado uma queda de cerca de 5% e quebrado uma sequência de alta que vinha se estendendo nos quatro meses anteriores.
O Ibovespa conseguiu, inclusive, realizar um feito nunca antes visto na Bolsa brasileira: foi o índice a engatar a maior sequência de quedas seguidas, de 13 pregões.
Três principais fatores explicam a correção, de acordo com o analista da Empiricus Research Matheus Spiess. Segundo o especialista, uma “tempestade perfeita local e internacional” atingiu o mercado doméstico.
Primeiro, a saída de estrangeiros da B3 foi um peso para a Bolsa. Spiess diz que a alta dos yields dos Treasuries nos Estados Unidos “sugou” o capital que, até então, vinha entrando no mercado.
A China também foi um motivo de alta volatilidade. O país é a principal parceira comercial do Brasil, e perspectivas de crescimento abaixo do esperado trouxeram pressão para as commodities expostas à potência asiática, de grande peso para o índice.
Para completar, a tensão fiscal em meio a uma temporada de resultados que, como esperado, trouxe ruídos para o mercado, contribuiu para trazer uma volatilidade maior.
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Ações seguem atrativas
O cenário externo segue como o principal fator de risco para o desempenho dos ativos domésticos no curto e médio prazo, avalia a Ágora Investimentos.
“Nos preocupa o fato de que a economia americana possa enfrentar um período de juros restritivo por mais tempo e que, eventualmente, o risco de recessão se torne o cenário base mais à frente”, comenta a corretora.
As incertezas relacionadas à China também pesam para a perspectiva de desempenho dos mercados. A Ágora destaca que as medidas anunciadas pelo governo chinês, em grande parte, têm apresentado efeito limitado sobre os mercados e a confiança dos investidores/consumidores.
Apesar disso, a Ágora avalia que os fundamentos do Brasil melhoraram.
“A resiliência da economia brasileira, principalmente no primeiro trimestre, somada à importante aprovação do arcabouço fiscal, à queda na inflação e ao avanço de outras pautas, como a Reforma Tributária, foram condições fundamentais para iniciarmos o segundo semestre com queda nos juros”, afirma.
A Ágora, apesar dos desafios, principalmente relacionados ao ajuste das contas públicas, está confortável com a posição de que a Bolsa brasileira continua barata, “o que, naturalmente, abre espaço para compra de ações de forma criteriosa para investidores com olhar para o longo prazo”.
Dentro desse cenário, a corretora gosta da classe das small caps, com o ciclo de queda da Selic ainda no início. A Ágora está de olho em histórias com eventos específicos, tais como privatização, crescimento via fusões e/ou aquisições (M&A), melhor momento para resultados, reestruturação, entre outros.
Para o BTG Pactual, após a correção em agosto, o prêmio para possuir ações aumentou. As ações locais estão sendo negociadas a 9,5 vezes o P/L (preço sobre lucro) estimado de 12 meses, excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) – 7,8 vezes incluindo elas -, um desvio padrão abaixo da média histórica.
“Esperamos que os lucros futuros de 12 meses aumentem à medida que as estimativas se concentram em 2024 (modelamos que os lucros ex-Petro e Vale crescerão 22% em 2024 contra um declínio de 2% em 2023), pressionando ainda mais os múltiplos”, afirma o banco.
Na opinião do BTG, as ações brasileiras estão sendo negociadas com valuations atraentes.
“Se as medidas do governo para aumentar as receitas fiscais forem aprovadas no Congresso e se revelarem eficazes, pelo menos na redução do déficit fiscal de 2024, as taxas de longo prazo poderão retomar a sua tendência descendente, empurrando as ações para território positivo”, completa a instituição.