Mercados

Ibovespa cai com Powell e ômicron, mas segura nível dos 100 mil pontos

30 nov 2021, 18:14 - atualizado em 30 nov 2021, 19:36
Ibovespa
O volume financeiro foi alto, de 43,4 bilhões de reais (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta sexta-feira e segurou por muito pouco o patamar dos 100 mil pontos durante o dia.

Declaração do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ajudou a piorar uma sessão já negativa por conta de receios globais com a variante ômicron.

O avanço da PEC dos Precatórios no Congresso brasileiro serviu de contraponto.

O Ibovespa caiu 0,87%, a 101.915,45 pontos, no menor fechamento do ano. Na mínima da sessão, foi a 100.074,61, renovando patamar mais baixo de 2021 no intradiário. O volume financeiro foi alto, de 43,4 bilhões de reais.

Em novembro, o índice caiu 1,51%, a quinta baixa consecutiva, maior sequência de quedas mensais desde o primeiro semestre de 2013. No ano, o Ibovespa cede 14,4%.

Powell disse que o risco de uma inflação mais alta aumentou e que é apropriado considerar uma conclusão da redução da compra de títulos pelo Fed mais rapidamente.

A afirmação derrubou os índices acionários norte-americanos e o Ibovespa, já que a medida deve diminuir a liquidez dos mercados globais, tornando ativos de risco menos atrativos.

O Nasdaq Composite caiu 1,6% e o S&P 500 recuou 1,9%.

Antes de Powell falar, uma declaração do presidente-executivo da Moderna, de que as vacinas contra Covid-19 dificilmente são tão eficazes contra a nova variante quanto são contra outras, contaminou os mercados.

Mais tarde, o presidente-executivo da BioNTech disse que a vacina desenvolvida em conjunto com a Pfizer provavelmente oferecerá forte proteção contra qualquer consequência grave da ômicron.

Do lado doméstico, investidores viram a PEC dos Precatórios ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Além disso, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que o texto pode ser levado ainda nesta terça-feira ao plenário, a depender das negociações entre a relatoria e senadores. Inicialmente, a previsão de análise em plenário era quinta-feira.

Vitor Suzaki, analista do banco Daycoval, vê um cenário ainda de incertezas no curto prazo para o Ibovespa, tanto no exterior quanto no campo doméstico.

Ele diz que a questão fiscal deve seguir em pauta mesmo após a potencial aprovação da PEC, dado que 2022 é ano eleitoral. “Aprovar minimamente a PEC dos Precatórios, da forma como está, por pior que seja, talvez seja o melhor dos caminhos.”

Ainda assim, ele acredita que se não tiver nenhum “fator negativo vindo de Brasília”, o índice deve segurar o patamar dos 100 mil pontos, ao menos nos próximos dias.

Para fechar sessão movimentada, que teve também dados de emprego, números fiscais e declarações de autoridades locais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou no fim da tarde que dois brasileiros apresentaram, preliminarmente, resultado laboratorial positivo para a variante ômicron.

A notícia, no entanto, não mudou o rumo dos negócios, com o Ibovespa reduzindo queda com a PEC no radar.

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Destaques da Sessão e do Mês

B3 (B3SA3) caiu 3,4% na sessão, sendo a principal contribuição negativa para o índice. Foi a terceira baixa consecutiva da ação.

Vale (VALE3) subiu 0,7% na sessão e foi a maior contribuição positiva ao índice, após os contratos futuros do minério de ferro chinês saltarem mais de 6% nesta terça-feira, impulsionados pela recente demanda de reabastecimento das siderúrgicas.

Gerdau (GGBR4), que realizou reunião com analistas e investidores, fechou estável.

CVC (CVCB3) caiu 6,4%, Azul (AZUL4) cedeu 0,5% e Embraer (EMBR3) recuou 3,1%, enquanto Gol (GOOL4) subiu 2,6%.

CCR (CCRO3) subiu 7% e foi a maior alta do índice em percentual.

Ânima (ANIM3), que não está no Ibovespa, subiu 26,3% e fechou no mês em alta de 29,7%, após a anunciar venda de 25% de participação em sua subsidiária de medicina Inspirali para a DNA Capital por 1 bilhão de reais.

Foi a maior alta da história da empresa na bolsa. Ainda no setor de educação, Yduqs (YDUQ3) subiu 4,4%, entre as maiores altas do índice no pregão.

Natura (NATU3) caiu 0,7% na sessão e somou queda de 31,4% no mês, a maior entre os papéis do Ibovespa.

Desempenho em novembro mudou de direção após a apresentação de resultados da companhia na manhã de 12 de novembro. Analistas viram resultado abaixo das estimativas e, em paralelo, a empresa adiou em um ano, para o final de 2024, a projeção de margem Ebitda consolidada da companhia, situada dentro da faixa de 14% a 16%.

Locaweb (LSAW3) caiu 10,1% na sessão, a maior queda em percentual do Ibovespa, e tomou um tombo de 27,9% em novembro.

A performance negativa dos papéis também foi impulsionada após a divulgação do balanço trimestral, na noite de 10 de novembro.

Além disso, houve movimento de venda em ações ligadas à tecnologia, aqui e no exterior, em meio à alta dos rendimentos dos Treasuries.

Magazine Luiza (MGLU3) caiu 3% na sessão e acumulou perdas de 27,8% em novembro. A varejista, assim como a Natura, foi outra vítima da safra de balanços anterior ao pregão de 12 de novembro  e do ambiente macroeconômico, com inflação e juros subindo.

A companhia reportou desaceleração nas vendas no terceiro trimestre, estoques excessivos e um tombo de quase 90% no lucro líquido ano a ano.

TIM (TIMS3) cedeu 0,7% na sessão, mas foi a ação de melhor desempenho do Ibovespa no mês, com alta de 23%. Logo no início de novembro, o papel foi impulsionado por decisão da Superintendência-Geral do Cade de recomendar a aprovação da venda da Oi Móvel, mas com restrições.

Nos dias seguintes, houve o leilão de frequências do 5G, no qual a TIM esteve entre as empresas que arremataram os principais lotes.

O papel ainda foi beneficiado por uma decisão tributária favorável ao setor dada pelo Supremo Tribunal Federal, e por uma proposta bilionária de compra de sua controladora, a Telecom Italia, pela KKR.