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Ibovespa: Bolsa segue “barata e atrativa”, mas à espera de catalisador; o que esperar para agosto?

02 ago 2022, 17:37 - atualizado em 02 ago 2022, 17:37
Ibovespa
(Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A eminente recessão econômica nos EUA, a temporada de resultados, as elevações das taxas de juros, tanto brasileira quanto global, e os índices econômicos globais pressionados ditarão o caminho do Ibovespa (IBOV) no mês de agosto, afirmam os analistas.

Um dos principais riscos para o investidor, no período, é a materialização de uma recessão mais profunda, “já que o mercado ainda está precificando uma desaceleração econômica em um ritmo moderado”.

Além disso, o ciclo de alta dos juros no mundo direciona a atenção dos investidores à renda fixa e abala a atração aos ativos de maior risco.

Apesar disso, para o longo prazo, os analistas reforçam que vale a pena seguir investido na renda variável, pois a Bolsa brasileira segue “barata e atrativa”. A equipe de pesquisa da XP Investimentos mantém os 120 mil pontos para o Ibovespa como valor justo para o final do ano.

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Recessão e seus impactos para o investidor

Globalmente, os riscos de recessão estão aumentando, alerta a XP. Segundo os analistas, um dos principais impactos desses riscos é a queda nos preços de commodities.

Dentre as metálicas, o cobre – um indicador que, de acordo com os analistas, geralmente antecipa uma atividade economia mais fraca – caiu quase 30% desde seu pico recente. O petróleo também caiu ao redor de 12%.

A equipe da XP explica que as quedas das commodities têm impactado principalmente mercados considerados mais cíclicos, que é o caso do Brasil. “Como reflexo de preços de commodities em queda, e o sentimento global de aversão ao risco, o Brasil também perdeu o suporte do forte fluxo de capital estrangeiro vistos nos primeiros meses do ano”, avaliam.

Os analistas afirmam que o mercado ainda parece estar precificando uma desaceleração econômica em um ritmo moderado. Portanto, um dos principais riscos é a materialização de uma recessão mais profunda, que poderia a ampliar as quedas.

Além disso, a XP lembra que é importante ficar de olho na projeção de lucros das empresas listadas na Bolsa. “Historicamente, períodos de recessão são marcadas por uma contração nos lucros das empresas, indicando que, atualmente, os analistas ainda não precificaram uma recessão nos lucros”, alertam.

Os analistas explicam que é necessário entender se a alta da inflação está pressionando as margens das companhias, indicando se elas estão conseguindo repassar o aumento de custos.

Para ficar de olho

No Brasil, os analistas ainda alertam quanto às preocupações fiscais. A aprovação da PEC do Estado de Emergência e a redução da cobrança de ICMS sobre combustível e energia, que elevam os gastos públicos, têm como consequência o aumento na percepção do risco fiscal do país.

Como resultado, os juros reais de longo prazo voltaram a subir para aproximadamente 6%, “o que é bastante negativo para o custo de capital para as empresas brasileiras”, afirmam os analistas da XP.

Além dessa preocupação, com a aproximação das eleições presidenciais em outubro, começam a surgir os riscos políticos. “Olhando para o histórico de volatilidade do Ibovespa antes e depois de períodos eleitorais, observamos que, na média, ela tende a aumentar entre 3 a 4 meses antes das eleições, e diminuir gradualmente depois”, reiteram os analistas.

O que esperar do Ibovespa?

A XP Investimentos ressalta que o valuation barato continua sustentando o Ibovespa. Na visão dos analistas, o Brasil continua com um desempenho superior relativo aos mercados globais.

Atualmente, o preço/lucro (P/L) projetado do principal índice da B3 se encontra em 6,1x. Quando retiradas as empresas de commodities, ou somente Petrobras (PETR3PETR4) e Vale (VALE3), o P/L vai para, respectivamente, 9,8x e 9,0x, “ambos menores do que as médias históricas”, destacam.

Além disso, quebrando o Ibovespa setorialmente, todos os setores no Brasil estão com seus múltiplos negociados abaixo ou próximos às médias de longo prazo.

A corretora mantém valor justo do Ibovespa em 120 mil pontos para o final de 2022, com base no modelo de fluxo de caixa descontado, no preço/lucro alvo — que assume um múltiplo de 8x, ainda abaixo da média histórica de 11x —, e no EV/EBITDA de 5,0x — também abaixo da média de 6,5x.

Na análise da XP, o índice pode apresentar retornos positivos de 35% nos próximos 12 meses, 42% em 18 meses, e 49% daqui 24 meses — “retornos mais interessantes do que o S&P 500”.

Renda fixa ou renda variável?

Segundo os analistas da XP, as ações brasileiras continuam mais atrativas do que a renda fixa.

O Prêmio de Risco, que compara rendimento de renda variável com as taxas de juros reais, mostra que as ações brasileiras estão baratas mesmo considerando o alto nível das taxas de juros locais.

O nível atual de Prêmio de Risco está em 10,1%, superior à média histórica de 4,9%.

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