Ibovespa cai com pressão de Vale e Petrobras e correção após sequência de altas
O principal índice da bolsa brasileira recuava nesta segunda-feira, interrompendo oito altas seguidas, em meio a desempenho sem direção comum em Wall Street e de queda nos preços do petróleo.
A perspectiva de uma reunião presencial, a primeira em mais de duas semanas, entre representantes da Ucrânia e da Rússia estava no radar dos mercados.
Petrobras e Vale eram as principais influências negativas ao índice, enquanto JBS e Suzano estavam na ponta contrária.
Às 11h28, o Ibovespa caía 0,78%, a 118.146,82 pontos. O volume financeiro era de 6,2 bilhões de reais.
“Dadas as altas recentes do Ibovespa, o mercado está ensaiando uma correção”, diz Bruna Marcelino, estrategista-chefe da Necton Investimentos, lembrando que o índice já fechou estável na última sessão.
Na sexta-feira, o Ibovespa encerrou o pregão em território positivo, mas bem próximo da estabilidade, com contraponto entre um alívio na curva de juros local e uma queda de ações de commodities. Os juros futuros tinham sessão mais comportada nesta segunda-feira, apontando leve queda nos contratos de médio prazo.
A pesquisa semanal Focus do Banco Central mostrou elevação por economistas na projeção de inflação para 2022 de 6,59% para 6,86% e para 2023 de 3,75% para 3,80%. O boletim foi divulgado novamente com atraso e o Banco Central adiou a publicação de estatísticas nesta semana, em meio a ações de servidores da instituição por reajuste salarial.
No cenário externo, apesar de autoridades ucranianas minimizarem as chances de uma grande avanço nas negociações, a retomada das conversas presenciais entre Kiev e Moscou é um sinal de mudanças nos bastidores, à medida que a invasão da Rússia enfrenta dificuldades. O último encontro frente a frente havia sido em 10 de março.
As informações sobre o início da reunião, que ocorrerá na Turquia, ainda estavam desencontradas, mas o Kremlin afirmou que ela não deve começar até terça-feira.
Destaques
Vale (VALE3) caía 1,1%, mesmo após o preço do minério de ferro atingir uma máxima de sete meses na China, com injeção de recursos pelo governo para evitar falta de liquidez nos mercados. Do outro lado, a elevação de restrições contra Covid-19 em Xangai pesava sobre as commodities, com temores pelo crescimento econômico da China e, consequentemente, efeitos na demanda.
Além disso, a mineradora disse que os acordos individuais firmados relacionados ao caso de Brumadinho superam 3 bilhões de reais.
Petrobras (PETR4) caía 2% e (PETR3) perdia 2,4%, em meio à queda de mais de 7% do petróleo Brent com temores de menor demanda na China na sequência de restrições em Xangai. PetroRio (PRIO3) recuava 4,4% e 3R PETROLEUM ON desvalorizava-se 1,6%.
Marfrig (MRFG3) subia 4,1% e BRF (BRFS3) avançava 2,5%. No final de semana, a BRF informou que recebeu correspondência dos acionistas Marfrig e Previ para o preenchimento de uma vaga na chapa ao conselho de administração da empresa por Aldo Luiz Mendes, ex-diretor do Banco Central.
O setor tem sessão positiva, com altas de 2% da JBS (JBSS3) e de 1,9% de Minerva (BEEF3), em meio à apreciação do dólar ante o real.
Santander (SANB11) tinha queda 2,2% e liderava perdas entre os grandes bancos.
Locaweb (LWSA3) cedia 6,6%. Empresa divulgou balanço na semana passada que gerou reação negativa no mercado.
Enauta (ENAT3), que não está no Ibovespa, afundava 9,2% depois de informar que não foi constatada a ocorrência de hidrocarbonetos no poço exploratório 1-EMEB-3-SES.
Restoque (LLIS3), que também não está no Ibovespa, apontava avanço de 5,2%, após o Brazil Journal publicar que credores da varejista de vestuário propuseram uma troca de dívida por ações envolvendo 1,5 bilhão de reais.