Ibovespa amplia queda com fator Gleisi; entenda
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O Ibovespa, que já tinha um dia fraco diante da baixa liquidez pré-carnaval, ampliou as perdas após o Governo Lula anunciar Gleisi Hoffmann para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência no lugar de Alexandre Padilha, que foi deslocado para o Ministério da Saúde.
Por volta das 16h40, o índice caia 1,45%, a 122.986 pontos. Já o dólar disparava 1,40%, a R$ 5,91.
Nos bastidores, Gleisi é vista como um nome mais ligado ao PT, o que pode dificultar as negociações entre o Governo e o Congresso. Para Rafael Passos, da Ajax Asset, a nomeação é uma sinalização muito ruim.
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“No final do ano passado, o mercado já havia dado um sinal claro de que o direcionamento do governo estava errado. Isso se refletiu na abertura da taxa, na disparada do dólar e, no início deste ano, na queda de popularidade do governo”.
Ainda segundo ele, ao indicá-la, fica claro que o PT se fecha no próprio núcleo. “No futuro, pode-se até discutir um eventual desembarque do centrão, e não seria surpresa se isso começasse a ser cogitado”, diz.
Já Victor Benndorf, da corretora que leva o seu sobrenome, diz que a chegada de Gleisi é a cereja do bolo.
“Mais recentemente, saíram os dados do Caged, com números de desemprego ainda fortes, indicando que a economia segue relativamente aquecida. Isso não é bom para a inflação. Além disso, o governo está apenas com a cabeça para fora da cova em termos de popularidade”, completa.
Segundo Gustavo Jesus, da RGW Investimento, Gleisi tem estilo mais radical e é ligada a movimentos sociais e sem muita afinidade ou compromisso com ajuste fiscal.
“Ela é sempre crítica ao que se fala de ajuste fiscal. Ela tem um estilo mais combativo, um tom mais panfletário. Tudo isso gera muitas dúvidas sobre como ficará a articulação do governo, que já é considerada ruim. Recentemente, no financiamento do Plano Safra, faltou articulação com o Congresso para que as coisas fossem feitas a tempo. Agora, tudo tende a ficar ainda mais complicado”.
E lá fora?
Nos Estados Unidos, dados mostraram queda inesperada nos gastos dos consumidores no primeiro mês do ano, mas o índice de preços de despesas com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) mostrou resiliência, com alta de 0,3%, o pode dar argumento para que o Federal Reserve adie o corte dos juros por algum tempo.
O mercado também repercute o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que entraram em conflito nesta sexta-feira, com Zelenskiy questionando a inclinação de Trump em direção à Rússia e Trump acusando-o de ser desrespeitoso, conforme suas diferenças explodiam em uma discussão aos gritos.
Com Reuters