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HSBC vê salto de 50% em emissões em dólar da América Latina

07 dez 2022, 13:47 - atualizado em 07 dez 2022, 13:47
HSBC
As captações deste ano caminham para o nível mais baixo desde 2008, quando a crise do financiamento imobiliário nos EUA culminou com o colapso do Lehman Brothers (Imagem: REUTERS/Stefan Wermuth)

As vendas de títulos em dólar da América Latina devem saltar cerca de 50% no próximo ano após atingirem uma mínima de 14 anos, à medida que o aperto monetário do Federal Reserve diminui, de acordo com o HSBC.

A mudança na política monetária do Fed para combater a inflação mais alta em 40 anos tornou mais difícil para emissores irem adiante com vendas em 2022. Com o banco central americano agora mais perto de um pico de juros em 2023, os tomadores devem se sentir confortáveis em vender mais dívida.

“Vejo definitivamente um aumento significativo das emissões, pois acreditamos que o Fed atingirá uma taxa final em algum momento, espero que no início do próximo ano”, disse Alexei Remizov, chefe de mercado de capitais de dívida da América Latina no HSBC. “Achamos que com a desaceleração da economia e perspectivas mais estáveis para as taxas, haverá janelas de emissão muito melhores. Acho que os mercados de renda fixa estarão mais bem ancorados no ano que vem.”

Faltando três semanas para o fim do ano, as vendas em dólar de emissores latino-americanos dos setores público e corporativo estão em cerca de US$ 52 bilhões, bem abaixo dos US$ 125 bilhões no mesmo período de 2021, segundo dados compilados pela Bloomberg.

As captações deste ano caminham para o nível mais baixo desde 2008, quando a crise do financiamento imobiliário nos EUA culminou com o colapso do Lehman Brothers.

Com base nas projeções de Remizov, a emissão de títulos em dólar latino-americanos chegaria a cerca de US$ 78 bilhões em 2023, valor ainda mais de 20% inferior à média anual dos últimos 10 anos, segundo dados da Bloomberg que compilam transações de pelo menos US$ 100 milhões.

A emissão de títulos em dólar em 2020 atingiu o recorde de US$ 137 bilhões, com governos e empresas aproveitando as taxas historicamente baixas para captar recursos, reduzindo a pressão para emitir dívida a juros atuais, disse ele.

O yield do Bloomberg Emerging Markets LatAm Total Return Index estava em 8,1% na terça-feira, abaixo dos 9,48% alcançados em 20 de setembro, o nível mais alto desde o início da pandemia em 2020.

A recente queda nos custos de captação levou o Panamá e a Colômbia a retornarem ao mercados de dívida com o objetivo principal de estenderem vencimentos para reduzir o risco de refinanciamento.

Vários governos “seriam mais compelidos a seguir agora pela via multilateral se tiverem essa capacidade e se conterem com a esperança de que as taxas caiam para que os custos de financiamento se tornem mais atrativos”, disse Remizov, enquanto para outros como México e Brasil “os mercados domésticos são uma opção”.

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