Ibovespa tem maior perda semanal deste setembro
O Ibovespa fechou estável, pressionado pela repercussão negativa do mercado com o pacote fiscal anunciado na véspera. Além disso, o dólar a vista fechou o dia com alta de 0,17%, cotado a R$ 6,0012.
O índice, após uma tarde de oscilações, fechou em alta de 0,85%, a 125.667,83 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou uma perda de 2,46%, o pior desempenho semanal desde meados de setembro. Em novembro, apurou um declínio de 2,9%.
- Quais são as top “Money Picks” para este mês? O Money Times ouviu analistas de toda a Faria Lima para descobrir; veja aqui o resultado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na última quarta-feira (27) o detalhamento do pacote de contenção de gastos.
As atenções do mercado continuaram completamente voltadas para o noticiário doméstico, reagindo ao duplo anúncio pelo governo na quarta-feira de um pacote de contenção de gastos e de uma reforma do Imposto de Renda.
O pacote fiscal, que era esperado pelo mercado, veio em linha com as expectativas, mas a reforma do IR, que amplia a faixa de isenção para quem ganha até 5 mil reais por mês, pegou os investidores de surpresa, levantando mais temores sobre o compromisso do Executivo com o ajuste das contas públicas.
O cenário somente mudou quando os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram a público fazer sinalizações favoráveis ao pacote, tentando desvinculá-lo da proposta de isenção de IR.
“Qualquer outra iniciativa governamental que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e após análise cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento e efetivo impacto nas contas públicas. Uma coisa de cada vez. Responsabilidade fiscal é inegociável”, disse Lira em publicação no X.
Por sua vez, Pacheco afirmou que “a questão de isenção de IR, embora seja um desejo de todos, não é pauta para agora e só poderá acontecer se (e somente se) tivermos condições fiscais para isso”.
Os comentários aparentemente coordenados de Lira e Pacheco fizeram o dólar virar para o território negativo, com parte do mercado aproveitando as declarações para vender moeda e embolsar os lucros recentes.
Hoje, Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR3), papéis de maior peso no Ibovespa, fecharam com altas de 2,17% e 2,08%, com um empurrão da valorização das commodities. Contudo, segundo Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, as altas não são suficientes para afastar o clima de cautela.
“Apesar da recuperação intradiária, o mercado continua em alerta”, afirmou Iarussi. “A mensagem é clara: sem um plano fiscal concreto e crível, a volatilidade deve seguir marcando presença no pregão brasileiro”.
As altas e baixas do Ibovespa
Entre as altas do pregão desta sexta, a Cosan (CSAN3), Ultrapar (UGPA3) e Braskem (BRKM5) se destacaram com altas de 5,38%, 4,97% e 5,90% respectivamente. Apesar de acumularem uma queda de 15% no mês, a reversão nos juros futuros ajudou a melhorar o sentimento do mercado e a valorizar esses ativos.
Na ponta negativa, os setores mais sensíveis, como consumo alimento e educação, operaram no negativo. Liderando as quedas no índice, Localiza (RENT3), Yduqs (YDUQ3) e Assaí (ASAI3) fecharam em -3,64%, -1,49% e -2,51%.
Com Reuters