Mercados

Ibovespa cai com exterior negativo por crise na Ucrânia, apesar de dados macro positivos

04 mar 2022, 19:23 - atualizado em 04 mar 2022, 19:23
Ibovespa
O volume financeiro da sessão foi de 28,1 bilhões de reais (Imagem: Reuters/Rahel Patrasso)

O principal índice da bolsa brasileira caiu nesta sexta-feira, mas fechou longe das mínimas, em sessão de aversão ao risco após ofensiva da Rússia contra a maior usina nuclear da Europa, na Ucrânia, elevar temores sobre a guerra e ofuscar dados macroeconômicos positivos.

O setor financeiro foi a principal influência negativa para o índice, enquanto mineradoras, siderúrgicas e outras exportadoras, como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11), tiveram desempenho positivo.

O Ibovespa (IBOV) caiu 0,60%, a 114.473,78 pontos. Ainda assim, subiu 1,18% na semana, que teve menos dias de negociação por causa do Carnaval.

O volume financeiro da sessão foi de 28,1 bilhões de reais.

Alan Gandelman, presidente-executivo da Planner Corretora, disse que a bolsa brasileira seguiu o humor negativo do mercado internacional, mas que a entrada de investimento estrangeiro no país segue limitando as perdas em comparação a outras praças.

Segundo ele, o Brasil é “concorrente” da Rússia, alvo de sanções, na atração de capital internacional, o que pode estar ajudando a elevar a entrada de recursos.

As incertezas com a guerra seguem despertando alta volatilidade e cautela nos mercados. Em Wall Street, os índices caíram, mesmo após a criação de vagas de trabalho no setor privado não-agrícola dos EUA em fevereiro superar a estimativa do mercado. A taxa de desemprego também veio melhor que o esperado.

O S&P 500 recuou 0,8%, o Nasdaq Composite perdeu 1,7% e o Dow Jones desvalorizou-se 0,5%.

No caso do Ibovespa, a queda ocorreu apesar da alta de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2021 sobre o terceiro trimestre, ante expectativa de expansão de 0,1% de analistas em pesquisa da Reuters.

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Destaques

Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 1,5%, Bradesco (BBDC4) teve queda de 2,9%, Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 2,5% e Santander Brasil (SANB11) desvalorizou-se 1,9%.

Petrobras (PETR4) fechou estável e (PETR3) perdeu 0,7%, mesmo com nova disparada dos preços do petróleo.

O contrato tipo Brent saltou 7% na sessão, a 118,1 dólares o barril, com temores de disrupção nas exportações pela Rússia, após sanções do Ocidente ao país.

Petrorio (PRIO3) recuou 0,9%, enquanto 3R Petroleum (RRRP3) encerrou no zero.

Vale (VALE3) subiu 2,3%, quinta sessão seguida de alta, na esteira de novo avanço dos contratos do minério de ferro na China, onde eles acumularam maior ganho semanal em mais de dois anos, com acréscimo de quase 20%.

Gerdau (GGBR4)  teve valorização de 3,9% e Bradespar (BRAP4), que tem participação em Vale, cresceu 5%.

Azul (AZUL4) caiu 7,8% e GOL(GOLL4) cedeu 7,6%, diante de nova disparada nos preços do petróleo, o que afeta o custo das empresas aéreas com combustível, e alta do dólar.

No setor de turismo, CVC (CVCB3) perdeu 6,7%.

Suzano (SUZB3) ganhou 6,7%, enquanto Klabin (KLBN11) avançou 4,8%, beneficiadas pela alta do dólar frente ao real, já que as empresas são exportadoras e possuem receita atrelada à moeda norte-americana.

JHSF (JHSF3) recuou 5,8% e Cyrela (CYRE3) cedeu 3,3%, em meio ao avanço dos juros futuros setor imobiliário é sensível às expectativas de mudança nas taxas de juros. Empresas ligadas à tecnologia também tiveram pregão negativo:

Inter (BIDI11) perdeu 6,1% e Locaweb (LSAW3) teve baixa de 5,4%.

IRB Brasil (IRBR3) caiu 4,9%, após duas sessões de alta e à medida que analistas do Credit Suisse cortaram o preço-alvo para a ação de 5 reais para 3,35 reais. O banco tem recomendação “underperform” para o papel.

BRF (BRFS3) caiu 3,7%.

China suspendeu suas compras de aves de uma unidade da empresa localizada em Lucas do Rio Verde (MT), mas a companhia espera que a medida não traga efeitos negativos para suas margens.

reuters@moneytimes.com.br