Meio Ambiente

Ibama avaliará impacto ambiental de Belo Monte para decisão sobre vazão da usina

15 dez 2020, 17:04 - atualizado em 15 dez 2020, 17:04
Trecho do rio Xingu
Após isso, o órgão ambiental disse ter solicitado estudos da Norte Energia, entregues em dezembro pela empresa (Imagem: REUTERS/Paulo Santos)

O órgão ambiental Ibama vai concluir a análise de estudos complementares sobre os impactos da hidrelétrica de Belo Monte, entregues pela Norte Energia, responsável pelo empreendimento, antes de uma decisão sobre a vazão de água que a usina deve manter no rio Xingu, onde está instalada.

A afirmação do Ibama vem após a Reuters ter publicado na semana passada reportagem sobre preocupações dos acionistas do projeto, que incluem empresas como Eletrobras (ELET5), Cemig (CMIG3)e Neoenergia(NEOE3), devido a uma determinação para mudanças no chamado “hidrograma” da usina, o que pode impactar a produção de energia.

Por enquanto, o Ibama determinou que a Norte Energia aumente o fluxo de água liberado para parte do rio Xingu pela usina apenas durante os três meses finais de 2020, mas a companhia teme que uma alteração permanente ou por mais tempo possa gerar pesadas perdas financeiras, além de impactos sobre o sistema elétrico em geral.

À Reuters, o Ibama disse em nota que determinou a mudança neste ano após ter verificado “aumento na intensidade de alguns impactos ambientais já previstos, especialmente referentes às inundações periódicas das planícies aluviais, alteração nas populações de peixes, navegação, dentre outros”.

Após isso, o órgão ambiental disse ter solicitado estudos da Norte Energia, entregues em dezembro pela empresa.

“A partir das análises dos estudos recentemente protocolados, o Ibama pode propor alterações no hidrograma. De qualquer forma, qualquer eventual alteração deverá passar por período de testes”, afirmou.

O órgão ambiental defendeu ainda que o processo de licenciamento ambiental do empreendimento, onde foram definidos os fluxos de água a serem mantidos no Xingu, “sempre tratou os hidrogramas como em fase de testes, sujeitos a mudanças, sem serem definitivos”.

“É importante destacar que além do componente financeiro e de geração de energia, há que se considerar o componente ambiental e social do empreendimento, considerados nas análises da autarquia”, acrescentou.

A hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, é uma das maiores do mundo, com capacidade instalada de 11,2 gigawatts. Ela recebeu investimentos de mais de 35 bilhões de reais.