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Huawei estima queda de US$ 10 bi na receita com sanções dos EUA

23 ago 2019, 20:02 - atualizado em 23 ago 2019, 20:02
Huawei
A Huawei tenta desenvolver alternativas após sofrer intensa pressão da Casa Branca, que enxerga em sua tecnologia uma ameaça à segurança nacional (Imagem: Reuters/Jason Lee)

A Huawei Technologies estima que as restrições dos EUA reduzirão a receita anual da operação de aparelhos para consumidores em aproximadamente US$ 10 bilhões. A empresa foi proibida de comprar componentes americanos, como semicondutores e software.

A maior empresa de tecnologia da China procura maneiras de substituir importantes fornecedoras americanas, como Cadence Design Systems e Synopsys, informou o vice-presidente do conselho, Eric Xu, na sexta-feira. O estrago total na companhia será “um pouco menor” do que o previsto inicialmente pelo fundador Ren Zhengfei, acrescentou Xu.

A Huawei tenta desenvolver alternativas após sofrer intensa pressão da Casa Branca, que enxerga em sua tecnologia uma ameaça à segurança nacional. Na sexta, a companhia apresentou o mais poderoso sistema de chips para inteligência artificial, o Ascend 910, que está pronto para concorrer com alguns dos melhores produtos da Qualcomm e da Nvidia. Recentemente, a empresa mostrou de modo preliminar um software programado internamente, o HarmonyOS, que poderá algum dia substituir o Android, do Google.

A empresa também pesquisa formas de substituir ferramentas de design de chips oferecidas por Cadence e Synopsys, disse Xu em entrevista coletiva à imprensa em Shenzhen, sem entrar em detalhes. “Não havia ferramentas de design de chips há 10 anos, mas o setor ainda assim desenvolveu chips”, completou, argumentando que Cadence e Synopsys não eram indispensáveis para o design. “A Intel começou a desenvolver chips na década de 1970, quando essas empresas não existiam.”

Desde maio, a Huawei ocupa uma posição desconfortável: é uma marca global de tecnologia bem estabelecida e integrante da lista do governo americano que proíbe livre comércio com fornecedores dos EUA. Apesar de diversas suspensões das sanções com prazos de 90 dias (a última nesta semana), a incerteza já custou muito à empresa. Mesmo que as proibições diminuam, o impacto dos acontecimentos do terceiro trimestre será amplo e doloroso.

O crescimento das vendas diminuiu do primeiro para o segundo trimestre, com o impacto das proibições, especialmente na divisão de consumo, que inclui smartphones e laptops. O quadro tem acelerado os esforços de autossuficiência da Huawei.

Uma área em que a chinesa está mostrando rápido progresso interno é a de semicondutores, em linha com a ambição de Pequim de reduzir a dependência em relação a estrangeiros. A HiSilicon, subsidiária de design de chips da Huawei, vem desenvolvendo esses recursos há bastante tempo e recentemente se tornou a segunda maior cliente (depois da Apple) da Taiwan Semiconductor Manufacturing, maior do mundo na produção desses itens para terceiros. A Huawei também ampliou a presença de tecnologias desenvolvidas internamente em toda a linha de produtos — de smartphones a servidores — para ajudar a limitar os estragos causados pela proibição dos EUA.

O processador Ascend 910 chegou na sexta-feira demonstrando proeza tecnológica. Será usado para o treinamento de modelos de inteligência artificial e, segundo a Huawei, supera toda a concorrência. Xu declarou que “sem dúvida, tem mais poder computacional do que qualquer outro processador de inteligência artificial no mundo”. A empresa também lançou o MindSpore, estrutura de computação para inteligência artificial que, junto com o 910, tem o dobro da velocidade do TensorFlow, do Google.

“O incidente das sanções, em 16 de maio, não teve impacto sobre a execução da estratégia de inteligência artificial da Huawei nem na comercialização de produtos de inteligência artificial”, garantiu Xu. “Nosso projeto de pesquisa e desenvolvimento em inteligência artificial está sendo erguido de forma constante.”

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