Ibama diz que não sabe quanto óleo ainda falta chegar às praias
O presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, disse aos parlamentares da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados que o governo está atuando desde o dia 2 de setembro na investigação e no recolhimento da mancha de óleo que atinge as praias nordestinas. Ele explicou que a mancha navega de maneira errática, indo e voltando, e não é possível saber se o processo está no fim ou não.
“Identificar a origem dessa fonte de óleo é fundamental para o trabalho de emergência, porque a gente não sabe se está numa ascendente ou numa descendente no aparecimento do óleo”, informou.
Eduardo Bim disse ainda que manifestações e previsões sobre o assunto não estão fundadas em bases técnicas, devido ao desconhecimento sobre a origem do óleo. “Não temos a volumetria desse óleo. Está muito errático, não tem modelo para isso. É uma situação inédita. ”
Segundo o presidente do Ibama, já foram recolhidas 900 toneladas de óleo. A força-tarefa do governo envolve também a Marinha, a Petrobras (PETR4)e a Força Aérea.
Reforço militar
Nesta segunda-feira (21), o presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, disse que 5 mil militares do Exército vão reforçar as ações de limpeza nas praias nordestinas.
No momento, de acordo com o presidente do Ibama, a resposta é monitorar a costa com aviões e drones e recolher rapidamente o óleo quando ele aparece. Ele ressaltou que as pessoas não devem manipular o óleo sem proteção, porque o produto é nocivo.
Eduardo Bim disse ainda que a navegação da mancha abaixo da superfície da água dificulta o uso de barreiras de contenção, porque o óleo, por ser pesado, mais parecido com um piche, passa por baixo delas.
Alexandre de Faria, contra-almirante da Marinha do Brasil, esclareceu que, por não ser visível em alto mar, o óleo não pode ser recolhido por navios antes de chegar às praias. “Importante dizer que esse óleo não se dissemina na superfície e isso dificulta e mesmo impede a detecção por imagem de satélite e por esclarecimento aéreo”, afirmou.
Faria disse também que as manchas aparecem muito próximas à costa, onde é difícil e até perigoso para os navios atuarem. “Ainda assim, alguns navios da Marinha e da Petrobras conseguiram fazer recolhimento no mar, próximo à costa, antes que ela tocasse a praia.”
Óleo estrangeiro
O contra-almirante ressaltou mais uma vez que o óleo não é produzido no Brasil e que as hipóteses são de acidente numa transferência entre navios, naufrágio, derramamento acidental e derramamento intencional. Ele contou que, no momento, as equipes estão atuando mais em Sergipe e em Pernambuco e que não é possível saber se a mancha ainda vai descer pelo litoral mais ao sul.
Margareth Bilhalva, da Petrobras, disse que a empresa já mobilizou 2.500 pessoas no trabalho de recolhimento e estudo do óleo. Ela explicou que foi feito um trabalho específico para preservação do peixe-boi em Alagoas. Eduardo Bim, do Ibama, complementou que o arquipélago de Abrolhos não foi atingido.
Alexandre de Faria, da Marinha, disse que barris da Shell encontrados em Sergipe tinham traços da mancha, mas isso pode ser pelo contato com ela e não por estarem diretamente relacionados com o caso. Ele explicou que as investigações estão sendo feitas em parceria com outros governos, porque a origem do problema deve ser em águas internacionais.
Raphael Moura, da Agência Nacional de Petróleo, disse que o grande volume de óleo indica que o evento que causou o desastre ambiental deve estar fora de parâmetros regulatórios.
Um dos autores do pedido para a realização da audiência sobre a contaminação de praias nordestinas por óleo vindo pelo oceano, o deputado Pedro Lupion (DEM-PR) criticou as organizações ambientalistas, que, segundo ele, deveriam estar ajudando mais neste momento de crise. Ele informou que está em contato com o governo para verificar o que pode ser feito pelos pescadores prejudicados com a poluição da água.