Bancos

HSBC recomenda investir em emergentes abalados por temor com Fed

25 ago 2021, 11:41 - atualizado em 25 ago 2021, 11:41
Federal Reserve
Segundo Bryan Carter, responsável pela área de dívida de mercados emergentes, o tombo nessa classe de ativos desde junho tem alguma semelhança com a reação dos mercados à possibilidade de retirada de estímulos pelo Fed em 2013 (Imagem: REUTERS/Leah Millis)

Os investidores podem parar de se preocupar com a possibilidade de repetição da turbulência vista em 2013 e devem começar a comprar ativos de países emergentes, recomenda o HSBC Global Asset Management.

A retirada de estímulos monetários pelo banco central americano (Federal Reserve) já está precificada e os mercados emergentes de modo geral estão baratos, afirma Bryan Carter, responsável pela área de dívida de mercados emergentes da instituição, que administra US$ 621 bilhões.

Segundo ele, o tombo nessa classe de ativos desde junho tem alguma semelhança com a reação dos mercados à possibilidade de retirada de estímulos pelo Fed em 2013, a crise que ficou conhecida como “taper tantrum”. O HSBC agora está mais confiante em relação aos títulos e menos pessimista em relação às moedas dessas nações.

“O pior já passou”, disse Carter. “Todo mundo se preocupa com um taper tantrum, mas na verdade isso já aconteceu.”

O temor de uma freada repentina nos fluxos de capital paira sobre os mercados emergentes há anos. Em 2013, os títulos de dívida de emergentes sofreram a maior perda anual desde a crise financeira global depois que o então presidente do Fed, Ben Bernanke, avisou que o banco central estava entrando em uma trajetória de redução das compras de títulos.

Erguendo defesas

Desta vez, os mercados emergentes parecem mais resistentes porque reforçaram as contas públicas, diminuíram déficits em conta corrente e desenvolveram mercados de dívida interna, de acordo com a Schroder Investment, que administra US$ 788 bilhões.

A desvalorização das moedas em termos reais desde 2012 torna as nações emergentes mais competitivas e diminui as chances de crises cambiais.

As nações em desenvolvimento também estão menos dependentes do capital estrangeiro. Na média dos emergentes, o déficit em conta corrente como percentual do PIB recuou de 1,6% em 2014 para 0,6% em 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Para James Barrineau, chefe de dívida de mercados emergentes da Schroder, os países emergentes estão mais resilientes devido ao estreitamento do déficit, que os protegerá de uma queda mais drástica. Além disso, se o Fed se mostrar mais paciente no ciclo de redução de estímulos ou mesmo revisar essa perspectiva diante da desaceleração do crescimento econômico nos EUA, os ativos emergentes estarão bem posicionados para entregar desempenho significativamente melhor.

Com vacinação mais lenta contra a Covid-19, a maioria dos emergentes enfrenta dificuldades para se recuperar este ano, enquanto a atividade nas economias avançadas está próxima do que era antes da pandemia.

As bolsas nesse segmento recuaram 1,4% em 2021 e entre 24 moedas de emergentes monitoradas pela Bloomberg, 20 se depreciaram.

Proatividade

Enquanto o Fed e o Banco Central Europeu aguardam mais evidências de crescimento antes de apertar a política monetária, os países emergentes tomam providências adiantadas.

Pelo menos 10 bancos centrais de nações emergentes, incluindo Brasil, Rússia e México, já começaram a subir juros básicos para manter a atratividade dos juros reais em relação aos mercados desenvolvidos. Para Barrineau, isso pode aliviar o impacto eventual associado a um aperto pelo Fed.

“As coisas estão começando a ficar muito melhores agora com a aceleração da vacinação em muitos emergentes importantes e esperamos forte valorização dos títulos de dívida dos emergentes durante o resto de 2021 e em 2022”, afirmou Carter, do HSBC.

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