Hong Kong quer legalizar negociação cripto para se tornar hub
Hong Kong busca um regime regulatório mais amigável para as criptomoedas com um plano para legalizar as negociações entre investidores de varejo, em contraste com a postura cética da cidade nos últimos anos e a proibição em vigor na China continental.
Um programa de licenciamento obrigatório planejado para plataformas de criptoativos, que deve ser implementado em março do próximo ano, permitirá negociações por investidores pessoa física, de acordo com fontes a par do assunto, que pediram para não serem identificadas.
Reguladores querem permitir listagens de tokens de maior peso, mas não endossam criptomoedas específicas como Bitcoin ou Ether, disseram as pessoas, acrescentando que os detalhes e o cronograma ainda não foram finalizados, pois uma consulta pública deve ser feita primeiro.
A expectativa é a de que o governo dê mais detalhes de seu objetivo recentemente declarado de criar um importante hub cripto durante uma conferência de fintechs a partir de segunda-feira.
A iniciativa coincide com um esforço mais amplo para restaurar as credenciais de Hong Kong como centro financeiro após anos de turbulência política e restrições relacionadas à Covid, que provocaram uma fuga de talentos.
“Introduzir o licenciamento obrigatório em Hong Kong é apenas uma das coisas importantes que os reguladores precisam fazer”, disse Gary Tiu, diretor executivo da empresa cripto BC Technology Group. “Eles não podem ignorar para sempre as necessidades de investidores de varejo”.
Critérios de listagem
O próximo regime para listar tokens em bolsas provavelmente incluirá critérios como valor de mercado, liquidez e participação em índices de criptomoedas de terceiros, disseram as pessoas. A medida é semelhante à abordagem para produtos estruturados, como “warrants”, acrescentaram.
Um porta-voz da Comissão de Valores Mobiliários e Futuros de Hong Kong não quis comentar os detalhes da nova abordagem.
Reguladores em todo o mundo enfrentam o desafio de supervisionar o volátil setor de ativos digitais, que tenta se recuperar das perdas de US$ 2 trilhões desde o pico atingido em novembro de 2021.
Singapura, tradicional rival de Hong Kong no setor financeiro, foi atingida pelo colapso da indústria cripto e reforçou regras sobre ativos digitais para a negociação por investidores de varejo. No início da semana, Singapura propôs a proibição de compras alavancadas de tokens de varejo. A China declarou a maior parte da indústria de criptomoedas como ilegal há um ano.
Hong Kong tenta estruturar um regime cripto abrangente que vá além da negociação de tokens no varejo, disse Michel Lee, presidente executivo da consultoria em ativos digitais HashKey Group.
‘Expandir o ecossistema’
Ele citou versões tokenizadas de ações e títulos como um segmento potencialmente mais importante no futuro. “Apenas negociar ativos digitais por si só não é o objetivo”, disse Lee. “O objetivo é realmente expandir o ecossistema.”
Hong Kong costumava ser uma base para grandes “exchanges” cripto como Binance e FTX. Essas empresas foram atraídas por uma reputação “laissez faire” e laços estreitos com a China. Em 2018, a cidade introduziu um regime de licenciamento voluntário que restringia plataformas de criptomoedas a clientes com carteiras de pelo menos 8 milhões de dólares de Hong Kong (US$ 1 milhão).
Apenas duas empresas foram aprovadas para as licenças, BC Group e HashKey. O sinal de uma abordagem dura efetivamente afastou o negócio mais lucrativo voltado para o consumidor, o que levou a FTX a se mudar para as Bahamas no ano passado.
Permanecem dúvidas se o plano de Hong Kong para atrair empresas cripto de volta chegou tarde. Ainda não está claro, por exemplo, se investidores da China continental poderiam negociar tokens via Hong Kong.
Siga o Money Times no Instagram!
Conecte-se com o mercado e tenha acesso a conteúdos exclusivos sobre as notícias que enriquecem seu dia! Todo dia um resumo com o que foi importante no Minuto Money Times, entrevistas, lives e muito mais… Clique aqui e siga agora nosso perfil!