Ibovespa cai com peso de bancos, Petrobras e com Copom no radar
O principal índice da bolsa brasileira caiu nesta quarta-feira, sob pressão das ações de bancos, contaminadas pelo resultado abaixo do esperado do Santander Brasil (SANB11), e com a pressão dos papéis da Petrobras (PETR4).
Investidores aguardam a decisão de política monetária do Banco Central (BC), em especial o tom de seu comunicado.
O Ibovespa (IBOV) recuou 1,18%, a 111.894,36 pontos. O volume financeiro da sessão foi de 25,4 bilhões de reais.
A curva de juros do Brasil precificava 97% de chance de uma alta de 1,5 ponto percentual na Selic nesta quarta-feira, elevando a taxa básica de juros do país a 10,75% ao ano, o que foi confirmado pelo Banco Central após o fechamento do mercado.
A maior expectativa, entretanto, era pelo comunicado do Comitê de Política Monetária, com o mercado buscando pistas dos próximos passos da política monetária. No comunicado divulgado com a decisão, o BC afirmou ver como adequada para seus próximos passos a redução do ritmo de ajuste da Selic.
O Ibovespa interrompeu duas sessões de alta, em sessão de noticiário corporativo movimentado, em parte pelo início da temporada de balanços local.
A produção industrial do Brasil subiu 2,9% em dezembro na comparação mensal, divulgou pela manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), resultado bem acima das projeções de economistas em pesquisa da Reuters, de alta de 1,5%. Em contraponto, dados da indústria automotiva mostraram vendas fracas do setor em janeiro.
A queda do Ibovespa, mesmo com dado de produção industrial positivo e balanços acima do esperado nos EUA, parece mostrar uma correção, após alta firme do índice em janeiro e o noticiário corporativo, segundo Leonardo Milane, estrategista-chefe da VLGI Investimentos.
Em Brasília, houve cerimônia de abertura do ano legislativo, mas os discursos não trouxeram grandes novidades sobre pautas no Congresso.
Os principais índices de ações subiram pela quarta sessão seguida em Wall Street, impulsionados pelos resultados da Alphabet, dona do Google, e da fabricante de chips AMD, que superaram as estimativas do mercado. O destaque foi o avanço de 0,9% do S&P 500.
Também houve o anúncio de fechamento inesperado de vagas de trabalho no setor privado dos EUA em janeiro. O resultado veio antes de dado de emprego que sai na sexta-feira.
Destaques
Santander Brasil (SANB11) caiu 3%, quarta queda seguida, após o banco registrar lucro líquido de 3,88 bilhões de reais no quarto trimestre, ante projeções de analistas ouvidos pela Refinitiv, de 4,3 bilhões.
A XP destacou a “qualidade dos ativos mais baixa” e que, diante de cenário econômico mais adverso no curto prazo, “o banco pode precisar elevar provisões durante 2022, uma vez que a taxa de inadimplência segue subindo, potencialmente impactando sua rentabilidade”.
Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 1,6%, Bradesco (BBDC4) cedeu 1,8% e Banco do Brasil (BBAS3) recuou 1,66%.
Por ser o primeiro dos grandes bancos a publicar resultados, o Santander é usado como prévia do resultado para os outros bancos, escreveram analistas da Guide Investimentos.
BRF (BRFS3) afundou 7,77%, maior tombo desde agosto de 2020 e quarta queda seguida, após precificar follow-on a 20 reais por ação, desconto de 7,5% sobre o preço de fechamento de terça-feira, captando 5,4 bilhões de reais.
Petrobras (PETR4) caiu 1,5%, mesmo com alta nos preços do petróleo, após a Opep+, Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados liderados pela Rússia, confirmar aumentos moderados planejados na produção.
Vale (VALE3) subiu 0,6%, enquanto siderúrgicas CSN (CSNA3) avançou 0,5% e Gerdau (GGBR4) teve alta de 0,8%.
Bradespar (BRAP4), acionista da Vale, subiu 1,15%.
Inter (BIDI11) desabou 9,5%, enquanto nos EUA Pagseguro (PAGS) e Stoneco (STNE) cederam 11,9% e 12,4%, respectivamente.
IRB Brasil (IRBR3) caiu 9%, maior queda desde outubro de 2020, após o Citi, que tem recomendação de “venda” para ação, divulgar relatório sobre encontro com diretor financeiro do IRB, Willy Jordan.
Para os analistas do Citi, após prejuízos em 2021, o IRB está novamente em situação delicada, mas há muitas opções para melhorar a estrutura de capital, como aumento de capital, realocação de ativos e venda de portfólios.
Americanas (AMER3) subiu 0,4%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) cedeu 7,1% e VIA (VIIA3) caiu 6,4%.
Eletrobras (ELET6) cedeu 3,1%, após o jornal Valor Econômico dizer que um erro metodológico identificado nos estudos técnicos referentes à privatização da companhia revelou uma subavaliação “gigantesca” no valor da outorga que deve ser paga ao governo pelos novos donos da empresa, o que poderia resultar em problemas para o andamento do processo.
IMC , que não está no Ibovespa, subiu 4,9%. Fundos administrados pela gestora UV, uma das principais acionistas da companhia, pediram assembleia extraordinária para discutir retirada de mecanismos de proteção contra aquisição previstos no estatuto da empresa.