Huck “seria bom” para o Brasil, opina FHC
Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini
A corrida presidencial segue indefinida neste início de ano, com a condenação em segunda instância podendo tirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do páreo, a disputa entre o prefeito João Doria e o governador Geraldo Alckmin pela vaga de candidato do PSDB e o vai e vem do apresentador Luciano Huck. Depois de dizer que não seria candidato, Huck se animou depois de aparecer com boa pontuação em uma pesquisa de opinião feita após a condenação de Lula. E, em entrevista no programa do colega de Globo, Fausto Silva, no Domingão do Faustão, falou o que ele achava ser importante para o Brasil, o que foi visto como uma plataforma de governo.
A entrevista levou a direção da Globo a exigir uma posição do apresentador do Caldeirão, se era ou não candidato à Presidência, para não se ver acusada mais uma vez de privilegiar um candidato. O prazo para uma decisão venceria na semana que vem, o que levou Huck a consultar amigos políticos, segundo informa o jornal Folha de S.Paulo.
Mas foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, baluarte do PSDB, que relançou o nome de Huck à Presidência esta semana, à revelia dos dois candidatos de seu partido, Doria e Alckmin, que ainda lutam nos bastidores para conquistar o apoio dos tucanos. FHC elogiou Huck, que tem convite do PPS para se candidatar, e o ex-presidente é visto agora como “mentor” político do apresentador. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, FHC afirmou: “Gosto dele (Huck), sou amigo dele e da família dele. Acho que para o Brasil seria bom, mas não sei o que ele vai fazer”.
Ainda segundo FHC, “é bom ter gente como o Luciano porque precisa arejar, botar em perigo a política tradicional, mesmo que seja do meu partido”, disse, colocando assim em perigo a candidatura de seu aliado Alckmin, que já não anda muito bem cotado no PSDB por não passar dos 8% de intenções de voto. FHC disse, porém, que isso não significa que ele esteja apoiando Huck, o que deve ter provocado suspiros de alívio no Palácio dos Bandeirantes.
Hoje, Alckmin afirmou que não se sente sabotado por FHC. Ele elogiou Huck, afirmando que o apresentador é uma “excelente liderança, jovem, amiga do presidente Fernando Henrique já há alguns anos e inclusive nossa, já me ajudou , fez campanha comigo na zona leste quando fui candidato a prefeito”, disse. “Eu também estimulo as novas gerações, as novas lideranças que participem da vida pública”, disse, segundo reportagem do Estadão.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Huck tem dito a amigos que vai pensar durante o Carnaval sobre para tomar a decisão. Huck tem sido visto como uma alternativa para o desgaste da classe política após os escândalos da Operação Lava Jato e as denúncias do empresário Joesley Batista contra políticos do governo Michel Temer e do próprio PSDB, entre eles um amigo de longa data do apresentador, Aécio Neves.
O risco de um candidato popular, mas sem experiência alguma em política para enfrentar candidatos experientes em uma campanha que costuma ser recheada de golpes baixos e denúncias parece não assustar os que tentam emplacar seu nome para a Presidência. Preocupa também os analistas políticos saber qual será a capacidade de Huck de negociar com um Congresso que recentemente derrubou uma presidente que tinha mais experiência política e um partido por trás, mas nenhum tino para articulações. O mesmo ocorreu com um desconhecido jovem que venceu as eleições de 1989 com a bandeira de “caçador de marajás”. Mas essas serão preocupações que podem ser válidas ou virar cinzas na Quarta-Feira.