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Hora de se expor: 23 analistas selecionam as melhores ações para surfar a recuperação do Ibovespa em julho

05 jul 2024, 18:55 - atualizado em 06 jul 2024, 8:03

Touro de Ouro da B3

O Ibovespa, que viveu um primeiro semestre tenebroso, com queda de 7%, a pior bolsa entre emergente, começou julho dando uma pontinha de esperança para o seu investidor. O índice já acumula alta de 1,80% em pouco mais de cinco sessões. Analistas dizem que a bolsa está barata e pode experimentar uma recuperação no próximo mês.

  • LEIA MAIS: Com o Ibovespa em “apuros”, há ações de muita qualidade em preços extremamente atrativos com recomendação de compra; veja quais no Money Picks

No diagnóstico, eles são unânimes: o fiscal e falas do presidente Lula pesaram. O primeiro sinal da crise foi o fracasso do governo em aprovar medida provisória que limitava o uso de créditos fiscais de PIS/COFINS. Depois, em alguns tweets, o presidente Lula disse que não tinha planos de cortar despesas. Isso foi o suficiente para o mercado entender que o governo iria passar o rolo compressor nas contas públicas.

O resultado fiscal primário acumulou déficit de R$ 280 bilhões nos últimos doze meses, patamar considerado elevado. Porém, o Safra recorda que é preciso qualificar que esse número inclui despesas pontuais que devem desaparecer na métrica 12 meses no final desse ano, especialmente o pagamento em dezembro do ano passado de precatórios extraordinários e a compensação aos estados e municípios pela alteração no ICMS em 2022.

“Assim, excluindo essas despesas pontuais e inserindo nossa expectativa de arrecadação adicional com as medidas anunciadas no ano passado, além de um contingenciamento de despesas, estimamos déficit primário de R$ 88 bi (0,8% do PIB) nesse ano”, discorre.

Com tantos ruídos, e um dólar batendo em R$ 5,7, o governo tratou de acertar os ponteiros. Lula deu aval para o governo cortar até R$ 25 bilhões. Além disso, foi claro em dizer que o arcabouço fiscal será cumprido de qualquer maneira.

Nos cálculos do BTG, um congelamento de gastos de R$ 15 a 20 bilhões deve ser suficiente para evitar a alteração do teto de gastos de 2024. Os analistas recordam que uma alteração no teto pressionaria o real ainda mais e elevaria as taxas de longo prazo, com impactos econômicos e políticos desastrosos.

Mesmo assim, o banco diz que embora congelamento de gastos deva proporcionar algum alívio aos
mercados, ele não aborda de fato as preocupações fiscais em 2025.

“São necessárias medidas mais estruturais, como grandes cortes de gastos e medidas para tornar o orçamento mais flexível (por exemplo, dissociar os gastos com saúde e educação do crescimento da receita tributária). Mas, apesar dessa clara necessidade, não esperamos medidas mais estruturais antes das eleições municipais de outubro”, diz.

Hora de se expor?

A Ágora nota que, incontestavelmente, o ânimo entre os investidores locais está em baixa, refletindo dúvidas e incertezas relacionadas às “mais diversas facetas necessárias para uma tomada de decisão mais confortável – ora é o fiscal que não ajuda, ora é o juro que não cede, ora é o cenário geopolítico que atrapalha.”

Apesar disso, os analistas dizem que por mais que o ambiente atual inspire cautela e que as projeções de curto prazo não sejam as mais animadoras possíveis, “compartilhamos uma visão mais pragmática sobre o cenário e as possibilidades que nos rondam”.

“Acreditamos, portanto, que o momento de “calmaria”, típica do “olho do furacão”, favorece a alocação tática em ativos de risco – obviamente respeitando o perfil de risco do investidor e critérios de seletividade”.

Para a XP, a maioria dos investidores concorda que o nível de preços parece bastante atrativa para as ações brasileiras. Além disso, as estimativas de lucros foram revisadas para cima recentemente para as empresas do Ibovespa.

“A pergunta-chave é quais são os principais catalisadores. Acreditamos em uma combinação de (i) um ciclo de flexibilização do Federal Reserve iniciando, (ii) melhor fluxo de notícias sobre as políticas fiscais e monetárias domésticas”, completa.

Já o BTG diz que continua otimista em relação às perspectivas da economia brasileira em 2024, mas, se a crise de confiança não for resolvida rapidamente, um real “mais fraco por mais tempo” poderá pressionar a inflação e forçar o Banco Central a manter a taxa Selic em um nível elevado.

“As altas taxas de juros de longo prazo também podem afetar os investimentos e a atividade econômica em 2025”, completa.

Por fim, o Itaú recorda que a bolsa pode ter um poderoso gatilho: o início da temporada de balanços referentes ao segundo trimestre de 2024, que deve se intensificar em agosto. “Resultados positivos das empresas podem ser um alento para o mercado, mas certamente o macro deve continuar sendo o ponto nevrálgico”, completa.

