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Ibovespa acima de 110 mil pontos não vai durar; Capital Economics vê queda de 15% até o fim do ano

15 ago 2022, 11:24 - atualizado em 15 ago 2022, 11:24
Ações, Ibovespa, Mercados
Capital Economics estima uma queda de aproximadamente 15% para o Ibovespa no restante de 2022 (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Nesta segunda-feira (15), o Ibovespa (IBOV) sofre pressão do exterior, com dados ruins na China, que cortou sua taxa básica de juros para empréstimo, uma vez que os números da indústria e do varejo ficaram abaixo das expectativas em julho. Por volta das 11h15, o índice de referência da B3 (B3SA3) recuava 0,83%, a 111.825,13 pontos.

Apesar da queda de hoje, o Ibovespa está se recuperando, e rápido. Só na última semana, acumulou uma valorização de 5,91%, fechando acima dos 112 mil pontos.

A Capital Economics destaca, em relatório publicado na sexta (12), que o mercado de ações brasileiro se apresenta como um dos benchmarks de ações globais com melhor desempenho em 2022, período que tem se mostrado punitivo para a maioria dos mercados.

Dois fatores explicam a performance acima da média do Ibovespa ao longo do ano:

  • as preocupações envolvendo a situação fiscal do Brasil diminuíram; e
  • os preços maiores de commodities energéticas dão suporte ao índice.

James Reilly, economista-assistente da Capital Economics, destaca que os spreads dos títulos soberanos denominados em dólares no Brasil mudaram pouco em 2022, apesar da deterioração generalizada no apetite ao risco, que culminou em aumento de spreads em outros lugares.

“Isso provavelmente ajudou o mercado de ações [do Brasil] a se manter, enquanto outros [mercados emergentes] caíram”, afirma.

No caso das commodities, Reilly menciona a alta exposição do setor de energia, que representa cerca de 20% do Índice MSCI Brasil e “continuou como uma fonte de força mesmo com a queda do impulso do setor de materiais”.

Da subida… para a descida

A Capital Economics estima uma queda de aproximadamente 15% para o Ibovespa no restante de 2022.

Isso porque, de acordo com a consultoria, ativos de maior risco devem ser pressionados nos próximos meses, conforme condições financeiras globais ficam mais apertadas e indicadores de crescimento econômico mundial se mostrem piores que o esperado.

A retomada deve acontecer nos próximos dois anos, mas ainda deve ser limitada, acrescenta a consultoria.

Reilly acredita que as preocupações envolvendo a situação fiscal do Brasil voltarão a crescer ainda neste ano.

“Os dois candidatos que lideram as eleições de outubro estão propondo alterar ou eliminar o teto de gastos, apontando para uma política fiscal mais acomodada. O resultado é que a relação dívida pública/PIB provavelmente retornará a uma trajetória ascendente em breve”, diz o economista-assistente.

Outro ponto destacado por Reilly é que as commodities, que já entraram em correção, devem cair mais (com exceção do petróleo).

Na visão da Capital Economics, os preços dos metais industriais, incluindo minério de ferro, devem apresentar uma queda generalizada à medida que a economia chinesa dá seus tropeços.

Reilly comenta que, contrapondo a esse cenário, as expectativas de lucros para as companhias brasileiras listadas parecem muito otimistas agora.

“Elas ainda não parecem refletir o recente recuo nos preços das commodities, muito menos as próximas quedas nesses preços que projetamos”, diz.

“Embora a gente espere que o Índice MSCI Brasil suba ao longo dos próximos anos, duvidamos que o cenário está montado para que ele tenha uma performance acima da média, como nas últimas recuperações de sentimento de risco global; em vez disso, esperamos que ele tenha apenas ganhos pequenos, e menores do que esperamos para a maioria dos índices de mercados emergentes”, conclui Reilly.

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