Internacional

Hong Kong: protestos obrigam presidente a discursar a portas fechadas

16 out 2019, 9:17 - atualizado em 16 out 2019, 9:17
Carrie Lam, líder-executiva de Hong Kong
Carrie Lam foi obrigada a abandonar o Parlamento e falar a portas-fechadas (Imagem: Paul Yeung/Bloomberg)

Deputados pró-democracia interromperam, nesta quarta-feira (16), o discurso político anual da chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, com assobios e cartazes de protestos. Carrie Lam foi obrigada a abandonar o Parlamento e falar a portas-fechadas,em um discurso transmitido pela televisão.

Fora do Parlamento, depois do discurso, um grupo de parlamentares improvisou uma entrevista coletiva, em que pediram a demissão de Carrie Lam, acusando-a de ter “sangue nas mãos” – uma alusão ao uso de força excessiva por parte da polícia para reprimir os manifestantes.

“As duas mãos dela estão ensopadas de sangue”, acusou a deputada da oposição Tanya Chan. “Esperamos que Carrie Lam se retire. Ela não tem capacidade de governar. Ela não é a pessoa adequada para chefe do executivo”, afirmaram.

“Ela é apenas uma marioneta comandada por Pequim”, disse a deputada Cláudia Mo. “Por favor, por favor, por favor, Carrie Lam, não nos deixe sofrer mais”, acrescentou.

O cenário de protestos e violência em Hong Kong já dura quatro meses. No foco das contestações está uma proposta de emenda à Lei de Extradição, que os manifestantes consideram perda de liberdade da região que é governada sob a fórmula “um país, dois sistemas” desde que Hong Kong, antiga colônia britânica, foi devolvida à China em 1997.

No início de setembro, o governo anunciou que iria retirar a Lei de Extradição da região administrativa especial chinesa. A suspensão da sessão no Parlamento fez com que a lei não fosse retirada formalmente.

Apesar dessa promessa de Lam, os manifestantes continuam a exigir que o governo responda a outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão de Lam e a eleição para o cargo e para o Parlamento.

“As pessoas perguntam: Hong Kong voltará ao normal?”, questionou Carrie Lam em seu discurso, apelando, em seguida, aos 7,5 milhões de cidadãos do território para “que valorizem a cidade”.

Prisões

A chefe do Executivo anunciou que “quaisquer atos que defendam a independência de Hong Kong e ameacem a soberania do país, os interesses de segurança e desenvolvimento não serão tolerados”.

“A contínua violência e a disseminação do ódio” vão “corroer os valores centrais de Hong Kong”, alertou Lam.

Ela anunciou várias medidas nas áreas de habitação e infraestrutura e disse que a crise da habitação é a questão mais urgente que a cidade enfrenta.

Em entrevista após o discurso, a chefe do Executivo ignorou os pedidos de renúncia e rejeitou duas das cinco exigências dos manifestantes. Na opinião de Lam, a libertação dos manifestantes detidos é ilegal, e a demanda por eleições está além do seu poder. .

“Apesar dos tempos agitados e das enormes dificuldades que Hong Kong enfrenta, acredito que se aderirmos rigorosamente ao princípio de ‘um país, dois sistemas’, seremos capazes de sair do impasse”, considerou Carrie Lam.

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