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Ibovespa cai 10% e aciona circuit breaker com nervosismo global; Petrobras derrete

09 mar 2020, 12:46 - atualizado em 09 mar 2020, 12:46
Mercados Ibovespa B3
Mercado em pânico após queda nos preços do petróleo (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

A bolsa paulista começava a semana com fortes perdas, acionando o mecanismo de circuit breaker nesta segunda-feira pela primeira vez em três anos, após o Ibovespa cair 10%, em meio ao nervosismo global.

A correria de venda entre os investidores fazia Petrobras desabar mais de 20% e perder 81 bilhões de reais em valor de mercado, na esteira do tombo dos preços do petróleo no exterior.

Às 12:43, o Ibovespa caía 8,92 %, a 89.259,77 pontos. O volume financeiro somava 12,2 bilhões de reais.

Por volta de 10:30, a bolsa acionou o circuit breaker, quando o Ibovespa tocou 88.178,33 pontos, uma queda de 10,25%. Os negócios foram paralisados por 30 minutos. Na volta, o Ibovespa renovou mínima em 87.954,79 pontos, tocando patamares de dezembro de 2018.

A última vez que o circuit breaker foi acionado foi em 18 de maio de 2017, no que ficou conhecido no mercado como “Joesley Day”, um dia após vir a público gravação de conversa entre o então presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, bem como sua delação relacionada a atos de corrupção envolvendo políticos.

Nesta segunda-feira, o gatilho para as fortes vendas na bolsa veio do Oriente Médio, após a Arábia Saudita ter sinalizado que elevará a produção para ganhar participação no mercado, bem como cortado preços oficiais de venda de petróleo, o que fez os preços da commodity caírem mais de 30% no pior momento, o maior recuo diário desde a Guerra do Golfo, em 1991.

O Goldman Sachs cortou previsão para os preços do petróleo Brent para o segundo e terceiro trimestres de 2020 para 30 dólares o barril, “com possíveis quedas de preços para níveis de estresse operacional e custos de caixa bem próximos de 20 dólares o barril”, conforme relatório a clientes.

As ações dos sauditas eram mais um componente negativo a um mercado já avesso a risco pelas preocupações relacionadas ao novo coronavírus. Wall Street tinha quedas ao redor de 6%.

“Ainda estamos passando por um momento perigoso, com extrema volatilidade…não bastasse a piora no quadro da epidemia de coronavírus ameaçar estancar todo o crescimento econômico previsto, neste final de semana tivemos a guerra aberta pela Arábia Saudita no front da produção de petróleo contra a Rússia“, chamou a atenção a equipe do BTG Pactual.

Isso “pegou uma mercado fragilizado, ainda muito comprado levando os investidores ao pânico”, destacou em nota a clientes, ressaltando que, neste momento, é necessário muita cautela, enquanto agentes estão ainda na fase de descoberta de quais os preços estarão corretos para as novas condições de PIB global.

De acordo com o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, muitos investidores reagem em situação de pânico, mas ainda não se pode dizer nada sobre a duração ou intensidade do estresse experimentado pelos mercados. “Cada dia surge um fato novo. Pode sair um fato novo positivo que reverte tudo, ou outro que piora mais ainda.”

Destaques

Petrobras (PETR4) afundava 24,3% e Petrobras (PETR3) derretia 23,2%, afastando-se das mínimas, contudo, quando o declínio chegou a representar uma perda de quase 81 bilhões de reais em valor de mercado. A Petrobras disse que está monitorando o mercado de petróleo, mas considera que é cedo para falar de impactos sobre suas operações. No exterior, os preços do petróleo também reduziram a queda e o Brent caía ‘apenas’ 19%.

Vale (VALE3) mostrava declínio de 9,3%, contaminada pela onda de vendas generalizadas, com o minério de ferro na China também fechando em baixa. A Vale também divulgou nesta segunda-feira que o talude norte da cava de sua mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), “continua deslizando para dentro da estrutura”.

Itaú Unibanco (ITUB4) perdia 6,2% e Bradesco (BBDC4) caía 6,6%, também afetados pelo clima negativo no mercado como um todo. BTG Pactual (BPAC11) liderava as perdas entre os bancos do Ibovespa, com queda de 12%.

Via Varejo (VVAR3) despencava 16%, também entre as maiores quedas, tendo de pano de fundo forte valorização do papel em 2019 e no começo do ano. A rival Magazine Luiza (MGLU3) perdia 8%.

Hypera (HYPE3) ON caía 8%, tendo no radar resultado divulgado após o fechamento do mercado na sexta-feira, com queda de 22,9% no lucro líquido do quarto trimestre, para 238,8 milhões de reais no quarto trimestre de 2019. A empresa afirmou em teleconferência sobre o resultado que deve reduzir promoções e descontos em 2020 e contratar hedge para aquisição de parte de ativos latino-americanos da Takeda.

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