Balanços asseguram semana positiva para Ibovespa apesar de ataques de Bolsonaro e deterioração fiscal
O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta sexta-feira, assegurando uma performance positiva no acumulado da primeira semana de agosto, que foi marcada por resultado da Petrobras (PETR4), mas também por aumento da tensão no ambiente político e do risco fiscal no Brasil.
Petrobras foi essencial para a performance da bolsa paulistas nesta semana, com resultado bem acima das previsões do mercado, além de antecipação de dividendos, mas o mercado também recebeu positivamente números de outros nomes como Itaú Unibanco, Gerdau, JHSF e Totvs.
Mas nem todos agradaram. Bradesco terminou a semana com desempenho negativo, apesar da forte alta no lucro do segundo trimestre, com agentes financeiros focando as atenções no desempenho fraco da área de seguros do banco. Braskem também acumulou queda mesmo com lucro multibilionário.
“O noticiário político está fervendo”, afirmou Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos, ressaltando que os ataques de Bolsonaro ao TSE e os planos envolvendo os precatórios estão deixando o mercado estressado e atrapalhando um desempenho mais favorável da bolsa brasileira.
Outra sinalização negativa para a área fiscal veio com a aprovação pelo Senado de proposta que reabre um programa de regularização tributária no país, popularmente conhecido como Refis, que extrapola o que havia sido combinado com a equipe econômica.
Apesar da volatilidade, os números sobre o fluxo estrangeiro no segmento Bovespa mostraram saldo positivo de 927 milhões de reais nos três primeiros pregões da semana, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela B3, após as saídas superarem as entradas em 8,25 bilhões de reais em julho.
A B3 também divulgou na segunda-feira a primeira prévia do Ibovespa para o último quadrimestre do ano, com as entradas de Alpargatas ON, Banco Inter PN, Banco Pan PN, Méliuz ON e Rede D’Or ON, totalizando 89 ativos de 85 empresas.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,97%, a 122.810,36 pontos, acumulando alta de 0,83% na semana e no mês. No ano, avança 3,19%.
O índice Small Caps fechou a sessão com acréscimo de 0,52%, a 2.936,14 pontos, mas recuo de 0,89% na semana e mês, ajustando o desempenho positivo em 2021 para 4,03%.
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 24,1 bilhões de reais.
Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:
Petrobras (PETR3) e Petrobras (PETR4) valorizam-se 5,85% e 5,50%, respectivamente, embaladas pelo forte resultado do segundo trimestre, com o lucro líquido de 42,86 bilhões de reais superando com folga as previsões de analistas.
A petrolífera também antecipou o pagamento de remuneração ao acionista referente ao exercício de 2021 no montante de 31,6 bilhões de reais. O Credit Suisse elevou a recomendação das ações para “outperform” após os dados.
Copel (CPLE5) avança 7%, tendo de pano de fundo conclusão da venda da Copel Telecom após leilão vencido pela Bordeaux Participações em novembro de 2020, com o valor final da operação em 2,5 bilhões de reais.
A Copel estima um efeito positivo de aproximadamente 1,2 bilhão de reais no resultado do terceiro trimestre. Ao Valor Econômico, nesta semana, o presidente da estatal paranaense estimou concluir a venda da distribuidora de gás Compagas no primeiro semestre de 2022.
A Copel reporta balanço do 2º trimestre na próxima semana.
Totvs (TOTS3) sobe 5,63%, em período marcado pela divulgação do balanço do segundo trimestre, com alta no lucro e desempenho influenciado pelo aumento de receitas da divisão principal de softwares de gestão, enquanto os negócios nascentes de serviços financeiros e business performance decolaram.
Após o balanço, o BTG Pactual (BPAC11) elevou o preço-alvo das ações de 38 para 45 reais e reiterou a recomendação de “compra”.
CVC Brasil (CVCB3) cai 7,76%, ampliando a correção desde o final de junho, após quatro meses consecutivos de valorização, em meio ao noticiário mais negativo sobre a pandemia de Covid-19 no mundo, particularmente a disseminação da variante Delta do coronavírus.
No ano, as ações ainda acumulam uma valorização de quase 4%. A operadora de turismo apresenta seu desempenho do segundo trimestre na próxima sexta-feira.
Ecorodovias (ECOR3) perde 6,51% em agosto, engatando o terceiro mês consecutivo com desempenho negativo, com os papéis sofrendo desde a oferta subsequente de ações realizada em junho.
Nem o salto no lucro do segundo trimestre, com a retomada do tráfego nas concessões da empresa para níveis anteriores aos da pandemia da Covid-19, freou o ajuste.
O movimento ainda teve de pano de fundo mais recentemente o aumento nas taxas futuras de juros no Brasil.
Localiza (RENT3) recua 6,28%, dando continuidade ao declínio que marcou o final do mês passado, mesmo após divulgar um lucro quase cinco vezes maior no segundo trimestre, enquanto analistas chamaram a atenção para o volume mais fraco no segmento de aluguel de veículos (RaC) e na dinâmica da margem. Investidores seguem na expectativa do parecer final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a proposta de compra da Unidas pela companhia.
Unidas (LCAM3) cai 5,11% no mês.
Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:
– Índice financeiro: +1,41%
– Índice de consumo: -0,02%
– Índice de Energia Elétrica: +0,33%
– Índice de materiais básicos: -0,09%
– Índice do setor industrial: +0,83%
– Índice imobiliário: -1,76%
– Índice de utilidade pública: +0,65%