E qual ação comprar? Entre 23 corretoras e bancos consultados pelo Money Times, três pesos pesados do Ibovespa lideraram, que juntos correspondem a mais de 20% do índice. São empresas que possuem grande liquidez e segurança para investir.

Veja abaixo:

Empresa Cógigo Recomendação
Itaú Unibanco ITUB4 16
Petrobras PETR4 15
Vale VALE 13
Banco do Brasil BBAS3 9
Sabesp SBSP3 7
Petrorio PRIO3 7
Cyrela CYRE3 7
BTG Pactual BPAC11 7
Cosan CSAN3 7
Klabin KLBN11 7

Itaú, líder absoluto

Sempre presente nas carteiras, o Itaú (ITUB4) conseguiu bater Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3). O banco se prova uma tese que reúne qualidade com preço atrativo, destacam analistas.

“O negócio de banco de varejo brasileiro mudou drasticamente, particularmente no segmento de baixa renda, e acreditamos que o Itaú tem feito um ótimo trabalho (o melhor entre os incumbentes) aceitando e se adaptando ao cenário de mudanças, o que acreditamos que permitirá que seu ROE sustentável aumente a diferença em relação aos pares”, escreve o BTG.

Para o Safra, o nome é o maior dentro do setor bancário, tendo mostrado um melhor controle dos indicadores de qualidade de crédito frente a seus pares. Além disso, está negociando a múltiplos interessantes (preço sobre lucro para 2024 de 7 vezes, ainda abaixo de sua média histórica de 10 anos de 10x).

Já Ágora recorda que o Itaú trouxe boas notícias ao realizar o seu evento, que expôs as estratégias, tendências e expectativas do banco em três blocos/sessões:

  1. Corporativo e Latam;
  2. Institucional; e
  3. Varejo.

“Embora tenhamos saído do evento sem nenhuma notícia que deveria ter um impacto material no curto prazo para o banco e suas ações, a administração destacou detalhes importantes sobre o que poderia impactar ou mudar o banco no futuro. Embora não tenhamos visto nada que pudesse levar a uma revisão de lucros neste ano, o One Itaú, o Itaú Emps e um potencial investimento no segmento de baixa renda poderiam ter impactos de longo prazo”, completa.

Petrobras, a gigante está de volta

Mesmo com a troca do CEO, que levantou dúvidas em relação às diretrizes estratégicas da companhia, em especial relacionado aos temas mais sensíveis, como dividendos, implementação de CAPEX (investimentos) e política de preços dos combustíveis, analistas continuam otimistas com a tese.

A Ágora lembra que a nova CEO, Magda Chambriard, indicou que não haverá mudança na política de distribuição dos dividendos e reforçou que seguirá o plano estratégico divulgado no final do ano passado, portanto, sem mudanças relevantes na estratégia já conhecida pelo mercado.

“Ainda que algumas dúvidas permaneçam, não alteramos a nossa visão de que as ações da Petrobras seguem com valuation descontado e, tudo mais constante, devem compor uma atrativa remuneração aos acionistas através da distribuição de elevados dividendos”, destaca.

Para o Safra, os resultados continuarão robustos no curto e médio prazo e a empresa manterá uma boa capacidade de distribuição de dividendos.

“A recente aprovação do pagamento de 50% dos dividendos extraordinários nos deixou mais confiantes com potenciais novos pagamentos futuros. Adicionalmente, PETR oferece um valuation atrativo, vemos suas ações negociando com desconto em relação a suas pares internacionais”, completa.

Vale, trupica, mas não cai

Por mais que a Vale tenha caído nas preferências de analistas, a mineradora ainda se mantém entre as Top 3.

Para o Santander, a mineradora continua altamente dependente da China. Porém, há fundamentos que apoiam os preços do minério de ferro no curto prazo ainda sólidos, “especialmente no momento que passamos por uma transição na sazonalidade de produção no Brasil e na Austrália (do 1T24 para o 2T24)”.

“Olhando para 2024, esperamos que o mercado de minério de ferro permaneça relativamente equilibrado”, destaca.

Já o Safra diz que embora tenha reduzido exposição na empresa, há uma visão positiva para as ações da companhia e acreditamos que a atividade econômica chinesa poderia dar suporte aos preços do minério no curto prazo.

“A empresa deve continuar a gerar um fluxo de caixa sólido e manter níveis atrativos de remuneração aos acionistas. Adicionalmente, o prêmio de qualidade para o minério tende a se manter próximo do nível atual, devido à busca por maior eficiência e elevados padrões ambientais das siderúrgicas”, completa.

Levantamento

O levantamento do Money Times levou em consideração as informações das carteiras de ações divulgadas por 23 instituições. Para julho, foram indicadas 84 ações, somando 227 recomendações.

Participaram do levantamento Ágora InvestimentosAtiva Investimentos, Andbank, Daycoval, BB InvestimentosBTG Pactual, CM Capital, EQI Research, Empiricus ResearchGenial InvestimentosGuide InvestimentosItaú BBA, Levante, MyCap, Nova Futura, Planner,PagBankRicoRB InvestimentosSafraSantanderTerra Investimentos XP Investimentos. 

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