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Hora de realizar lucro no ouro ou aumentar exposição em carteira?

20 set 2019, 14:36 - atualizado em 20 set 2019, 14:36
Ouro
Na última semana, os investidores destinaram seus recursos a mineradoras de ouro e prata, impulsionando as ações do setor de mineração (Imagem: Michaela Handrek-Rehle/Bloomberg)

Por Haris Anwar/Investing.com

Investir no ouro nada mais é do que apostar em uma direção da economia. O metal precioso atingiu a máxima de seis anos neste mês, à medida que os bancos centrais de todo o mundo afrouxavam suas políticas monetárias para lidar com a desaceleração no crescimento, desencadeada pela guerra comercial entre EUA e China.

Os eventos dos últimos seis meses deram suporte à corrida de alta no ouro, que é considerado um ativo de segurança durante épocas de turbulência econômica. A disputa comercial sino-americana se acentuou, a economia europeia desacelerou, o Brexit se tornou ainda mais desorganizado e as tensões no Oriente Médio recrudesceram depois dos ataques ao maior país produtor de petróleo, a Arábia Saudita.

Futuros do Ouro

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Esses contratempos macroeconômicos levantaram a possibilidade de uma recessão e forçaram o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a iniciar cortes na taxa de juros. No dia 18 de setembro, o Fed atuou novamente e reduziu o custo do crédito em mais 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 1,75% a 2%.

Incentivados por esses sinais, os investidores destinaram seus recursos a mineradoras de ouro e prata, impulsionando as ações do setor de mineração. O fundo de mineradoras de ouro iShares MSCI Global Gold Miners (NASDAQ:RING), da BlackRock, gerou retornos de quase 14% no mês de agosto, mais do que qualquer outro fundo de ações desalavancado nos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg.

XAU/USD

Ouro na máxima histórica?

No entanto, o que os investidores querem saber daqui é se esse rali nos ativos de ouro terá outras pernadas ou se estamos no pico da tendência de alta. De acordo com uma recente nota emitida por analistas do Citigroup, a perspectiva para o ouro é bastante saudável, pois é possível que haja uma disparada nos preços até um novo recorde de US$ 2.000 por onça nos próximos dois anos.

Esse rali, segundo analistas, como Aakash Doshi, será respaldado por vetores como o risco cada vez maior de uma recessão global e a possibilidade de que o Fed reduza as taxas de juros nos EUA a zero.

“Nossa expectativa é que os preços do ouro spot mostrem força por mais tempo, possivelmente rompendo os US$ 2.000 por onça e registrando novas máximas cíclicas em algum momento nos próximos dois anos”, declararam. Se esse nível for alcançado, pode superar o recorde de US$ 1.921,17 estabelecido em 2011.

Mas os riscos para o cenário de alta são igualmente acentuados. EUA e China voltaram à mesa de negociação em outubro, e os mercados estão voltando ao normal com a esperança de uma resolução para sua disputa.

A economia norte-americana ainda está mostrando sinais de força, graças aos robustos gastos dos consumidores e intensa geração de empregos. Essa foi a principal razão que fez o Fed não sinalizar mais cortes no futuro. As autoridades do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) estão dividias quanto à necessidade de mais cortes, sendo que algumas delas acreditavam que a redução de quarta-feira foi exagerada.

Ações ligadas ao ouro para comprar

Neste ambiente econômico cheio de incertezas, provavelmente não é uma má ideia manter em sua carteira alguma exposição ao ouro. Se a disparada no ouro se sustentar e os preços continuarem subindo, as mineradoras de ouro que se preocuparam em cortar custos e despesas de capital nos últimos anos são as que mais podem se beneficiar, fazendo com que sejam uma alternativa atraente em qualquer carteira de longo prazo.

Nesse grupo, gostamos da Newmont Goldcorp (NYSE:NEM), que é a maior mineradora de ouro do mundo, e a produtora canadense Barrick Gold (NYSE:GOLD). Essas empresas estão entre as produtoras que aprenderam uma dura lição durante a última euforia com o metal.

Os preços no mercado à vista alcançaram o recorde de US$ 1.921,17 em 2011, mas o rali teve um rápido colapso, pois os juros baixos e a flexibilização quantitativa dos bancos centrais impulsionaram os ganhos no mercado acionário, bem como o crescimento da economia. Ao final de 2015, os preços já haviam despencado cerca de 45%.

Agora que o lingote está novamente a favor, muitas mineradoras estão atuando de forma segura ao optar pelo crescimento orgânico e otimizar os ativos existentes. Elas realizaram cortes profundos de custos, reduziram as dúvidas e aumentaram a produtividade depois da última queda, a fim de atrair novamente os investidores.

As ações da Newmont, negociadas a US$ 39,30, subiram cerca de 14% neste ano, enquanto os papéis da Barrick Gold dispararam 38%, para US$ 18,17.

Conclusão

Investir em ações ligadas ao ouro, como o fundo Gold Miners (NYSE:GDX) da BlackRock ou em grandes mineradoras de ouro é uma proposta arriscada, em razão dos muitos fatores contrários que podem fazer o metal precioso seguir em qualquer direção.

Dito isso, o status de porto seguro do ouro encontra-se intacto e pode proporcionar uma excelente proteção no momento em que outros ativos estão afundando. No atual ambiente econômico incerto, o metal precioso oferece uma forma prudente de diversificar seu risco e aumentar a segurança da sua carteira.

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