Ibovespa cai com tensões na Ucrânia e interrompe sequência de 5 semanas de alta
O principal índice da bolsa brasileira caiu nesta sexta-feira, encerrando a semana em queda, à medida que novas escaladas de tensões na Ucrânia pesaram sobre os mercados globais.
A operadora logística Rumo (RAIL3) foi um dos destaques de baixa, após divulgar resultados do quarto trimestre, enquanto os grandes bancos subiram, em meio a noticiário corporativo e relatório de analistas sobre o setor.
O Ibovespa (IBOV) caiu 0,57%, a 112.879,85 pontos.
O giro financeiro foi de 25,1 bilhões de reais, em sessão de vencimento de opções sobre ações. Na semana, o índice recuou 0,61%, depois de cinco altas semanais seguidas.
Separatistas apoiados pela Rússia anunciaram uma súbita retirada de civis das regiões que ocupam no leste da Ucrânia, o que fez azedou os mercados, que temem uma potencial invasão da Rússia ao país vizinho.
A notícia veio depois de a região presenciar o que algumas fontes descreveram como o mais intenso bombardeio de artilharia no local em anos, com o governo ucraniano e os separatistas se acusando mutuamente. Países ocidentais têm afirmado que a Rússia pode usar o embate como pretexto para invasão da Ucrânia. Moscou nega planejar uma ofensiva.
“É um movimento global de queda dos mercados acionários, porque os investidores estão com certa cautela em torno do noticiário diplomático que envolve Rússia e Ucrânia”, disse Camila Abdelmalack, economista-chefe na Veedha Investimentos.
Os mercados globais ficaram à mercê nas últimas sessões de uma montanha-russa de informações sobre as tensões na Ucrânia.
Com a cena local esvaziada, o Ibovespa seguiu a tendência negativa do exterior, com a segunda sessão de baixa, após sete altas seguidas. As quedas, entretanto, foram menores do que as de Wall Street, diante de patamares de preços ainda atrativos, segundo alguns analistas, e de fluxo estrangeiro.
“A correção no Ibovespa está ocorrendo (após queda em 2021), mas para ter um rally depende muito mais de o mercado voltar a ter uma boa visão para o segmento de ações como um todo”, diz o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice.
Ele afirmou que o mercado acionário pode passar a ter várias “espadas na cabeça” nos próximos meses, como as próprias tensões na Ucrânia, caso não sejam endereçadas rapidamente, e as incertezas sobre o ritmo da elevação de juros nos EUA.
Os principais índices de ações em Nova York caíram nesta sexta, com o Nasdaq cedendo 1,2%.
Destaques
Cielo (CIEL3) disparou 12,3%, maior alta desde outubro, após acertar a venda de sua participação na empresa norte-americana Merchant e-Solutions para uma unidade da Integrum Holdings por até 290 milhões de dólares.
Rumo (RAIL3) caiu 8,8%, maior queda desde março de 2020. A quebra da safra do milho reduziu o volume transportado e levou a empresa a prejuízo de 384 milhões de reais no quarto trimestre.
A Rumo também divulgou estimativa de alta de Ebitda em 2022 abaixo do esperado, disse a XP.
Banco do Brasil (BBAS3) teve acréscimo de 2% e liderou os grandes bancos de varejo.
O Bank of America revisou os números do setor para os próximos anos, com perspectiva de maiores margens financeiras. Ainda, O Globo publcou que o BB voltou a discutir a abertura de capital do BV.
Itaú Unibanco (ITUB4) ganhou 0,38% e Bradesco (BBDC4) subiu 0,57%.
Vale (VALE3) subiu 0,2%, enquanto siderúrgicas recuaram, depois de queda generalizada na véspera puxada pela pressão sob o minério de ferro.
A commodity teve seu pior desempenho semanal desde fevereiro de 2020 na bolsa de Dalian, diante de ações regulatórias da China no mercado.
Petrobras (PETR4) subiu 0,6% e (PETR3) caiu 0,64%.
O desempenho dos papéis melhorou ao longo da sessão com petróleo reduzindo perdas. A commodity fechou sem direção clara, com foco nos avanços das conversas entre Irã e EUA sobre um potencial acordo nuclear e tensões na Ucrânia.
JBS (JBSS3) ON perdeu 2,6%, após retirar proposta de adquirir todas as ações ordinárias em circulação da Pilgrim’s Pride que não fossem de sua propriedade.
Neoenergia (NEOE3) cedeu 1,4%, depois de divulgar resultados do quarto trimestre.