Hora de comprar ações da Ultrapar e Cosan é agora; já as da BR Distribuidora…
Desde fevereiro, as ações de empresas ligadas à distribuição de combustíveis acumulam uma queda de 23%, em média, na Bolsa. Não é difícil imaginar o motivo: as medidas de isolamento social para conter a pandemia de coronavírus deixaram os carros nas garagens e os aviões no solo. Mas, para o BTG Pactual (BPAC11), isto é bom.
Na verdade, Thiago Duarte e Pedro Soares, que assinam o relatório enviado aos clientes nesta terça-feira (26), afirmam que este momento é um “bom ponto de entrada” para quem deseja investir em ações ligadas ao setor de combustíveis.
O banco elevou a recomendação do Grupo Ultrapar (UGPA3) para compra, embora tenha cortado seu preço-alvo de R$ 23 para R$ 21, com potencial de alta de 23,5% sobre a cotação usada como referência pelo banco.
Os analistas observam que a rede de postos Ipiranga, controlada pela Ultrapar, provavelmente foi menos afetada pela pandemia que suas rivais, já que não vende combustível para aviação. Além disso, a Ultrapar é um grupo diversificado, com negócios como a distribuição de gás de cozinha, atuação no setor petroquímico, transporte de cargas e farmácias.
Portfólio mais sensível
Já a Cosan (CSAN3), que opera na distribuição de combustíveis em parceria com a Shell, viu seu preço-alvo subir de R$ 81 para R$ 83, embutindo uma alta potencial de 30,2% sobre a cotação de referência do BTG Pactual. Com a recomendação de compra reforçada, a empresa é beneficiada pela diversificação de negócios.
Mas, ao contrário da Ultrapar, os analistas consideram que as operações da Cosan são “menos resilientes”. “Esperamos que todas as unidades de negócio sofram, em certa medida, em meio à queda da atividade econômica e petróleo barato”, afirmam.
O banco reduziu as projeções de crescimento do ebitda da Cosan para este ano e o próximo. Entre os motivos, está a expectativa de que o déficit no mercado mundial de açúcar chegue ao fim em 2021, devido à migração de produtores do etanol para o produto.
“Ainda vemos a CSAN3 negociando com desconto (embora o menor em anos), enquanto apostamos que a execução premium prevalecerá mais uma vez. Compre”, afirma o BTG.
O patinho feio do grupo é a BR Distribuidora (BRDT3), apontada como a “bottom pick” do setor, isto é, a menos indicada. Sua recomendação é neutra, e o preço-alvo baixou de R$ 27 para R$ 25, embutindo uma valorização potencial de 12,5% sobre a cotação de base.
O BTG lista algumas razões para não se empolgar com o papel. Primeiro, a BR é a única distribuidora “pura” do grupo, sem contar com negócios paralelos, como a Ultrapar e a Cosan. Assim, é a que deve sentir o maior impacto da queda de venda de combustíveis, bem como desfrutar de seu crescimento.
Como ponto positivo, a reestruturação da empresa, desde que foi privatizada, vem ampliando as margens, ao cortar custos e racionalizar a compra e precificação dos produtos. Mas, para o BTG Pactual, isto é tudo, por ora. Os analistas confessam que têm dificuldades em enxergar atributos capazes de embutir um prêmio na avaliação da empresa.
Para eles, praticamente todos os ganhos de eficiência trazidos pela nova administração já estão precificados. Assim, o melhor para os investidores é deixar esses papéis de lado.