Ibovespa cai influenciado por Wall Street antes de decisão do Fed
O Ibovespa (IBOV) teve a segunda queda seguida nesta terça-feira, interrompendo uma recuperação do começo de dezembro, refletindo novo dia negativo no exterior, às vésperas de decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed).
O Ibovespa caiu 0,58%, a 106.759,92 pontos. O volume financeiro da sessão foi de 25,9 bilhões de reais.
Petrobras foi quem mais pressionou o índice, enquanto JBS ficou na ponta oposta. Em percentual, empresas ligadas ao setor de tecnologia tiveram as maiores baixas, com perspectiva de juros mais altos no Brasil e no exterior. Frigoríficos foram destaques positivos.
O Ibovespa abriu novamente em alta. Mas a piora em Wall Street, após dado de inflação ao produtor acima do esperado nos EUA, fez o índice local devolver ganhos no início de tarde e se manter no vermelho até o final do pregão.
O índice de preços ao produtor nos EUA subiu 0,8% em novembro, acima da projeção de 0,5% em pesquisa Reuters. O dado solidifica expectativas de que o Fed vai acelerar a retirada de estímulos monetários compra mensal de títulos na quarta-feira, quando divulga a decisão de sua reunião de política monetária.
Se concretizada, a medida significaria menos liquidez para os mercados globais, afetando renda variável e mercados emergentes em especial.
O Nasdaq caiu mais de 1% e foi destaque de baixa entre os índices dos EUA. Na Europa, o índice pan-europeu STOXX 600 cedeu 0,84%, com pressão dos papéis de tecnologia. A cautela com a variante Ômicron também influenciou os mercados.
No Brasil, a ata da última decisão do Copom, divulgada pela manhã, reiterou as mensagens do comunicado — visto como de tom duro com a inflação e revelou que membros do comitê chegaram a avaliar alta maior do que 1,5 ponto percentual na Selic.
À tarde, a Fitch reafirmou a nota de crédito soberano do Brasil em moeda estrangeira em “BB-“, com perspectiva negativa, destacando riscos negativos à economia, às finanças públicas e à trajetória da dívida.
Já a queda surpreendente de mais de 1% na atividade setor de serviços em outubro corrobou sinais de fraqueza da economia.
Na cena política, o mercado seguiu atento à tramitação dos trechos restantes da PEC dos Precatórios.
“A PEC já está muito bem precificada pelo mercado”, disse Josias de Matos, especialista em Finanças na Toro Investimentos. “Se tiver uma notícia que vai afetar o mercado agora (sobre PEC), estaremos falando de uma notícia negativa.”
Destaques
Banco Pan (BPAN4) cedeu 12,2%, Locaweb (LSAW3) afundou 11,1%, Méliuz (CASH3) desabou 10,7% e Inter (BIDI11) (BIDI4) e caíram 8,3% e 7,7%, respectivamente.
Eletrobras (ELET3)(ELET6) caiu 4,1% e cedeu 4%, diante de notícias de que a primeira análise do Tribunal de Contas da União sobre a privatização da companhia, marcada para quarta-feira, pode travar o processo de desestatização e afetar o calendário para a operação.
JBS (JBSS3) subiu 5,3% e Marfrig (MRFG3) disparou 6,8%.
BRF (BRFS3) subiu 3,6%, após anunciar que acertou com a Qatar Investment Authority (QIA) a extinção de uma opção de venda da QIA prevista em acordo de acionistas que rege parceria entre ambas as companhias na TBQ Foods.
Bradesco (BBDC4) subiu 1,5% e ON avançou 1,4%.
Itaú Unibanco (ITUB4) teve alta de quase 1%.
Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) fecharam próximos da estabilidade.
Ecorodovias (ECOR3) cedeu 6% após o Credit Suisse reduzir a recomendação para o papel de “outperform” para “neutra”, diante da perspectiva de maiores custos de capital e de dívida por conta de taxas de juros mais altas.
CCR (CCRO3) subiu quase 1%, apesar de o Credit ter cortado o preço-alvo para ação, após notícia de O Globo de que Itaúsa e Votorantim estão interessadas em comprar a participação da Andrade Gutierrez na empresa.
Itaúsa (ITSA4) subiu 0,7%. Além da notícia do interesse em fatia na CCR, companhia anunciou que vendeu cerca de 1,4% de sua participação na XP, levantando 1,2 bilhão de reais, e informou pagamento de juros sobre capital próprio adicionais.
XP em Wall Street afundou 6,4%.
Petrobras(PETR4) (PETR3) caíram 1,2% e 1,4%, respectivamente, após estatal anunciar redução no preço da gasolina nas refinarias em meio à queda nos preços do petróleo.
Além disso, a Reuters noticiou que a Petrobras elevou o preço pedido por pelo menos uma refinarias no processo de venda, frustrando alguns compradores e atrasando a prometida quebra de monopólio no refino.
Vale (VALE3) fechou estável. Futuros do minério de ferro em Dalian caíram.
VIA (VIIA3) cedeu 6,6%, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 5,1%.
Varejistas de moda, Soma (SOMA3) teve queda de 5,1% e Lojas Renner (LREN3) retrocedeu 4,9%.