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Ibovespa: 4 motivos para crer numa virada da Bolsa em 2023 (e como ganhar com ela)

26 dez 2022, 12:31 - atualizado em 26 dez 2022, 12:31
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É melhor confiar no Brasil e no México, por exemplo, do que na China. E isso é uma oportunidade gigante que se apresenta para o Brasil”, analisa Felipe Miranda, da Empiricus (Imagem: Empiricus/Divulgação)

Raras vezes nos últimos 20 anos foi possível observar valuations tão atrativos no Ibovespa. Em poucas oportunidades, o Ibovespa esteve tão barato, e fatores externos contribuem para um 2023 positivo. Por outro lado, o governo eleito parece, até o momento, estar deixando passar uma oportunidade de ouro que se apresenta ao Brasil e aos ativos negociados na B3.

Somente na crise do subprime, em 2008, na grande recessão da era Dilma, em 2015, na greve dos caminhoneiros, em 2018, e no ápice da crise de Covid foi possível identificar ações tão baratas, segundo o sócio-fundador e estrategista chefe da Empiricus, Felipe Miranda.

Além de uma B3 excessivamente descontada, vários fatores referentes ao cenário macroeconômico global contribuem – e muito – para uma possível virada da B3 em 2023. Vamos a eles:

1 – Onda de autocracias locais

Um dos fatores diz respeito à onda de autocracias locais, como Xi Jinping, na China, Putin, na Rússia e Erdogan, na Turquia, que faz com que o mundo dê mais crédito aos países democráticos.

“Ninguém quer mais confiar no Xi Jinping. Então você precisa reorganizar a cadeia de suprimentos global, impondo uma necessidade de reindustrialização do ocidente. É melhor confiar no Brasil e no México, por exemplo, do que na China. E isso é uma oportunidade gigante que se apresenta para o Brasil”, analisa Felipe.

2- Reabertura da China

A China tem dado, nas últimas semanas, sinais de que Xi Jinping finalmente cedeu aos apelos populares contra a política de ‘Covid 0’ no país. Com a menor projeção de crescimento do PIB desde 1976 (sem contar 2020, auge da pandemia), o presidente afrouxou algumas medidas impostas pelo estado no combate ao vírus.

“Já se trabalha com uma meta de crescimento de 5% na China em 2023. Se confirmado, isso pode voltar a alimentar o preço das commodities, sobretudo minério de ferro e petróleo (por conta da maior circulação), e devolver fluxo de recursos para mercados emergentes, enquanto os desenvolvidos sofrem com a recessão iminente”, explica Felipe Miranda.

A China é a principal parceira econômica do Brasil. Portanto, não é segredo que a reabertura do país asiático resulta em um fluxo de recursos significativo entrando no país. Na B3, as empresas – principalmente as de commodities – devem sentir o impacto positivo do “retorno” da China às atividades.

3- 2023: o ano dos países emergentes?

Por falar em mercados emergentes, muitos estrategistas colocam 2023 como ‘o ano dos países emergentes’. Por quê?

Os países desenvolvidos lutam para combater a inflação. Nos Estados Unidos, o índice atingiu o maior nível dos últimos 40 anos. Na Europa, desde que o euro foi criado, a inflação nunca esteve tão alta. A recessão – contração da economia – é iminente, tanto nos EUA quanto na UE.

Para Felipe Miranda, o mundo “gostaria de abraçar o Brasil”, que, até o momento, não tem agarrado a oportunidade.

“Lula foi celebrado no COP-27 e poderia receber investimentos interessados na mudança climática e na transição energética Além disso, o planeta precisa de energia e comida, que temos em abundância”.

Prova das “boas intenções” dos investidores estrangeiros com relação ao Brasil é que, no dia seguinte da eleição de Lula, quase R$ 2 bilhões de investidores gringos entraram no país.

4- Ibovespa e queda dos juros em 2023

Até pouco tempo atrás, era consenso que a taxa Selic cairia no ano que vem. Caso isso ocorra, a mesma sensibilidade que penalizou os ativos de risco brasileiros – principalmente as small e microcaps, pode atuar a favor em 2023.

Agora, a realidade é outra. Desconfiados com as primeiras sinalizações de desrespeito à política fiscal do governo eleito, os investidores estrangeiros e locais estão com o “pé atrás”.

Com a PEC da Transição aprovada, o mercado deve continuar precificando a volta do ciclo de alta da Selic no início do ano que vem.

O trecho abaixo do Day One, escrito por Felipe Miranda, ajuda a entender quais as consequências do ‘furo’ no teto fiscal:

“Por mais bem intencionadas que possam ser as palavras de Lula, ”cuidar do pobre” sem espaço no orçamento aumenta o risco fiscal, o que se traduz em mais taxas de juro, e eleva as expectativas de inflação, porque o governo sempre poderá, num ato inflacionário, emitir mais moeda para cumprir seus compromissos financeiros. Mais juros implicam menos investimentos, menos crescimento e mais desemprego. Mais inflação aleija justamente as classes mais pobres, desprovidas de alternativas para blindar seu patrimônio. Os rentistas estão lá protegidos no paraíso dos juros altos e nos altos juros reais da NTN-B. Uma opção pela maior concentração de renda, em tese o oposto do desejo original da esquerda. Lei das consequências indesejadas”.

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