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Hygo pode desistir de listagem em Nova York após citação de CEO na Lava Jato

30 set 2020, 17:04 - atualizado em 30 set 2020, 17:04
Gas
O movimento também coincide com a tentativa do país de abrir sua indústria de gás natural para investidores privados (Imagem: Pixabay)

A empresa de gás natural liquefeito Hygo Energy adiou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) por várias semanas, e pode desistir totalmente da listagem, após seu presidente-executivo ser citado na fase inicial de uma investigação da operação Lava Jato, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto.

Eduardo Antonello, que não foi formalmente acusado pelas autoridades brasileiras, afastou-se do cargo na terça-feira para se defender das alegações, afirmaram a defesa do executivo e a Hygo em e-mails.

A negociação das ações da Hygo, uma joint venture entre a Golar LNG e a empresa norte-americana de private equity Stonepeak Infrastructure Partners, estava prevista para começar na quinta-feira passada, mas a operação foi adiada após a Bolsa de Valores de Nova York suspendê-la sem explicar o motivo.

Desde então, Hygo e Golar declinaram de comentar o cronograma para o IPO.

Na terça-feira, a defesa de Antonello disse em nota por e-mail que alegações falsas de corrupção feitas por criminosos confessos foram divulgadas prematuramente e sem provas pelas autoridades brasileiras, com injusto dano de reputação para o executivo.

A investigação pode interromper um IPO de 485 milhões de dólares, que tinha por objetivo promover no Brasil o uso do gás natural líquido como alternativa mais limpa ao diesel, petróleo e carvão. O movimento também coincide com a tentativa do país de abrir sua indústria de gás natural para investidores privados.

“O entrave deve ter um impacto na avaliação da Hygo e possivelmente na capacidade da empresa de conquistar novos negócios”, disse Benjamin Nolan, analista da Stifel, em nota enviada a clientes na semana passada, referindo-se à investigação.

Nolan disse que um retorno para acionistas da Golar deve demorar mais, inclusive por possíveis condições menos favoráveis para a empresa rolar sua dívida. Mesmo assim, o analista manteve a recomendação de compra.

“Apesar do risco elevado, nós acreditamos que o potencial de ganho é substancial e continuaríamos sendo compradores”, acrescentou.

A Hygo afirmou em comunicado que o afastamento de Antonello “não está ligado, de forma alguma, a qualquer ação ou conduta imprópria durante sua passagem pela Hygo”. As alegações contra o executivo remetem a 2011.

Segundo uma das fontes, a Hygo contratou o escritório de advocacia Simpson Thacher & Bartlett para avaliar a viabilidade do prosseguimento do IPO.

O IPO será colocado em compasso de espera até que os advogados emitam um relatório nas próximas semanas, disse a primeira fonte, que pediu para não ser identificada em razão da sensibilidade do assunto. A segunda fonte também disse que o IPO foi adiado, acrescentando que os planos podem ser abandonados.

A Simpson Thacher & Bartlett não respondeu de imediato a pedidos por comentários via telefone e e-mail.

A Hygo disse, em e-mail à Reuters, que espera retomar os planos do IPO dentro de seis semanas. Questionada sobre a contratação de Simpson Tacher, a companhia reconheceu que possui uma empresa especializada para a condução de “due diligence” interno, mas não divulgou o nome da firma.

A Hygo reforçou que não há irregularidades ligadas ao período em que Antonello trabalhou na empresa.

As ações da Golar LNG perderam cerca de metade de seu valor desde que a polícia brasileira executou os mandados de busca e apreensão, na quarta-feira passada.

A Stonepeak e a Bolsa de Valores de Nova York não responderam imediatamente a pedidos por comentários.

A Golar LNG, assim como a Hygo, disse que as alegações contra Antonello datam de um período anterior ao estabelecimento da empresa.

As funções do executivo serão assumidas de maneira temporária pelo conselho de administração da Hygo, afirmou a Golar à Reuters.

A Polícia Federal conduziu na semana passada uma operação surpresa de busca contra o antigo empregador de Antonello, a Seadrill, em endereços que incluíam os escritórios da Golar no Brasil, na fase mais recente da operação Lava Jato.

A Golar disse em comunicado que, “com muita cautela, a Hygo iniciou uma revisão para buscar a confirmação de que não houve qualquer desvio de sua cultura de conformidade em relação ao trabalho do sr. Antonello para a Hygo.”

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