Má notícia para Ibovespa: Brasil sofre ‘onda’ de cortes de bancos gringos; veja motivos
O pessimismo com o fiscal do Brasil fez com que pelo menos três bancos cortassem a recomendação para a bolsa brasileira de compra para neutra nas últimas semanas.
Antes mesmo do pacote de gastos de R$ 70 bi, considerado insuficiente por parte do mercado, e a isenção do Imposto do Renda para quem ganha R$ 5 mil, JPMorgan e Morgan Stanley haviam ‘tesourado’ a indicação de compra para neutro.
“O Brasil permanece em um impasse fiscal que provavelmente necessitará de um ponto de virada”, afirma o Morgan Stanley. Para o banco, a capacidade de o governo brasileiro convencer os mercados sobre as metas fiscais é chave para manter a confiança de investidores domésticos e internacionais no país.
O cenário-base do Morgan é de que o governo continue avançando “aos trancos e barrancos” em relação ao fiscal, o que manteria a taxa de juros elevada.
“O governo realiza alguns cortes de despesas próximos às expectativas do mercado (cerca de R$ 50 bilhões) – o crescimento econômico e dos lucros desacelerariam, mas evitariam uma recessão, e os fluxos líquidos de saída de capital doméstico permaneceriam nos níveis atuais”, acrescenta.
Já o JPMorgan escreveu que o crescimento mais lento da China pode ter impactos no Brasil por meio de preços mais baixos de commodities e prejudicar os fluxos de investimentos para o país.
Ainda segundo o banco, o aperto monetário no Brasil deve durar pelo menos até o primeiro semestre de 2025, o que bate nas ações. Em outros ciclos de alta, nenhum setor teve desempenho positivo.
“A única exceção é o período entre 2003 e 2005, quando o Brasil estava apertando em meio a um super ciclo de commodities e boas políticas do governo Lula naquela época”, diz.
O banco revisou sua projeção da Selic ao fim do atual ciclo de alta de 13% para 14,25%, ao diagnosticar um aprofundamento do conflito entre a política fiscal e a política monetária após o anúncio do pacote fiscal do governo.
Corrosão do fiscal
Em relatório da última sexta, a Julius Baer disse que a incerteza continua na frente fiscal, que corroeu a confiança do mercado nos últimos meses. Junto com isso, o aperto monetário pode ser ainda maior para a Selic, com expectativas de que a taxa de política suba dos atuais 11,25% para 14,50% até junho de 2025.
“As incertezas em torno do progresso fiscal, taxas de juros mais altas por mais tempo em 2025 e a falta de catalisadores otimistas dificultam a manutenção de uma perspectiva positiva sobre as ações brasileiras”, disse.
Os analistas dizem que embora as estimativas de consenso apontem para um crescimento atraente do lucro por ação (EPS) de 16% para 2025 e 15% para 2026, “esperamos revisões para baixo devido a taxas de juros mais rígidas em 2025”.
“Além disso, quando os cortes nas taxas voltarem ao foco no terceiro trimestre de 2025, o Brasil se aproximará de sua próxima eleição presidencial em 2026, o que sugere menos progresso nas preocupações fiscais”, recordam.
Ainda segundo o banco, um dólar americano mais fraco ou anúncios de estímulo chinês podem fornecer algum suporte para os ativos brasileiros, “mas não esperamos que esses fatores compensem totalmente a tendência de enfraquecimento doméstico”.
“Para investidores que buscam exposição ao Brasil, altas taxas de juros reais em renda fixa podem oferecer uma oportunidade mais atraente do que ações neste momento”.
Com informações da Reuters e Agência Estado