Ibovespa: Alta de 120%, queda de 80%; veja as ações campeãs e perdedoras de 2023
O enredo do Ibovespa em 2023 lembrou mais uma trama mexicana, com reviravoltas a cada cena, do que um filme de terror, previsto por parte do mercado em janeiro.
Até novembro, parecia que, de fato, teríamos mais um ano perdido, com o índice ‘preso’ nos 110 mil pontos. Porém, bastou Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve, nos Estados Unidos, sinalizar menos juros para que tudo mudasse.
No ano, a bolsa acumulou disparada de 23%, sendo que grande parte dessa ‘pernada’ se deu nos dois últimos meses, quando subiu 17%.
Aqui no Brasil, Roberto Campos Neto deu inicio ao corte de juros, que saiu de 13,75% para os atuais 12,25%.
Para o ano que vem, o mercado vislumbra juros em 9%. Isso ajudou empresas ligadas aos juros a dispararem, como foi o caso da Yduqs (YDUQ3). Contudo, nem isso ajudou a Casas Bahia (BHIA3) a vencer a desconfiança do mercado.
Veja as cinco maiores altas:
Empresa | Ticker | Alta (%) |
---|---|---|
Yduqs | YDUQ3 | 123,14 |
CSN Mineração | CMIN3 | 119,17 |
Ultrapar | UGPA3 | 114,66 |
Cyrela | CYRE3 | 94,74 |
Petrobras | PETR4 | 94,35 |
Veja as cinco maiores quedas:
Empresa | Ticker | Queda (%) |
---|---|---|
Casas Bahia | BHIA3 | -81,03 |
Pão de Açúcar | PCAR3 | -40,67 |
Minerva | BEEF3 | -38,88 |
Petz | PETZ3 | -36,70 |
Alpargatas | ALPA4 | -32,89 |
Yduqs, educação, sim, senhor
O setor de educação foi bastante castigado na pandemia, quando as universidades e escolas foram obrigadas a fecharem. Agora, somada a queda dos juros e a melhora do ambiente econômico, o segmento parece caminhar para uma recuperação.
Mas apesar da alta no ano, a ação da Yduqs está bem longe do patamar pré-pandemia, quando o papel chegou a R$ 56. Recentemente, o JPMorgan elevou a recomendação da empresa para overweight, o que equivale a compra. Além da classificação, o banco americano aumentou o preço-alvo de R$ 25 para R$ 28,50.
O banco destaca que nos últimos 12 meses, a empresa gerou R$ 135 milhões em caixa, 2% de sua capitalização de mercado, ficando atrás apenas da Afya, player focado em medicina.
“Mais do que isso, a Yduqs é a companhia menos alavancada em nossa cobertura de educação”, acrescenta.
Ademais, vê a Yduqs sendo negociada a 8,1 vezes P/L (preço sobre lucro) ao fim de 2024, ao passo que os resultados devem crescer a 12% CAGR (taxa de crescimento anual composto) para 2024-27.
Já o Santander elegeu a empresa como a segunda favorita no setor, atrás apenas da Ânima (ANIM3). O banco lembra que as ações da Yduqs são mais líquidas e, portanto, costumam atrair maior interesse por parte dos investidores internacionais.
“Além disso, acreditamos que o forte o desempenho operacional provavelmente continuará nos próximos anos, e a exposição da empresa aos três principais segmentos de ensino pós-secundário (presencial, premium e a distância) são uma importante vantagem competitiva”, acrescentam.
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Casas Bahia, deu ruim
De acordo com o analista da Empiricus Research, Fernando Ferrer, as ações da Casas Bahia sofreram com o cenário macroeconômico em 2023. O ano começou com muito ruído politico, juros altos — a 13,75% –, inflação elevada e população endividada, o que reduziu a propensão ao consumo.
Além disso, Ferrer destaca o desempenho operacional ruim da Casas Bahia. A companhia reportou dados fracos nos últimos vários trimestres e segue com uma promessa “eterna” de turnaround, que não sai do papel.
Ainda do lado operacional, o analista ressalta a troca do management da varejista este ano e a oferta de ações “falha”.
“A empresa já está endividada, com o operacional ruim e tem uma dificuldade de se reerguer há um tempo. E aí, houve essa troca de management com oferta a um preço abaixo do preço de tela”, explica. “Isso acelerou ainda mais a queda”.